A Igreja de S. Gonçalo tem uma particularidade bastante curiosa e rara, eu confesso que não me lembro de qualquer outro caso idêntico, e que é o facto de possuir uma Varanda dos Reis com a representação dos reis que financiaram a obra, no caso D. João III, D. Sebastião, o Cardeal D. Henrique e Filipe I de Portugal, II de Espanha. Ora esta obra, que foi sendo feita ao longo de décadas, juntou símbolos do poder político terreno, os reis, a símbolos do poder religioso divino, os santos, que aparecem representados no portal lateral, aqui transformado em portal principal face às contigências de uma topografia complicada que ainda hoje se pode observar no local.
A história que hoje recupero, para alguém que a queira investigar, trata-se, por certo, de um roubo/surripianço/desvio perpetrado algures lá atrás no tempo e conta-se em duas penadas.
Os reis tinham as respectivas coroas nas cabeças tal como seria expectável atendendo à sua real condição. Acontece que um dia já muito longínquo, penso que durante a vida do meu avô que não se cansava de afirmar que os reis tinham tido coroas algures lá atrás por tempo, as ditas foram para limpar.
Acontece também que foram tão bem, mas tão bem! limpas... que nunca mais ninguém lhes pôs os olhinhos em cima, o meu pai tem 76 e nunca as viu ao vivo!, e ainda hoje lá estão os reis, os desgraçados!, sem aquele importante símbolo do poder real.
Até quando? Quem investiga este enigma da limpeza? Alguém as surripiou mesmo? Ou será que esfregaram e poliram as ditas até elas desaparecerem sem deixar rasto?
Nota 1 - Agradeço o envio da fotografia que agora partilho ao Miguel Moreira. Optei por a colocar em grande formato para que possam observar os reis num tempo em que ainda usavam coroa.
Podem clicar sobre ela para a lerem na sua totalidade.
Nota 2 - Sim, eu sei que há outras teorias sobre a identidade dos reis...
Nota 3 - Para saber mais sobre a construção desta igreja e convento dominicano anexo clique aqui.
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