quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Reflexão - Dinamismo/Movimento

Átrio da EB 2/3 em Dia de Namorados - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Reflexão - Dinamismo/Movimento

Quem lê este blogue apercebe-se rapidamente que por detrás dele está uma pessoa dinâmica amante do movimento que esgrangalha por completo a pasmaceira do nada fazer, nada criar, nada arriscar, nada tentar numa repetição de gestos e rotinas anos a fios, anos a fio, sempre iguais, sempre iguais. Abomino gente pasmada. Então se acumularem esta característica com a moinice, bom, então isso, confesso, tira-me do sério. Perturba-me escutar aberrações, repetidas de geração em geração, do tipo "Ó professora, eu queria ser muito rico(a) para não fazer nada". Já ouvi estas pérolas tantas, tantas vezes! Confesso que não as entendo, confesso que para mim tal coisa seria um supremo pesadelo e por isso a minha filha cresceu com a resposta à pergunta "Ó mãe, tu não paras?" "Paro, quando morrer.". E confesso, aqui para nós que ninguém nos ouve, que me custará muito este parar... que se fará certamente à força e sob meu protesto. Também por isso a minha sobrinha Inês, entrando-me no facebook a horas mais do que tardias para quem tem aulas frequentemente ao primeiro tempo da manhã, à pergunta "Tu não dormes?" recebe como resposta um "Eheheh... durmo rápido!" e isto deve-se à consciência plena da vivência de apenas uma vida que tive, tenho, terei, por tempo indeterminado, e da urgência de a viver plenamente. Aflige-me olhar para pessoas saudáveis que estando vivas estão já mortas.
Quanto às instituições, a coisa processa-se exactamente da mesma forma porque as instituições são o reflexo das pessoas que as habitam e, se estão vivas e bem vivas de sangue vermelhinho na guelra, isso nota-se, também se notando o seu contrário. Considero que uma Escola onde nada mais se passa para além das aulas é uma instituição meia morta, pasmada até, um péssimo exemplo do que uma instituição deste género deve ser.
Tenho a sorte de trabalhar numa Escola onde muitos funcionários, alunos e professores se encarregam, todos os dias, de a fazer pulsar. Não são todos, claro, nunca são, mas os que a habitam, que não são desistentes, são em número suficiente e têm a força necessária para lhe imprimir uma dinâmica que jamais encontrei nas outras escolas por onde passei desde que iniciei a minha actividade lectiva, algures lá pelos anos oitenta. Apesar das dificuldades diárias, dos constrangimentos, das situações complexas que também as há, olho em volta e vejo alunos predominantemente felizes que saltam e correm e fazem partidas e jogam berlinde e participam voluntariamente em clubes que se prolongam para além dos seus horários e em projectos vários, e ajudam a montar exposições e cantam e dançam e tocam instrumentos vários e entram nas salas de aula de forma ordeira e adoptam, lá dentro, maioritariamente, posturas correctas que nos permitem quase sempre leccionar aulas como quem tem pela frente alunos universitários, do último ano, entenda-se! que são os mais maduros.
Por isso, neste aspecto, e não em outros... que fique bem claro que eu não gosto de não me fazer entender, sinto-me nesta escola, como peixinho dentro de água.
Estou viva. A minha escolinha também.

Nota - Este post tem tudo a ver com o post dedicado à Maria Adelaide que ontem enriqueceu enormemente a vida de alunos e professores da EB 2/3 de Amarante numa demonstração de Vida vivida de forma extraordinária, generosa, asseada, em que a bota condiz absolutamente com a perdigota. Mas este post terá tudo a ver também com o post que farei de seguida...

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