Imagem partilhada/recolhida no Facebook.
Auto-Retrato entre Flores - Praga - República Checa
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Algures por Outubro do ano passado escrevi um post "zangado", a bem dizer "furibundo", intitulado Reflexão - Partilha - ADD em que comuniquei aos meus leitores a minha decisão de manter a partilha do trabalho por mim produzido impedindo, no entanto, o seu uso. A decisão não foi confortável para mim, confesso, nem fácil. Num mundo ideal eu partilharia o meu trabalho na net e nem precisaria de dizer fosse o que fosse pois quem dele fez/faz/fará uso dar-me-ia os créditos respeitando um trabalho que é exclusivamente meu e não é do cão, nem do gato e muito menos me caiu do céu aos trambolhões aparecendo feito por um passe de magia. Num mundo ideal a coisa seria tão simples quanto isto. Eu assim faço nas minhas aulas e tenho o cuidado de espevitar e alertar os meus alunos para o respeito que devemos ter com os autores, para a sua protecção legal chamada de direitos de autor, para as fotografias e textos que se sacam da net e que têm um dono, para o uso das imagens digitalizadas dos livros, para as transcrições de palavras que não são nossas e que assim devem estar sinalizadas, para os links de cortesia e de respeito que se deixam na blogosfera onde se vai buscar uma ideia, um vídeo, uma notícia.
Mas o mundo em que vivemos não é ideal, nem toda a gente se rege pelos mesmo padrões de ética, de cortesia, de decência, de honestidade, eu sei. E também sei que eu, e muitos como eu, não vamos mudar o mundo. Alguns desistem mesmo e recolhem-se e retraem-se da partilha que apenas ensaiaram cansados da falta de respeito pelas obras, boas, más, não interessa, são sempre propriedade de alguém!, das quais os desonestos, os moinas se apropriam em três tempos e com o maior dos despudores.
Eu fui uma meia desistente quando ponderei a proibição e proibi mesmo o uso dos meus materiais, feitos com tanto empenho e dedicação à Escola Pública e aos meus alunos em particular e fiquei desde então com esta pedra no meu sapato a chatear-me o juízo, a moer-me e a morder-me os neurónios até hoje.
Hoje volto à estaca zero, à partilha total, assumida com a consciência total dos seus riscos mas esperando respeito pelo meu trabalho, que é meu e não é de mais ninguém e foi feito apenas porque sim, porque para aí me deu porque eu sou assim, de manias, e se me desse para as pernas era capaz de já estar manca. Hoje volto à partilha total esperando que se alguém se atrever a imprimir as minhas apresentações retirando o diapositivo da autoria, se alguém se atrever a usá-las fazendo de conta que são suas por omissão em me dar os créditos do trabalho que é meu, se alguém se atrever a imprimir as minhas fichas formativas tapando o meu nome, o nome aqui da galega, da moira, espero, no mínimo, que seja desmascarado em três tempos pelos seus alunos e passe a vergonha de ver exposta em público a sua desonestidade. Porque não há que saber - quem assim procede é desonesto e está a roubar o trabalho de outros.
Tenho dito. E sim, tenho uma faceta diacha. E há quem não a aprecie mesmo nada. E esse é exactamente o lado para onde eu durmo melhor. E eu durmo muiiiiito bem... e rápido... vai daí produzo bastante... lá está!
Nota - Sei que este post te vai agradar especialmente, Querida L!
Ah! E a ADD continua um vómito.
10 comentários:
Toda toda toda a razão!
E nunca é demais advertir.
Just in case.
Bjs.
Obrigada pelo apoio, Lelé! Se tu soubesses as que eu já tive que aturar... ai meus deuses que há pessoas que não se enxergam mesmo!
Por isso, que fiquem com a indignidade dos seus actos.
Beijocas e votos de excelente Domingo!
Olá, Anabela:
Num mundo ideal o teu post não existiria, mas a realidade é algo distópica.
O trabalho colaborativo – inequívoco laboratório de ideias e projetos – em que qualquer grupo, departamento disciplinar e escola se deveria existencializar continua a ser parco.
Mas se refletirmos é nesse tipo de trabalho que se alicerça a educação e as relações (ideais?) no ensino: dos alunos relativamente aos professores; dos professores, na aprendizagem da vida, relativamente aos alunos e na relação inter pares.
Há quem cultive o medo da partilha, quer por possuir uma auto-imagem hiperbolizada de si - o superior assumido -, quer por padecer de uma auto-imagem hipobolizada – o inferior ocultado.
Aprender a aprender com os outros é essencial. Mas é necessário ter vontade. Aceitar a crítica e criticar. Evoluir. É necessária uma relação dialógica. E o diálogo profícuo implica partilhar ideias, materiais e projetos como os teus.
Considero que esta tua declaração de intenções é claríssima e vertical. Pugna pela seriedade e honestidade intelectuais que todos os agentes e intervenientes no acto de educar/ensinar deveriam assumir como pré-requisito para ensinar e aprender. Aprender a ensinar.
Gosto deste teu (novo) à-vontade de partilha total.
Não creio que devamos ter receio da partilha ou inibir esse desejo por antecipação de futuros usos e abusos.
Quem tem boas ideias deve partilhá-las. Quem as não tem, pode utilizá-las.
Quanto aos que estão no grau zero das ideias e do civismo, há que identificá-los e denunciá-los sempre que tal se afigurar como possível. Não sendo possível...imagino o plagiador a ter consciência de que é uma nódoa, um hospedeiro das ideias de outrem...um habitáculo despido de identidade!
