Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Quando cheguei à EB 2/3 de Amarante não existia um verdadeiro centro de recursos na sala atribuída predominantemente às aulas de História. Os armários guardavam apenas uns mapas, património da escolinha, que o PowerPoint tornara obsoleto e uma velha televisão já avariada, de qualquer modo igualmente atirada para fora de uso devido a esta Internet maravilhosa disponível 24 sobre 24 horas e somente à distância de um clique.
Desde Setembro de 2009, data da minha vinculação à EB 2/3 de Amarante, já muito se alterou dentro da Sala de História, pode inteirar-se destas alterações clicando aqui e aqui, e o ambiente é agora acolhedor, a sala está imaculada de branco, os armários estão recheados de recursos que são utilizados sempre que o seu manuseamento se torna pertinente.
A esmagadora maioria destes recursos pedagógicos pertence-me, encontram-se em depósito nos armários da Sala de História porque eu não sou egoísta, muito embora tenha chatices e sofra dissabores de quando em vez à conta desta minha atitude voluntariosa de que não estou disposta a abdicar. Sim... já me ocorreu pensar em trazer tudinho para casa... mas, quando assim é, penso uma e outra vez e acaba por vencer sempre o bem geral que se sobrepõe a isto e mais aquilo porque continuo genuinamente a pensar que estes recursos pedagógicos poderão ser úteis a alunos outros que não unicamente os meus. Penso sempre neles, nos alunos. E durante as minhas andanças de férias é para eles que compro uma ou outra recordação de viagem. E é assim que estes recursos da Sala de História são feitos de réplicas compradas em museus espalhados pelo mundo e que são instrumentos líticos mais ou menos caprichados, vénus variadas, gravuras rupestres de Foz Côa, réplicas de peças egípcias, de peças romanas... a réplica de Carta de Foral oferta da minha querida Susana Dias... e até peças verdadeiras como alguns fósseis da minha colecção, alguns micrólitos, as caixinhas asiática e americana, o bocadinho do Muro da Vergonha que dividia Berlim e que me foi oferecido pela Em@... não esquecer também as maquetas de monumentos construídas pelos alunos nas aulas de EV sob orientação do professor Antero Pereira e todos os recursos que têm sido construídos ao longo das sessões semanais do Clube de História e que podem ser vistos clicando aqui e ainda todos os livros, muitos, que eu solicitei ao presidente da Câmara de Amarante e que foram oferecidos ao Centro de Recursos da EB 2/3 de Amarante.... e... e...
Escrevi em tempos:
"A Sala de História não pode ser um mono, um peso morto na Escola, sob pena de não fazer absolutamente nenhum sentido."
"Continuo a afirmar o que já afirmei aqui variadíssimas vezes e que é a impressão profundamente negativa de entrar dentro de salas de aula, umas atrás das outras, sem que nada as distinga umas das outras, salas com chão, paredes, carteiras, cadeiras, um computador. Agora apetrechadas com projectores e quiçá quadros interactivos.
Continuo a afirmar que uma Escola deve organizar-se, se isso for fisicamente possível, em salas de aula atribuídas às várias disciplinas, tal como sempre aconteceu para os laboratórios de Química, por exemplo.
E continuo a afirmar que é uma tragédia a opção do ME em não efectivar o corpo docente de que realmente necessita, pois é fundamental para todos nós a criação de laços afectivos com o espaço onde nos movemos.
Laços que só podem ser criados por quem se sente pertença de um lugar, que também é um pouco seu, na medida em que, pela sua acção, o ajuda a construir a cada dia que passa.
Eu não sou um sujeito passivo, neste caso uma sujeita. Nunca fui, desde que me lembro. Gosto de actuar sobre as coisas, sobre o que me rodeia, procurando, simultaneamente, um equilíbrio nessa actuação que não abra fendas na paisagem que me envolve. É assim com os Meus Caminhos da Barca. É assim na Sala de História.
E eis que chego onde quero. Aos recursos que equiparão a Sala de História e a humanizarão mais e mais, a cada dia que passa, tornando a Sala um sítio prazenteiro onde os alunos amam estar, fundamental para uma aprendizagem harmoniosa."
"Nada como os alunos poderem pegar na réplica de um biface, sentir como ele se ajusta à mão que o envolve, sentir as suas arestas cortantes, sentir a frieza da superfície vítrea do sílex verdadeiro das amostras por mim colhidas no longínquo Sahara, nada como observar de perto a beleza de uma réplica em tamanho real da minúscula Vénus de Brassempouy, ou da Vénus de Vestonice, ou observar a delicadeza e elegância do traço gravado no osso do excepcional bisonte que, de cabeça voltada para trás, lambe, delicadamente, as feridas do seu corpo. Ao longo da minha vida profissional, sem Sala de História, fui carregando o que tinha, de casa para a sala de aula e da sala de aula para casa. A minha colecção foi, entretanto, aumentando porque acredito nela para promover a sensibilidade, a atenção, o conhecimento. Agora está em depósito, emprestada, na Sala de História da EB 2/3 de Amarante e disponível também para os restantes alunos que não são meus. Acredito no valor da partilha. Defendo-o com unhas e dentes. Tenho a certeza que, com entreajuda, uns puxando pelos outros, ganharemos todos no final e progrediremos todos enquanto comunidade."
"Ah! E este é o país que funciona, porque se sabe unir, cumprindo um objectivo comum: procurar assegurar, sem tréguas, rodearmo-nos de pessoas decentes, generosas, esmeradas, trabalhadoras, desinteressadas, solidárias... e assim chegar ao fim do dia pensando God Knows How Y Adore Life."
Em jeito de balanço, confesso - nem sempre consigo tudo o que quero... muito embora vá conseguindo alguma coisa...
E uma coisa é certa - parada não conseguiria nada.
Nota - Darei mais boas novas da Sala de História da EB 2/3 de Amarante ainda este ano.
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