Apontamentos a Ouro - Igreja de S. Domingos - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Hoje vou falar de uma prática que treinei q.b. nos meus tempos de estudante e que é a prática de tirar apontamentos. Não o fazia a todas as disciplinas e havia professores que nos proibiam mesmo a sua prática sistemática, exigindo apenas a nossa máxima atenção, olhos e ouvidos bem alertas, neurónios no máximo da sua actividade para contrapor, para questionar, para contra-argumentar deixando tirar apontamentos apenas de forma muito pontual, um esclarecimento aqui, uma explicitação ali para aclarar um ou outro aspecto, uma ou outra ideia e esse era o caso de uma das professoras mais influentes na minha vida pessoal e profissional e que, para mim, ainda hoje, é um modelo a seguir em dedicação à Causa Pública, em profissionalismo, em rigor e empenhamento extremo, a Professora Maria Emília Barros, minha querida e muito especial professora de Português, de Psicologia e de Filosofia durante anos a fio e da qual já falei neste blogue. Não sei se a prática de tirar apontamentos terá caído em desuso em contexto de sala de aula e também reconheço que esta prática será mais pertinente numas disciplinas do que noutras, será mais pertinente num tipo de aulas do que noutros. Nas minhas aulas os alunos não tiram apontamentos de forma sistemática exigindo eu "apenas" máxima atenção e colaboração para que a aula flua entre nós, intervenientes a cada 90 minutos, eles e eu, eu e eles, tendo eu dado a ordem de colocação de dúvidas sempre que elas se colocam porque é minha obrigação, enquanto professora, esclarecer, explicar tudo tudinho até me fazer entender, se não for assim terá de ser assado, porque, tal como eu lhes digo, não quero ninguém a chatear os pais em casa com pedidos de explicação acerca das matérias abordadas nas aulas pois isso é da minha jurisdição e não da deles, o que não quer dizer que eles não possam e não devam até dar uma excelente ajuda nesta caminhada, que se quer feliz, em direcção à meta.
Mas eis que chegam as palestras e as visitas de estudo, tão do meu agrado, e que pratico amiúde com os meus alunos sócios do Clube de História. "Meninos, não se esqueçam, máxima educação! Temos de deixar atrás de nós uma excelente imagem da Nossa Escola. Não se esqueçam de trazer/levar um bloquinho de notas para registarem uma ou outra informação importante que depois vos servirá para elaborarem um trabalho escrito sobre a actividade em causa."
Confesso que sou uma melga... mas uma melga simpática. Exijo deles comportamentos ao que parece "estranhos" que parecem ter já caído em desuso e que parecem não ser muito praticados talvez porque estão já demodés. Mas eu, criada no tempo da outra senhora, confesso, guardei hábitos e costumes de práticas escolares disciplinadas/disciplinadoras que só me fizeram bem e que, apenas por isso, exijo aos meus alunos assim como outros mos exigiram a mim - é assim com a anotação das palavras difíceis e procura dos sinónimos no dicionário, sim os meus alunos usam-no à conta da História, é assim com a anotação/registo de novos conceitos que os alunos devem dominar a cada aula que passa sob pena de não nos entendermos, é assim com a exigência da correcção dos erros e das faltas de acento, é assim com a exigência do registo de apontamentos em palestras e visitas de estudo, prática que deixa muito surpreendidos, pela positiva, os técnicos que com os meus alunos contactam.
Obrigada, Cláudia Cerqueira, pela motivação para a escrita deste post, pela conversa boa de hoje de manhã, no interior do Museu Amadeo de Souza-Cardoso, preparando já a nova actividade, porque a História não pára e está sempre em movimento e que da próxima vez implicará a deslocação dos alunos ao acervo arqueológico encontrado aqui na região, que os deixará, por certo, de olhos bem arregalados para os artefactos nunca por eles visionados.
Ai como eu gosto de gente de olhar honesto arregalado para o mundo! Porque de gente pasmada e sonsa estou já eu pelos cabelos...
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