domingo, 20 de maio de 2012

Testes Intermédios

Testes Intermédios

Considero-os uma aberração pela perturbação que criam aos alunos, meses a fio durante um ano lectivo sujeitos a eles, e pela perturbação que criam ao funcionamento das escolas, realizados que são em horário lectivo e lá vão mais não sei quantas aulas, às várias disciplinas, para o galheiro.
E depois temos o problema da correcção dos mesmos, interna, do meu ponto de vista profundamente errada. Porque, perante o facto de os resultados serem comunicados para o MEC, e serem conhecidos na comunidade escolar, haverá sempre quem queira fazer boa figura e adopte uma atitude muito maiiiis condescendente perante os critérios de correcção que nos chegam do GAVE. E depois também há aqueles que os seguem escrupulosamente, independentemente da figura que os seus alunos farão e isto, como está bom de ver, faz toda a diferença nos resultados finais.
Uma coisa é certa, eu não devo adoptar uma postura num ano para no ano seguinte fazer exactamente o seu contrário e a minha interpretação dos critérios deve ter exactamente o mesmo rigor.

É claro que tenho uma sugestão para acabar com este simulacro/embuste de aferição - façam-se exames finais, sem perturbar a vida escolar interna dos alunos, sem perturbar o funcionamento das escolas e distribuam-se aleatoriamente os testes para correcção que deverão ser corrigidos sempre, mas sempre, a coberto do anonimato.
Fiz-me entender?

16 comentários:

Anónimo disse...

Concordo inteiramente contigo, Anabela! As provas-modelo eram muito melhores, e os professores eram livres de as usar quando muito bem entendiam.

A febre dos testes intermédios tornou-se uma questão de estatuto e mais uma "dondoquice" a abrilhantar a "competentite" instalada nas escolas por este aberrante sistema de avaliação docente.

pompeia disse...

concordo com a análise....

isto assim é um faz de conta e permite muita....coisa,

venham os exames e o anonimato na correcção

assim, é um faz de conta intolerável
a permitir algumas espertezas saloias

e os critérios de correcção deviam ser aplicados à risca por todos, concordo

Anabela Magalhães disse...

Nada como a bota condizer com a perdigota, não é Luís? Quem não deve, não teme. Mas qual é o problema de deixar a nu o fosso entre uma avaliação interna e uma externa? Será que o mais importante é fazermos todos de conta que tudo vai bem no reino do embuste e da hipocrisia em que Portugal está transformado? Eu recuso-me a viver num reino assim.
Mas o que temos/vemos hoje nas escolas?
Pois, todos nós vemos...

Anabela Magalhães disse...

Ora viva, PC!
Este país é perito nisso. Azar. Eu não consigo jogar esse jogo. É que tenho uma reacção visceral, entendes?
O faz de conta é intolerável. E sim, os critérios deviam ser aplicados á risca por todos, só assim se afere resultados. Ora o que temos é... tudo?
Pode valer tudo?

Anabela Magalhães disse...

Queria ter escrito "E sim, os critérios deviam ser aplicados à risca por todos, só assim se aferem resultados"

gabrielvboas disse...

Os testes intermédios mais sentido para quem vai fazer exame do 9ºano: Português e Matemática, pois é uma forma dos alunos se adaptarem aos critérios de correção, já que quanto à estrutura dos testes isso já deve estar mais que feito.
Quanto às restantes disciplinas: os testes intermédios não deviam existir, ou então, eles são uma maneira de preparar as mentes dos professores e alunos para a implementação de exames em todas as disciplinas, no final de cada ciclo. E aí a discussão é outra.
Perante a realidade atual, os professores de História, Ciências, Geografia... têm apenas uma solução: adotar a estrutura e o tipo de critérios de correção tipificados nos testes intermédios, quer concordem quer discordem. Isso robotiza os processo de avaliação, mas parece-me que é para onde caminhamos.
Quanto ao cumprir os critérios de correção dos testes intermédios e ainda sobre o anominato: ISSO NEM SE DISCUTE.Não nos enganemos mais! Posso não concordar com a lei, a lei pode ser dura, mas é lei. Quando se aldraba os critérios de correção deixa de haver correção, deixa de haver avaliação. Mais vale estar quieto!

Anabela Magalhães disse...

Concordo contigo, Gabriel, é que mais vale estar quieto. Face ao que já pude apurar, mais vale estar quieto.
E eu nem sempre concordo com os critérios... mas... se eu os furo assim, o outro assado, o outro cozido e se cada um faz o que lhe dá na real gana o que temos no final? Uma salada russa?

Domingos Costa disse...

Absolutamente de acordo, Anabela! Não consigo ver um único aspeto positivo neste tipo de testes, nomeadamente pelos motivos que referes. Recordo que já no ano letivo anterior me manifestei oficialmente (em reunião de Departamento)contra este embuste. Não serviu de nada, mas manifestei a minha opinião. Pode ser que com mais vozes contra, os senhores dos gabinetes de Lisboa avaliem a situação e reconsiderem. Venham os exames nacionais!