E em 2007 quando, com o teu cunho irreverente e inteligente, te lançaste nesta experiência blogosférica era a necessidade de um lugar, de um espaço virtual-real de partilha que te animava. Ontem, como hoje.
E esta partilha é uma parte de ti, dado que como gostas de (re)lembrar tu és e não és o teu blogue. Excede-lo. Mas pertence-te. Na totalidade.
Muito obrigada por aqui passares e deixares a tua pegada que eu tanto aprecio, Elsa C! Uma pegada igualmente claríssima, sem ses e sem mas e tu sabes que eu amoooooo pegadas de gente assim. Vou ver se continuo o meu trajecto de partilha até ao fim dos meus dias, sem restrições. As indignidades que borrem a cara de quem pratica as indignidades.
Quanto ao trabalho colaborativo nas escolas... como dizer... por vezes até funciona, depende unicamente das pessoas com quem lidas... mas o que fazer quando te dás toda à partilha e te lixam, ainda por cima? E o que fazer quando te colocas ao dispor de outros que estão mais atrasados do que tu em algumas áreas e parece que tu é que tens interesses ocultos nisso? Talvez algumas compensações monetárias, quiçá?!!!
Paciência, precisa-se!
Não sei se um dia destes não serei tentada a talvez mudar... eheheh... continuo um animal irrequieto, sem cabresto nem açaime... para o bem e para o mal.
E é verdade... desde 2007, estava eu na ESA e acompanhava-te os dias... quando comecei a teclar e o que eu já teclei até hoje! Quase sem parar... procurando manter-me igual a mim própria. Apenas. E já não é pouco nos dias que correm.
Beijinhos com muiiiitas saudades!
Fazes-me falta no meu dia-a-dia...
Se eu fosse professor de História, surripiava-te tudo (mas com a tua assinatura, claro)!
Querida Anabela,
O poste "zangado" de outubro passado já deixava transparecer esse combate de forças que te habitava.
A tua natureza é de partilhadora, partilhadora-mor como tantas vezes te chamo. Foi essa natureza que te levou, e leva, à criação de todas as tuas casinhas virtuais, que nos abrem os braços acolhedores. Tal como também é da tua natureza o trabalho incessante de formiguinha, que cria, corrige, faz e refaz, na busca constante de melhorar, de progredir enquanto pessoa e professora, que uma coisa é inseparável da outra.
Porém, julgo que é igualmente natural e humano que tivesses reagido com zanga e fúria à usurpação das TUAS coisas, por não se tratar apenas de copianço, o que já não seria bonito, mas de verdadeira fraude por se usar o que é teu sem, humildemente, dizer ou mostrar que é de outro. Ainda por cima porque esses atos, em nada dignos e dignificantes da função docente, vinham misturados, ainda mais conspurcados, com o lixo da ADD.
Por outro lado, tal como diz a minha homónima, que crê que não devemos “inibir esse desejo [de partilha] por antecipação de futuros usos e abusos.”, também imaginei que essa inibição não se te ia colar à pele, Anabela. Que tu não és mulher de inibições!
Calculo, pois, como de outubro para cá tenhas andado dividida, contrariada.
Ora, minha amiga, só não vê quem não quer ver: Tu disponibilizas o Teu trabalho, partilhas as Tuas ideias, uns e outras totalmente Teus. Já às “nódoas”, que nada produzem e se comportam indignamente, nem a lixívia as lavará.
Quanto ao trabalho colaborativo nas escolas, aquele que nos faz efetivamente aprender e crescer, “há de tudo como na farmácia”! Infelizmente, estamos a milhas de um mundo ideal.
Ou melhor, do nosso ideal de mundo.
Aplaudo a tua decisão anabeliana, e o teu aviso aos fungos.
Abraço grande, amiga
de facto também tenho a preocupação de, quando utilizo material de terceiros, identificar a fonte [quando é possível] e gostaria que, ao utilizarem os meus materiais, fizessem o mesmo dado que estão ao abrigo da cc share alike...
e como vem sendo meu hábito... tenho [quase] tudo online... livremente...!
Ah! E como me deixarias orgulhosa e feliz em saber que o meu trabalho te seria útil, Luís!
Beijinhos, meu amigo, e votos de excelente Domingo!
Eheheh... acho que ainda não me tinha lembrado de chamar fungos a essa estirpe de gente, Elsa D!
Num mundo ideal, este post e estes comentários não existiriam, assim como não existiriam fungos disfarçados de gente. Mas o que é que nós podemos fazer? Talvez insistir? Persistir? Não desistir de melhorar práticas que nos incomodam, desrespeitam e agridem?
Pois, que remédio!
Tu bem sabes que eu sempre partilhei tudo, acompanhas-me os passos desde sempre e sabes que eu luto por isto com unhas e dentes. Por isso esta gente não me abastardará. Tenho dito. Apesar dos desgostos, alguns profundíssimos, com que me deparo a cada passo do meu percurso...
Continuemos...
Beijocas com saudadinhas...
Para quem partilha o que faz, tenho a certeza que é legítimo esperar do outro o mínimo de cortesia, respeito e decência e que se traduz em dar os créditos a quem eles pertencem. Mas isto é tão básico, é como aprender a comer ou beber...
Sei que é um partilhador, Luís e sei que seremos cada vez mais a cada dia que passa.Eu estou firmemente convencida que esse é o caminho...
Excelente Domingo, Luís!
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