sexta-feira, 13 de julho de 2007


Amigos - Espinho - Portugal
Fotografias de José Ismael Queirós

Amigos - Amman - Jordânia
Fotografia de um de nós

Os Amigos

Por muito que apreciemos o isolamento e o silêncio a verdade é que somos seres sociais e não adianta tentar contrariar esta premissa.
A nossa socialização inicia-se mesmo antes do nosso nascimento, quando ainda estamos dentro da nossa primeira casota, quando ainda estamos dentro da barriga da nossa mãe. Muito embora não conservemos memórias desse período beneficiamos do estado de espírito, do ambiente e do tipo de relacionamento existente entre os nossos pais. A nossa socialização acentua-se após o nascimento e durante a infância têm muita importância os nossos primeiros amiguinhos e amiguinhas, primos e primas, irmãos e irmãs com quem nós aprendemos e interiorizamos as primeiras noções de partilha, de afeição, de apoio, de companheirismo, de brincadeira... de amizade. Mesmo se não conseguimos ter plena consciência disto, o crescimento vai-se fazendo no sentido da aprendizagem, convivência e aceitação dos outros. Na adolescência ganha-se consciência de tudo isto e o grupo passa a desempenhar um papel importantíssimo na vida de cada um de nós. Foi exactamente o que aconteceu comigo. A partir do início da adolescência passei a deslocar-me em bandos normalmente extensos e numerosos e a sentir-me um zero à esquerda sem os meus amigos que ganharam, na minha vida, uma importância enormesca e surpreendente. Tudo era feito em grupo: íamos ao café em grupo, passeávamos a pé ou de mota em grupo, íamos ao cinema em grupo, íamos para o rio em grupo... até namorávamos em grupo! Engraçado porque vários relacionamentos dessa época acabaram em casamento e ainda perduram...
Mas as prioridades vão-se alterando, ao longo da nossa vida, relativamente aos amigos. Fundamos famílias e os filhos passam a encher-nos a alma. Os amigos continuam lá, mas às vezes votados ao limbo. E deixamos de andar em grupo. Ou não! Por mim continuo ainda hoje a gostar de andar em bando... mas confesso que só às vezes! No tempo restante preciso do recolhimento e silêncio da Barca. Não teria pachorra para a intensa vida de grupo que tive dos catorze aos vinte anos. Mas também confesso que fico com saudades da convivência sã entre o meu grupo de amigos e dos programas que engendro para tornar alguns dias das nossas vidas dias bem diferentes e especiais. E já está mais um na forja para Setembro que agora anda tudo despassarado, uns já de férias, outros com muito que fazer. Lá teremos que aguardar mais um pouco!
Chegados a este ponto convém distinguir os "amigos" dos Amigos. E os Amigos são aqueles que contam mesmo se não nos encontramos todos os dias ou se falamos uns com os outros quando o rei faz anos! E, muito importante, são aqueles que nos apoiam, e nos abraçam, e estão ao pé de nós na hora das derrotas, na hora das perdas. Porque apoiar na hora das vitórias é canja e não tem o mesmo sabor, a mesma dificuldade.
É claro que com a idade se passa a ser mais tolerante com os erros dos nossos amigos, até porque tomamos mais consciência dos nossos próprios erros. Deixámos a fasquia elevadíssima para trás e tomamos consciência de que não há amigos perfeitos.
Os amigos são exactamente o que nós somos... pessoas muito imperfeitas!

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