Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Escorpiões e o Respeito pelos Outros
Somos três escorpiões cá em casa. Ok. Afinal não. Somos cinco, contando com os dois das fotografias que estão, evidentemente, mortos. Estes dois últimos são os mais sossegados e silenciosos...os preferidos do Artur e da Joana! Estou a brincar. Mas de facto sou eu que destabilizo um bocado a casa, e corto o que os dois últimos adoram. Corto o silêncio. Embora também o adore. E necessite dele como da água que bebo. Os dois últimos são muito parecidos. Leais, amigos do seu amigo, muito estudiosos e trabalhadores, discretos, silenciosos, cúmplices, fiéis, independentes, determinados, amorosos. O mais velho é do sexo masculino. A outra é mesmo feminina...e fofinha. Um escorpião também pode ser "fofinha". Um escorpião também pode ser uma boneca!
A terceira sou eu mas agora não me apetece falar de mim.
O quarto é o escorpião branco. Tunisino.
O quinto é o escorpião preto. Líbio.
Todos temos em comum o prezarmos muito a nossa independência e o facto de demarcarmos o nosso território. Convém que nenhum de nós se aventure em excesso no território dos outros. A isto chama-se respeito. Um escorpião é por necessidade um respeitador dos outros. E por uma razão muito simples. Quer ser ele próprio respeitado. Quando o chateiam até à exaustão, o escorpião corta a direito, corta rente e às vezes para sempre. Arruma o indivíduo. Põe-no KO.
Os dois escorpiões das fotografias também têm territórios delimitados. Dentro da minha mesa da cozinha. Cada um tem o seu território. O tunisino sobre areia branca do seu país natal. O líbio sobre areia marroquina, para variar. Os dois com territórios bem definidos e demarcados.
Os outros três também.
E assim permanecemos tranquilos e em paz.
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