A Jarra de Flores da Sala de História - EB 2/3 de Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Este post feliz vem no seguimento deste outro, escrito em 2011 e dedicado à Dona Fernanda, que, infelizmente para todos nós que dela gostávamos, já não colabora com a EB 2/3 de Amarante.
Saída a Dona Fernanda, eis que nos chega ao pavilhão 4 a Dona Zulmira, funcionária de longa data deste estabelecimento de ensino com quem, por circunstâncias várias, nunca tinha contactado assim tão de perto, limitando-me durante todos estes anos aos cumprimentos e falares de cortesia.
Pois a Dona Zulmira, com a sua silhueta alta que faz questão de manter direita e na vertical, mantém igualmente uma postura enérgica, decidida, cortês, em certa medida de "generala sorridente"... que é um prazer encarar logo à entrada do pavilhão. Os miúdos têm sorte em tê-la por lá, eu também, até porque a Dona Zulmira continua a perpetuar gestos amorosos e sensíveis, comigo e com os meus alunos, e, a cada passo, a Dona Zulmira bate à porta da Sala de História e entra de jarra florida com flores cortadas pelas suas mãos que continuam a deixar a sala impregnada de odores fabulosos e adocicados que nos embalam posteriormente as matérias. Os meus alunos já repararam na delicadeza do gesto. Eu também. E todos nós aproveitamos para a observar, por breves momentos, colocando a jarra no seu pedestal, escolhendo o lado mais bonito das flores, para sair logo de seguida tão rapidamente quanto entrou. É um momento único de aprendizagem de matérias que não vêm no livro nem nos PowerPoints de História e que são tão importantes, porque exemplares no gesto carinhoso e cuidado, para a vida futura desta minha gente em formação.
A Escola, que se quer completa, tem de ser feita destes pequenos gestos que custam zero, as flores são colhidas no jardim da EB 2/3 de Amarante ou no jardim da Dona Zulmira, gestos pequenos mas tão grandes que fazem toda a diferença entre uma escola mecânica e impessoal e uma Escola com Alma.
A Dona Zulmira podia ter chegado ao Pavilhão 4 e ter-se marimbado na jarra da Sala de História, é certo. Mas não marimbou... e isso fez/faz toda a diferença.
Obrigada, Dona Zulmira, por nos alegrar e aquecer os dias de trabalho na escolinha.
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