domingo, 6 de abril de 2008


Luz - Chefchaouen - Rift - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Maria Carvalho

Hoje transcrevo, com autorização da autora, um belíssimo texto da Maria, minha aluna do 9º F, e para ela deixo só estas singelas palavras que ela vai entender:

Corre, Maria, corre!

A Angústia

Na austeridade da manhã sublime, ela corre.
Corre e sente a brisa suave na face, abraça o som do nada.
Agora, abranda. Abranda e pára.
A angústia apoderou-se da sua frágil alma. Perdeu o sentido correr. Porquê correr? Não tem destino ou objectivo.
A pouco e pouco é dominada pelo desespero. Tudo na vida perdeu o sentido. Não encontra razões para nada sem serem as razões criadas por si mesmas.
Um nó na garganta faz com que as lágrimas desçam pelos seus olhos. Ah, a angústia! Outra vez a maldita falta de razões.
Com a sua expressão quase catatónica, olha-se ao espelho e segue a sua lágrima até ao chão.
A música surge distante e aquela nota aguda é a facada no coração que destrói o seu estado catatónico e faz rasgar o sofrimento na sua cara.
A angústia cresce ao mesmo tempo que a satisfação aparece.
Aos poucos, a música embala-a e ela deixa-se seduzir pelo melodioso transe...
O amargo e doce lacrimejar da sua alma preencheu a falta de nexo da existência.
Ao fundo, está agora uma luz: um motivo para correr.
Por isso, corre.

Maria Carvalho

5 comentários:

Vera Matias disse...

O problema é que essa angústia é longa e a luz demora muito a aparecer.

Texto Excelente :)

Anabela Magalhães disse...

Sim, Vera, por vezes acontece. A adolescência, e eu não me esqueci da minha, é feita de sobressaltos, de avanços e recuos, de dúvidas e de certezas, de angústias e de luzes, de descobertas e é isso que a torna bela, é isso que torna belo o crescimento. Saboreia-o. Tu, a Maria, o Pi, o Camões, a Dianita, o JP, o Gonçalo e todos os outros que costumam passar por aqui sem deixar rasto. Tudo o que enumerei anteriormente não termina com a adolescência, simplesmente torna-se diferente.

Pi disse...

Obrigado pelo esclarecimento mas como angústia não é comigo deispenso o esclarecimento.
Mas é de louvar a sua atitude

Anabela Magalhães disse...

Dispensa a angústia, não dispenses o esclarecimento.
Ah, e angústia também faz não muito o meu género!!!!
Beijocas

Anabela Magalhães disse...

É claro que no comentário anterior se deve ler "também não faz muito o meu género".

 
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