quinta-feira, 16 de agosto de 2007

António Araújo


Praia de Nouakchott - Mauritânia
Fotografias de Artur Matias de Magalhães

António Araújo

Acabadinha de chegar do Porto cheguei a casa de espírito alimentado. Vim praticamente todo o caminho a escutar a TSF, no caso uma interessante reportagem sobre a Mauritânia, a propósito do último Lisboa-Dakar. Escutei, ou melhor, bebi, com toda a atenção, as informações que foram sendo passadas sobre a mítica prova que eu amaria fazer, sobre Nouadibou e Nouakchott, sobre a lixeira e as cabras nas ruas destas cidades, sobre o trânsito decrépito na capital, sobre a região de Attar e a célebre cidade de seu nome Chinguetti, Património Mundial da Humanidade, com as suas vastas bibliotecas de manuscritos guardados há centenas e centenas de anos, sobre o comboio mais pesado, mais lento e mais comprido do mundo e que chega a ter quase 3 Km de vagões, sobre os seus vinte mil turistas ao ano numa extensão quase do tamanho da França e quase toda de deserto, sobre a situação política após o último golpe de estado de há dois anos, sobre a esperança de vida que ronda os cinquenta anos por estas bandas, sobre o facto da Mauritânia ser um dos países mais pobres do mundo... e sobre o Parque Nacional do Banco de Arguim onde se encontra o biólogo português António Araújo. Já falei, algures neste blogue, deste indivíduo com quem mantenho contactos via e-mail há já uns dois anos ou talvez um pouco mais. Às vezes até contactos telefónicos para tirar uma ou outra dúvida.
Cheguei ao António através do meu amigo de infância, Frederico Silva, que trabalha na Embaixada de Portugal em Bissau e que mo recomendou como sendo uma pessoa espectacular. "Diz-lhe que és minha amiga! Olha que ele é impecável!"
Posteriormente comprovei que o mundo é mesmo muito pequeno quando, em conversa, descobri que o Paulo Fontoura e o Paulo Abreu, igualmente meus amigos de infância, também o conheceram algures ao longo dos seus percursos de vida em circunstâncias completamente diferentes - o primeiro em Lisboa, numa reunião entre biólogos ou uma coisa no género, o segundo na Guiné, mais concretamente em Buba.
Quanto a mim nunca vi o António, nem mesmo quando estive na Mauritânia. Nem mesmo quando o nosso jeep teve os problemas mecânicos que teve... não gosto de incomodar as pessoas com chatices desnecessárias que podem ser resolvidas... e ao contar-lhe as minhas peripécias lá me perguntou ele "Por que não me ligaste? Tinhas todos os meus contactos!!!"

Pois é António, eu chegarei ao Parque, aí pelo mês de Dezembro, talvez pela passagem de ano, para a comemorar, de forma diferente, no meio da passarada que aí se abriga dos rigores do Inverno europeu! E chegarei bem, espero que sem problemas mecânicos, pela "Estrada da Praia" que é um desejo/sonho ainda por cumprir.
Mas hoje tive o grande prazer de te ouvir a voz pela primeira vez claramente e sem ruídos telefónicos e vim encantada a escutar uma voz quente e calorosa que me cheirou a acolhimento em pleno deserto... melhor ainda, que me cheirou a acolhimento no deserto sem nunca perder de vista o mar!

E lá vou eu rumo ao Norte!

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