Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Decepção - Dores de Cabeça
Hoje foi tempo de ficar deveras decepcionada com duas das minhas turmas de 9º ano. E passo a relatar o "Acontecimento".
Um grupo de alunos de 12º ano, no âmbito de Área de Projecto, organizou uma palestra subordinada ao tema "Sexualidade na Adolescência" que visou o esclarecimento de comportamentos assertivos ligados à sexualidade, importância dos métodos anticoncepcionais e doenças sexualmente transmissíveis. Esta palestra foi orientada por uma médica e uma enfermeira do posto médico local.
A palestra não começou da melhor forma, já que era para ser no auditório do pavilhão B, mas como estamos sem luz, já há uns dias, em alguns sectores de alguns pavilhões, teve de ser mudada para a sala multimédia do pavilhão C, bastante mais pequena. Este foi o primeiro contratempo que implicou mudança das tralhas. Lá chegados a sala estava ocupada com outra actividade o que implicou que os que já lá estavam, por serem menos, mudassem de sala. E este foi o segundo contratempo. Depois os lugares não chegavam para as três turmas presentes e foi preciso improvisar assentos. E este foi o terceiro contratempo. Mas lá se arranjou tudo da melhor maneira que com boa vontade tudo se resolve.
E lá comecei eu, com o meu olhar de lince, a ver comportamentos pouco apropriados para dentro duma sala de aulas. Cá à frente uma menina de uma turma que não é minha, enviava mensagens pelo telemóvel. Fui ao pé dela lembrar-lhe que estava numa sala de aula e como tal não podia usar o dito. Outros mascavam ostensivamente pastilhas elásticas. Alguns dos meus alunos incluídos. Fiz um aviso geral às turmas presentes e relembrei-os que dentro da sala de aulas não se pode estar de pastilhas com os maxilares a dar a dar, para cima e para baixo. Lá se levantaram uns quantos e resolveram o problema.
E a palestra começou. Não tardou o barulho a adensar-se. Fala com este daqui, deixa cair não sei o quê acolá, apanha não sei o quê daqui, faz rolinhos com os panfletos da palestra acolá, enfia-os nos carapuços dos da frente... e o barulho a adensar-se. E eu a mandá-los calar do fundo da sala. E o barulho a adensar-se. E a minha irritação a aumentar e a minha paciência a esgotar-se.
Pedi desculpa à médica pela minha interrupção relembrando aos alunos que estavam perante gente estranha e externa à ESA, que deveria ser respeitada, que estavam ali para aprender e que se falassem todos ao mesmo tempo ninguém iria ouvir nada do que estava a ser dito, não iriam aprender nada de nada, e que a imagem que estavam a dar dos alunos desta escola não era de todo a melhor e, de modo algum, educada e respeitadora.
Sossegaram, mas não tardou meia hora e o barulho de novo a adensar-se. E eu cada vez mais irritada e as dores de cabeça a instalarem-se, enormes, na minha cabeça. E lá continuava eu com os xuuuuus, mais parecendo que estava dentro de um galinheiro, quiçá a chamar galinhas. E as restantes professoras igual.
Se há coisa que me tira do sério é esta indisciplina que se propaga entre alunos como uma epidemia, o falatório para o lado, para trás ou para a frente, o constante remexer de posição, o alarido, numa falta de respeito atroz por pessoas que eles, neste caso, nem conheciam de lado nenhum. Numa falta de respeito atroz pelos seus professores, pelos seus colegas.
Hoje foi tempo de ficar deveras decepcionada com duas das minhas turmas de 9º ano. E passo a relatar o "Acontecimento".
Um grupo de alunos de 12º ano, no âmbito de Área de Projecto, organizou uma palestra subordinada ao tema "Sexualidade na Adolescência" que visou o esclarecimento de comportamentos assertivos ligados à sexualidade, importância dos métodos anticoncepcionais e doenças sexualmente transmissíveis. Esta palestra foi orientada por uma médica e uma enfermeira do posto médico local.