Anabela Magalhães disse...

Fico contente por não ser só eu a ver assim as coisas, Domingos! Fico contente por não estar só e por vos ter aqui a apoiar esta causa da mais elementar justiça. Tal com estão, os testes intermédios são nada e valem zero.
Venham os exames nacionais!

António França disse...

Plenamente de acordo. Já é tempo de acabar com os embustes socratinos, o laxismo e fraude pedagógica. .. mas temo que os embustes continuem pq ainda se continua com a ideia taylorista de governar as escolas (que é isso, agora que existem unidades orgânicas Giga?) pelos resultados obtidos pelos alunos, como se estes fossem um produto… E para obter “bons resultados” todas as tradicionais manhas dos “portugas” são postas em prática…desde as aplicações personalizadas, para não dizer outra coisas, dos critérios de correcção!

Anabela Magalhães disse...

Ora viva, França!
Pois tu já me conheces há muiiitos anos. Esta coisa dos intermédios é uma pantominice pegada.
O senhor ministro Crato podia passar por aqui... talvez ficasse alerta para esta pseudo aferição em que o país está a enterrar dinheiro...
Beijocas... um dia destes vou à ESA... eheheh...

Aplicado disse...

Concordo absolutamente, na verdade há um excesso de testes, sendo que por via disso há prejuízo para os alunos pois as aulas que sobra da sua aplicação e respetiva correção são pouquíssimas. Na verdade deveria haver limitação para aplicação de testes. O que se passa é um absurdo, as aulas são substituídas por aplicação de testes. Para que serve afinal um professor?

Anabela Magalhães disse...

O que se passa, Aplicado, é um absurdo que tem de ser denunciado.
É o que procuro fazer.
Abraço

Manuel Gonçalves disse...

Anabela, não vejo os testes intermédios como uma aberração. A forma como são aplicados e, em alguns casos, corrigidos sim!
A aplicação de provas externas (boas ou más, mais ou menos exigentes, muito ou pouco adequadas) é sempre um instrumento de aferição importante que, em minha opinião, coloca a nu muita da engenharia avaliativa que se vai utilizando pelas escola.
A personalização dos critérios por uns e objectiva aplicação dos critérios por outros é o retrato cru e fiel do que vai passando ao longo do ano.
Ou achas que todos os profs são como tu? Exigentes, trabalhadores, disponíveis, contestatários (eheh).....
Ou que todos aplicam os critérios de avaliação definidos em departamento de forma objectiva, (concordando ou não), destacando em local próprio, para quem quer (e para quem não quer)ouvir a "magia" ampliativa dos 40% para os valores e atitudes?
É que, como bem sabes, às vezes estamos rodeados de "profs" desse género... dos que estão dispostos a "subir" uma nota para não ter que fazer um relatório, dos que em vez das grelhas em Excel utilizam o "olhómetro" e etc, etc, etc

Bem... já vou levar com comentários de porrada (ehehe)

Boa ou má, incómoda ou não, é a minha opinião!

Anabela Magalhães disse...

Eu não concordo, preferiria exames, no final do ano, feitos sem interferências com as aulas. Mas talvez eu sinta isto porque estou muito pressionada pelo facto de só ter uma aula semanal de noventa minutos e ter um programa para cumprir porque não posso arriscar não dar a matéria que poderá sair num teste intermédio ou num exame final lá mais para a frente, no 9º ano de escolaridade e onde os alunos não podem alegar "A minha professora não leccionou esta matéria". Não me esqueço disto. De resto consigo-lhes ver virtualidades como treino. E consigi ver-lhes virtualidades como aferição se toda a gente cumprir os critérios do GAVE. O problema é que também no ensino, como no resto do país, tu tens gente com fígados para tudo. Tal como estão, os testes intermédios são zero e não aferem nada de nada. Se o GAVE recolhesse uma amostra, aleatória, de testes intermédios corrigidos... ia ter uma amarga surpresa. E mais não digo. Quanto ao cumprimento dos critérios de avaliação... outro descalabro... já postei bastante sobre este assunto. É que é meu entendimento que eu tenho de lutar contra eles cumprindo-os, não violando a lei, criticando-os, explicitando os seus números, a máscara, excessiva, que eles acrescentam aos conhecimentos.
Não vais levar porrada, não. Ninguém pode levar porrada por ter a coragem de assumir o que se passa no interior das escolas. Tens a minha admiração!
Que gosto... que orgulho! poder dizer que fui tua professora, ainda que por breves momentos e num tempo em que eu ainda estava bem longe da maturidade que hoje tenho.
Beijinhos e bem sabes que é um prazer ter-te como colega. :)

Anabela Magalhães disse...

Queria escrever "e consigo", claro!

 
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