terça-feira, 14 de junho de 2011

Expectativas


Marionetas Reflectidas em Espelho
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Expectativas

Algumas, relativamente ao novo governo que, espero sinceramente, governe. Porque farta de desgovernos estou eu. Confesso que as minhas expectativas residem, essencialmente, na rédea curta concedida pela Troika, na vigilância cerrada pelo cumprimento do acordo celebrado.
Por uma lado lamento a vinda da Troika, dos estrangeiros que nos passam a todos um atestado de mediocridade sem tamanho. Portugal, fruto dos erros de tantos que durante estes anos desgovernaram o país sem o conseguirem meter de novo nos eixos, foi ao tapete pelas mãos de um indivíduo que me vou abster de qualificar, sob pena de levar com um processo em cima.
Assim, a vinda da Troika foi inevitável para que o país pudesse continuar a funcionar. Não havia já dinheiro para salários, despesas correntes... não havia massa, pilim, carcanhol, guita... o que lhe quiserem chamar... e por isso, quando ouço os políticos ditos de esquerda a tomarem posição contra a vinda destes indivíduos, só posso lamentar a demagogia e a irresponsabilidade acrescida à demagogia e irresponsabilidade da desgovernação que nos atirou para o buraco muito fundo em que nos encontramos.
Se por um lado assisti envergonhada à vinda dos homens da Troika, por outro lado vi com bons olhos e até muito alívio a perda de poder efectivo de Sócrates e do seu ministro das Finanças. Eu disse do seu, porque de facto ele não foi nosso. Finalmente. Alguém tinha de pôr cobro ao descalabro.
É um facto que estamos na situação em que estamos essencialmente por nossa culpa e não por culpa dos outros. Ninguém nos obrigou a gastar sem rei nem roque, estapafurdiamente, ninguém nos apontou uma arma à cabeça, a particulares e a desgovernantes, que a culpa disto é colectiva.
Então o que nos resta fazer, de agora em diante? Pois trabalhar mais e melhor para pagar os calotes. E impedir por todos os meios que não se repita uma desgovernança tal como a conhecemos, escandalosa, nestes últimos seis anos e meio de fartar vilanagem.
Permanecemos atentos e vigilantes. É o mínimo que se pode esperar de um povo minimamente escorreito e civilizado.
Por isso aguardo com alguma expectativa os nomes das pessoas que integrarão o novo governo. Espero que todos estejam à altura do momento difícil que hoje atravessamos. Eles e nós, nós e eles.

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