quinta-feira, 28 de abril de 2016

Reflectindo Sobre o Papel da Escola a Propósito dos Concertos Pedagógicos da Orquestra do Norte

Orquestra do Norte - ESA - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Reflectindo Sobre o Papel da Escola a Propósito dos Concertos Pedagógicos da Orquestra do Norte

Hoje acompanhei a minha direcção de turma às instalações da Escola Secundária de Amarante para, em conjunto com muitas outras turmas, assistirmos a um concerto pedagógico gentilmente oferecido pela Orquestra do Norte que, como todos sabem, tem a sua sede em Amarante, sendo igualmente em Amarante que esta orquestra realiza os seus ensaios e dá alguns dos seus concertos, o mais das vezes na Igreja de São Gonçalo. Nem sempre os frequento por incompatibilidades várias mas, sempre que posso, delicio-me com os magníficos concertos que esta orquestra de excepção dá... dá mesmo porque são de entrada gratuita... à população que deles queira fruir.
Esta oportunidade, chamada apropriadamente "Concertos Pedagógicos" surgiu de forma não programada com muita antecedência e vai daí fomos escalados para este "trabalho", com algum exagero o digo, quase em cima da hora. Ora, decorrendo deste facto, desde logo a escola quebrou em dois - por um lado os professores que têm uma visão da Escola que lhes permite dar algum golpe de rins sem grandes stresses, por outro lado os professores que ficaram com os cabelos em pé porque "perderam" a(s) sua(s) aula(s) com esta e com aquela turma.
Eu pertenço claramente ao primeiro bloco e passo a explicar as minhas razões. A Escola que se apresenta perante os alunos como estrutura rígida de aulas atrás de aulas, e só de aulas em cima de aulas, de matérias encadeadas em matérias sem tempos para respirar é a Escola que a mim não me interessa. Depois é preciso ter a noção que os alunos estão a cumprir uma escolaridade obrigatória e a Escola deve abrir-lhes janelas de par em par.
Hoje acompanhei vinte e cinco alunos(as) de um 7º ano, miúdos e miúdas de doze/treze anos e, desses vinte e cinco, dezasseis nunca tinham assistido a um concerto de uma orquestra nem nunca tinham vislumbrado uma, nem parada nem em acção.
Para alguns, o dia de hoje pode até ter sido especialíssimo, uns voltarão por certo a escutar orquestras, outros haverá que nunca mais terão esta possibilidade.
Que a Escola Pública lhes proporcione estas oportunidades, para mim tanto ou mais relevantes do que uma aula de História em não sei quantas que eu leccionarei num ano, é coisa que eu aplaudo. Sem stress... e com um sorriso de orelha a orelha. Por eles.
E, ME... não me venhas com metas quilométricas inexequíveis sff!

3 comentários:

Isabel Moura disse...

Cara Anabela, não poderia estar mais de acordo. Entre conteúdos programáticos e metas desajustadas, julgo que nos compete a nós professores optar por abrir janelas, portas e portões para que se instale a corrente de ar, com lufadas de ar fresco, onde reine a criatividade, a conversa e a perspectiva crítica sobre as coisas. Os conteúdos programáticos são necessários, mas com conta peso e medida. E, se achamos que pesam demais, é pelas vivências que podemos proporcionar, que devemos optar.

Anabela Magalhães disse...

Obrigada pela tua participação, Isabel Moura. Só posso subscrever o que escreves.
Bj

Maria da Glória disse...


Ser professor é dar a possibilidade de abrir janelas, parabéns.

 
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