quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Grécia a Ferro e Fogo


Grupo Laocoonte, c. de 50 a.C. - Atenas - Grécia
Fotografia de Renato Pinto 

A Grécia a Ferro e Fogo

O novo plano de austeridade foi aprovado, esta quarta-feira, pelo parlamento grego, enquanto nas ruas vive-se o caos.
Quero só relembrar que a Grécia situa-se no continente europeu, integra a UE e faz parte da família que adoptou o Euro. As cenas de violência hoje transmitidas a partir do solo do velho continente, e ainda a procissão vai no adro, eram impensáveis há apenas meia dúzia de anos, se tanto, e não deixam de me provocar arrepios e calafrios que eu desejaria não sentir por esta altura de Verão que já vai/está horribilis.
Olho para o Mediterrâneo, berço de civilizações imponentes que soçobraram, exaustas, na preguiça, no laxismo, na corrupção, nos jogos de poder e não posso deixar de pensar que estou a assistir ao início dos dias do fim e que a História, salvo as devidas diferenças de pormenor e de contexto temporal, repete-se.
A festa acabou, definitivamente acabou, e agora sobram apenas as contas, muito dolorosas, que terão de ser pagas.
Entretanto o Sul da Europa magrebiza-se a olhos visto - a pobreza alastra, a precariedade também, a protecção social já foi chão que deu muitas uvas, os meses esticam sem fim à vista, e sobram, enquanto os rendimentos mingam como peças de linho novas metidas em água fria, da ribeira, água fria que o sol aqueceu...
Como acabará esta história? Muito mal?

Nota - Clique aqui para aceder a uma impressionante galeria de fotos do caos e violência de Atenas.

2 comentários:

Elenáro disse...

Por acaso também já tinha pensado nisso, Anabela. Até já tinha comentado isso com alguns amigos meus.

A civilização euro-atlântica está a dar as últimas. Está uma era a terminar e nós vamos ter o desprazer de viver nela.

Resta saber o que tomará o lugar desta.

Anabela Magalhães disse...

A magrebização do Sul da Europa é notória e não é por culpa dos povos do Norte de África porque a culpa é mesmo nossa. Cavámos a nossa sepultura seguindo as instruções dos nossos políticos incompetentes, copiando-lhes os tiques, fazendo péssimas escolhas na hora em que as urnas mandam.
Dizia Jorge Sampaio, esse coveiro de Portugal, "Há mais vida para além do défice". Pois, agora vê-se a vida que há.
Lá fora é igual ao litro.
Confesso-te que estou assustada. Porque se não resolvermos isto esta civilização vai pegar fogo. Aliás já está a arder pelas pontas. O que mais me assusta é saber que estas transições de ordens velhas para outras coisas, quaisquer que elas sejam, não se costumam fazer sem enormes violências. Estou apreensiva. E assustada. :(
A ver vamos no que isto dá, Elenáro. Mas a degradação está a ser muito rápida...
Beijinhos

 
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