sábado, 4 de junho de 2016

Despique de Bombos



Bombos de Jazente - Festas do Junho 2015 - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Despique de Bombos

Continuo a amá-los... aos bombos... principalmente aos de Jazente que são tocados com mestria por rapazes garbosos vestidos com as suas calças pretas e as suas camisas vermelhas envolvendo, ano após ano, tantos e tantos alunos que já foram meus um dia.
Esta noite de sexta, esta noite de sexta-feira de Junho, é mítica aqui na cidade. Impossível não correr em direcção ao meu umbigo, o Largo de S. Gonçalo, de onde me continua a chegar, à hora a que escrevo, o som abafado, fantasmagórico e endiabrado do ribombar dos bombos loucos e das caixas tocadas com ritmo e paixão. Os tocadores entregam-se por inteiro aos bombos e parecem possuídos pelo demo feito força bruta. E nós, simples espectadores do despique, vamos apenas deixando o som mágico, forte, primitivo, violento entrar dentro de nós e seguir o seu trajecto direitinho ao nosso coração, envolvendo-o, fortificando-o com uma energia sem fim.
Há quem não goste disto... pelo barulho. Eu, confesso, é do que mais gosto de toda a programação das Festas do Junho. Assim é desde sempre. Assim é desde que me lembro.

Estar na primeira fila, junto a um grupo de bombos que bomba pum catra pum catra pum pum pum no máximo da sua força é um espectáculo imperdível que todo o português que se preza deverá experimentar mais cedo ou mais tarde. De preferência mais cedo.
O som batido de forma cadenciada e suave alterna com o som que nos entra entranhas adentro e nos faz trepidar da cabeça aos pés. Ao som dos bombos a bombar, o lajedo granítico do Largo parece ganhar vida própria e ele próprio estremecer com tal nível de ruído. É primitivo. É belo.

Pode ler mais aqui sobre os bombos.



Nota - As fotografias são do ano passado. Estafada, deixei a maquineta em casa...

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