A palestra não começou da melhor forma, já que era para ser no auditório do pavilhão B, mas como estamos sem luz, já há uns dias, em alguns sectores de alguns pavilhões, teve de ser mudada para a sala multimédia do pavilhão C, bastante mais pequena. Este foi o primeiro contratempo que implicou mudança das tralhas. Lá chegados a sala estava ocupada com outra actividade o que implicou que os que já lá estavam, por serem menos, mudassem de sala. E este foi o segundo contratempo. Depois os lugares não chegavam para as três turmas presentes e foi preciso improvisar assentos. E este foi o terceiro contratempo. Mas lá se arranjou tudo da melhor maneira que com boa vontade tudo se resolve.
E lá comecei eu, com o meu olhar de lince, a ver comportamentos pouco apropriados para dentro duma sala de aulas. Cá à frente uma menina de uma turma que não é minha, enviava mensagens pelo telemóvel. Fui ao pé dela lembrar-lhe que estava numa sala de aula e como tal não podia usar o dito. Outros mascavam ostensivamente pastilhas elásticas. Alguns dos meus alunos incluídos. Fiz um aviso geral às turmas presentes e relembrei-os que dentro da sala de aulas não se pode estar de pastilhas com os maxilares a dar a dar, para cima e para baixo. Lá se levantaram uns quantos e resolveram o problema.
E a palestra começou. Não tardou o barulho a adensar-se. Fala com este daqui, deixa cair não sei o quê acolá, apanha não sei o quê daqui, faz rolinhos com os panfletos da palestra acolá, enfia-os nos carapuços dos da frente... e o barulho a adensar-se. E eu a mandá-los calar do fundo da sala. E o barulho a adensar-se. E a minha irritação a aumentar e a minha paciência a esgotar-se.
Pedi desculpa à médica pela minha interrupção relembrando aos alunos que estavam perante gente estranha e externa à ESA, que deveria ser respeitada, que estavam ali para aprender e que se falassem todos ao mesmo tempo ninguém iria ouvir nada do que estava a ser dito, não iriam aprender nada de nada, e que a imagem que estavam a dar dos alunos desta escola não era de todo a melhor e, de modo algum, educada e respeitadora.
Sossegaram, mas não tardou meia hora e o barulho de novo a adensar-se. E eu cada vez mais irritada e as dores de cabeça a instalarem-se, enormes, na minha cabeça. E lá continuava eu com os xuuuuus, mais parecendo que estava dentro de um galinheiro, quiçá a chamar galinhas. E as restantes professoras igual.
Se há coisa que me tira do sério é esta indisciplina que se propaga entre alunos como uma epidemia, o falatório para o lado, para trás ou para a frente, o constante remexer de posição, o alarido, numa falta de respeito atroz por pessoas que eles, neste caso, nem conheciam de lado nenhum. Numa falta de respeito atroz pelos seus professores, pelos seus colegas.
Ao toque para fora nem esperaram que a pessoa que estava a falar acabasse e, numa atitude de nem sei o quê, muitos deles deixaram os desdobráveis informativos em cima dos acentos das cadeiras. Decepcionante comportamento. Não foi assim que os ensinei. Tenho a certeza que não foi assim que os outros professores presentes naquela sala os ensinaram. Tenho até a certeza que não foi assim que os seus pais os ensinaram.
Certo. Podem-me dizer que já sabiam tudo o que lá foi explicado. Certo. Podem até dizer-me que acharam uma seca. Mesmo assim. Em nenhuma circunstância se abdica da boa educação.
Chegada a casa foi tempo de me queixar, de tomar duas pastilhas para as dores de cabeça deveras incomodativas, que eu ainda vou ter aulas de tarde, e foi tempo do Artur abrir a boca até às orelhas. "O quê? As tuas turmas de 9º ano?" Pois, até ele ficou espantadíssimo... pela negativa, claro, ele que está habituado a ouvir cá em casa os meus gabanços àquelas turmas que se comportam como verdadeiros estudantes universitários de antigamente!
E aqui estou eu, com uma valente dor de cabeça, irritadíssima com eles. Felizmente só os voltarei a apanhar na sala de aula na próxima segunda-feira. Assim terei tempo de pensar o que vou fazer a seguir.
Porque uma coisa é certa. Isto não deve e não pode ficar assim. Não pactuo com a falta de educação que se propagou que nem uma doença contagiosa dentro daquele auditório.
