Uma Janela Para o Meu Mundo - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
A Praça, que para mim continua e continuará a ter o nome do Santo que apenas é beato, apesar de oficialmente se chamar Praça da República, foi, é e será O Meu Umbigo e, por certo, a Praça terá essa condição entre qualquer amarantino que se preze das suas origens, das suas raízes.
Nascida na freguesia de S. Gonçalo, as minhas origens entroncam com as histórias maravilhosas e milagreiras que rodeiam a vida do Santo, as histórias do rio, por vezes tenebrosas de afogados sem fim, mas também as recordações poderosas e quentes de mergulhos nas suas águas de cheiro inconfundível a rio, as histórias e o contacto com as suas gentes castiças e únicas, Pácha, Quianho, Caché, Zé dos Patos, Quinzinho da Cerca, Catarino... isto para não falar das gentes eruditas que esta terra já brotou em abundância, de forma generosa e sem explicação... ou terá?
Seja como for, une-nos a todos a Praça de S. Gonçalo, coração da cidade, onde ao Domingo, na igreja do mesmo nome, se celebra a missa dominical.
Confesso que não a frequento, à missa dominical, nem tal faria sentido, mas frequento a Praça também conhecida por Largo e nunca me canso de lhe admirar os contornos nobres e clericais, mas também populares, numa simbiose muito próxima da perfeição. Olho-a e volto a olhá-la, frequentadora dela desde que me lembro, quase há 50 anos, e continuo a surpreender-me pela sua beleza, pelo seu equilíbrio, pela sua afluência, hoje cosmopolita como o raio que a parta, em dia de sol quase a rodos, iluminando uma praça cheia de vida, de gente que chega, que parte, que se encontra, amarantinos, portugueses outros, estrangeiros em grande número, um cigano a tocar concertina... fecho os olhos e esqueço-me das dificuldades e pobreza crescentes do/no meu país e transporto-me para as melhores praças de Paris ou de Itália, buliçosas e dignas até dizer chega em estações de mais desafogo.
Hoje foi tempo de recarregar baterias. Por vezes recarrego-as assim. Apenas pelo preço de um belíssimo café curto, tomado no meu umbigo, banhado e aquecido pelo sol.
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