quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Palavra a Elsa Duarte

A Palavra a Elsa Duarte
O texto que abaixo transcrevo é um comentário que me foi deixado lá atrás no meu post curtinho intitulado Mudanças - Cansaço.
Confesso-me sem grande pachorra para escrever seja o que for de muito elaborado a propósito deste faz/desfaz provocado por políticos que ocasionalmente ocupam as cadeiras do poder. Desde Sócrates e a malfadada MLR que escolas e professores não têm parança e é sempre a levar no pêlo, cada ano pior que o anterior. As alterações ao nível da Língua Portuguesa, consecutivas, doidas, doidas... an dam as ga-liii-nhas... assustam-me especialmente pelas consequências dramáticas que têm na minha disciplina, pelas consequências dramáticas que têm/terão na literacia dos portugueses.

BloggerEMD disse...


Estou como tu, Anabela. De cada vez que oiço falar de mudanças tenho, cá para mim, que aí vem mais uma machadada na credibilização da escola.
Fazendo contas, acho que de há vinte anos para cá a minha disciplina, o pobre do Português, tem sofrido constantes alterações: de designação, de programas, de carga horária, de terminologia, de princípios metodológicos.... Tudo sem nunca se avaliar o resultado das reformas implementadas.
Resultado:
-insegurança extrema da parte dos docentes, porque o que ontem era, hoje já não é, e amanhã logo se verá; trabalhos redobrados e inglórios de reformulação da reformulação, da reformulação dos materiais que logo se tornam inúteis;
-esforço constante de atualização científica sem espírito crítico, concentrado na dispersão pelas mil e uma partículas alteradas, sem tempo para as "digerir", para as clarificar e aprofundar, sem visão de conjunto:
- confusão imensa na cabeça dos alunos, para quem "porém, todavia, contudo" eram conjunções coordenativas adversativas, no 3º ciclo, e passam a ser advérbios conetivos, no secundário,- Então stora e como é com as orações? - ao que o professor, engolindo em seco, responde com o cliché da outra: Ah isso agora não interessa nada! - porque, sobre o assunto, o Dicionário Terminológico, a bíblia da nova gramática, e as gramáticas feitas à sua imagem e semelhança, nada dizem.
Se fosse a escrever sobre todas as ridicularias a que nos têm obrigado as mudanças, não nos chegava o teu blogue todo, pois não, Anabela?
Este testamento foi só para ajudar a sustentar o teu ponto de vista. E para que não fiques sozinha a bradar aos ventos.
Este ano já mudámos de cabeçalhos e rodapés dos CEF 3 VEZES! O espaço disponível para o que interessa é cada vez mais curto. E o nosso tempo para o que verdadeiramente interessa também.
E assim vamos poupando em Portugal! E assim vamos trabalhando no fio da navalha!
Como estou com pressa para ir para a escolinha, fazer fotocópias de papeladas, mal tive tempo para rever comentário, escrito de rajada. Peço antecipadamente desculpa por algum erro involuntário.

bjs, guapita

E pode aprofundar o drama da língua portuguesa aqui. Agradeço-te o link, Elsa!

2 comentários:

EMD disse...

Deixei por cá ontem um comentário que se deve ter perdido. Dizia mais ou menos isto:

Também a mim me falta a pachorra para desenvolver o assunto. Embora devesse, pois tanta mudança tem tido consequências graves. O meu/nosso silêncio sobre este assunto só pode ajudar a gerar equívocos, que alguns senhores do poder têm manipulado a seu prazer.

Oxalá fossemos todos como tu ou como esta colega:
http://www.outrapresenca.com/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=20

Gracias pelo teu carinho
besitos guapa

Anabela Magalhães disse...

Obrigada, Elsa! Juntei o link do depoimento dessa colega ao meu post. Assim ficou enriquecido.
Beijinhos!

 
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