segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

A Palavra a Souto Moura - Uma Outra Ideia para Ampliação do Mercado de Amarante

Mercado de Bruges no Coração da Cidade
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

A Palavra a Souto Moura - Uma Outra Ideia para Ampliação do Mercado de Amarante que, Não Por Acaso, Também É a Minha

Na apresentação da sua ideia para a ampliação do Mercado de Amarante e consequente intervenção na Alameda Teixeira de Pascoaes, o arquitecto Eduardo Souto Moura, de quem sou admiradora por gostar, e muito!, de muita da sua obra, afirmou que não há muito a fazer na zona em que lhe pediram uma intervenção já que a zona está muitíssimo condicionada pela topografia existente, eu diria até, pela topografia impossível existente.
Mas o arquitecto Souto Moura apontou um outro caminho que não o da intervenção, de buldozer, termo meu já que a pretensão apresentada para a Alameda é, do meu ponto de vista, desrespeitadora do sítio, da memória e da identidade Amarantina ao pretender intervir em local que nunca incomodou quem quer que fosse por aqui e que é, pelo contrário, imagem de marca Amarantina, verdadeiro ex-libris, milhares e milhares de vezes fotografado por autóctones, nacionais e internacionais que, tanto quanto me consta!!!, nunca se sentiram incomodados pela volumetria do muro que sustenta a Alameda... nem pela volumetria do muro contíguo e que sustenta a Praça de S. Gonçalo... já agora!
Aliás, o que mais ouço - já que percorro o centro da cidade de lés a lés e a pé! - são exclamações de espanto em múltiplas línguas e múltiplos sotaques, face à beleza deste centro histórico que é, verdadeiramente, uma pequena/grande jóia,

Eduardo Souto Moura apresentou o exemplo do assumido Mercado de Verona que se realiza na principal praça de Verona e até apresentou fotografias suas do dito mercado em funcionamento.

E eu, farta de os ver funcionar, aos mercados, nas praças mais nucleares das cidades e vilas por essa Europa fora... para não falar de outros continentes!, vou apresentar-vos o exemplo do maravilhoso mercado de Bruges.
Para quem não sabe, Bruges é uma cidade belga, capital da província da Flandres Ocidental, também conhecida pelo cognome de Veneza do Norte, tal a quantidade de canais que sulcam a cidade medieval, classificada como Património Mundial pela UNESCO, dada a sua importância patrimonial e cultural no contexto belga, europeu, mundial.
Pois esta especialíssima cidade tem um mercado que acontece todas as quartas-feiras e que se realiza somente na sua principal praça, a Grote Markt, coração da cidade desde o século X e que é uma verdadeira pérola medieval. O mercado realiza-se às quartas-feiras e aí vendem-se frutas, comidas variadas, queijos e outros produtos que as gentes da terra assumem e negoceiam em barraquinhas atraentes e, presumo, organizadas pela câmara municipal local.
A praça, que eu conheço precisamente em dia de mercado, esta dica faz mesmo parte de qualquer roteiro turístico! - Visite Bruges preferencialmente às quartas que tem o bónus do mercado na Grote Markt - funciona que é uma beleza, com muita gente local e muitos turistas que deambulam e se encontram e compram! os produtos locais, e não só!, que por ali são vendidos.

O mercado de Amarante está a esbordar pelas costuras? Está! É preciso reorganizá-lo? É!
Sugiro então que escutem atentamente as palavras de Souto Moura, de caminho podem ler as minhas, copiem o que de bem se faz lá fora, e recuperem a feira de S. Gonçalo, realizada em pleno largo, tal como aliás já se faz, e bem!, com a de velharias.
Claro que não me ocorre passar para o Largo de S. Gonçalo as peixarias existentes no mercado... mas o pão tão variado que felizmente temos, os bolos e a doçaria típica, os enchidos, as flores, a cestaria tão típica da zona, a loiça de barro e afins... e fazerem uma campanha turística bem feita com a recuperação da feira que já existiu ali mesmo naquele espaço... é que era um golaço bem metido pela autarquia local! E, pelo caminho, os recursos públicos que eram poupados não eram, de todo! negligenciáveis!!! Ou eram/são?

Nota - Podia apresentar muitos outros exemplos mais, mas penso que um já chegará. É um dos muitos exemplos do que acabo de defender para Amarante que vi com os meus olhos e fotografei com a minha máquina por esse mundo fora... mesmo sem saber que um dia precisaria destes exemplos para combater um atentado patrimonial em gestação.
E claro, quem diz Largo de S. Gonçalo diz, depois das alterações adequadas, a Alameda Teixeira de Pascoaes, onde, de resto, a feira também já se realizou.

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