Certo. Podem-me dizer que já sabiam tudo o que lá foi explicado. Certo. Podem até dizer-me que acharam uma seca. Mesmo assim. Em nenhuma circunstância se abdica da boa educação.
Chegada a casa foi tempo de me queixar, de tomar duas pastilhas para as dores de cabeça deveras incomodativas, que eu ainda vou ter aulas de tarde, e foi tempo do Artur abrir a boca até às orelhas. "O quê? As tuas turmas de 9º ano?" Pois, até ele ficou espantadíssimo... pela negativa, claro, ele que está habituado a ouvir cá em casa os meus gabanços àquelas turmas que se comportam como verdadeiros estudantes universitários de antigamente!
E aqui estou eu, com uma valente dor de cabeça, irritadíssima com eles. Felizmente só os voltarei a apanhar na sala de aula na próxima segunda-feira. Assim terei tempo de pensar o que vou fazer a seguir.
Porque uma coisa é certa. Isto não deve e não pode ficar assim. Não pactuo com a falta de educação que se propagou que nem uma doença contagiosa dentro daquele auditório.
Só espero que amanhã os meus serralheiros de 2º ano não sejam igualmente uma decepção durante a visita de estudo que me fará andar o dia todo à volta deles.
É. Os professores são uns malandros! E têm uma vida fácil, fácil!
13 comentários:
Ainda bem que eu não apareço nas fotos...se aparecesse a stora ia ter que pagar direitos de autor! lol
Só isso, Camões?
Foi um momento menos feliz, tenho a certeza, das turmas do 9º ano.
2ª feira tudo ficará esclarecido. E é bom que sintam o nosso desagrado.
Infelizmente vamos, de quando em vez, passando por situações dessas.
Estou de acordo com a Anabela:
Só isso, Camões?
Eu sei, eu sei... eu sei que não tenho nada com isso, Camões, mas foi só para sublinhar.
Boa visita de estudo com os seus "serralheiros".
Obrigada, Raul, pelo teu apoio.
Ainda estou para perceber o que os fez perderem por completo as estribeiras. Mas decerto na segunda-feira já saberei a resposta.
Que errem. Tudo bem. Mas que aprendam com os erros. "Tudo bem", se assim foi.
Parabéns, Anabela! Não desistes de ser professora e bem sei que os alunos andam muito agitados, deve ser da Primavera. estou certo que eles te pedirão desculpa! Até porque sabem que tu levas as coisas muito a sério e acredito que as tuas dores de cabeça, os levarão a reflectir.
É assim ser professor, há dias maus!
Mas eu sei que tu não desistes e que eles vão aprender... foi um mau dia, mas os teus alunos dos quais tanto te orgulhas ainda te farão muito feliz! Força Professora!
Obrigada, Helder.
Há dias assim e melhores dias virão. Tenho a certeza.
E no comentário anterior deverá ler-se "o que os fez perder". Assim é que é.
Anabela,
Depois do dia de ontem
não resisto ás musicas “insosas” e
acho que também estás a presisar:
Múm "Green Grass of Tunnel"
(são islandeses)
Até mais….
Bem, uma das pessoas que estava com pastilha elastica... Era eu! :/
Em relaçao, ao barulho... Sim, de facto haviam alturas em que não se conseguia perceber nada do que diziam...Falava tudo ao mesmo tempo!
Mas se calhar, foi sempre assim... Sempre que ha alguma coisa diferente, toda a gente fala, nao devia era ser assim!
Eu e Ana, estivemos penso que sempre caladas, mas haviam alturas em que olhavamos uma para a outra, e davamos um sorriso, porque mesmo a nossa frente estavam sempre a dizer piadas!
Da minha parte, peço desculpa por alguma coisa!
Desculpem o atraso da resposta...
Mas eu só disse aquilo porque não gosto de recordar os momentos infelizes!
Olá Tânia.
Na segunda-feira vamos falar sobre tudo o que aconteceu, ok?
Bjs
Ninguém gosta, Camões, ninguém gosta. E a verdade é que os momentos infelizes fazem parte da história de qualquer um de nós.
Falaremos também sobre isto na segunda-feira.
Bjs
Pois...quanto a isso...não vou gostar de recordar!=(
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