sexta-feira, 23 de março de 2007

Mensagem de Esperança

Mensagem de Esperança

Início de férias de Páscoa para os alunos. Para nós, professores, inicia-se agora um período menos barulhento e mais introspectivo. Ponderamos avaliações, lançamos as notas provisórias, reunimos, decidimos. Pondero as notas dos meus alunos até ao fim. Avaliar é complicado e não quero ser injusta com ninguém.
Os períodos de interrupção lectiva, de maior acalmia, são imprescindíveis para os professores recarregarem baterias e virem renovados de alma e coração. Só quem é professor sabe a energia que se gasta, em 90 minutos de aula, com uma turma. Mesmo que essa turma seja constituída por alunos atentos, interessados e bem educados. E ele há turmas e turmas!!! Por vezes saímos da sala de aula extenuados, exaustos. Nesse caso a sala de aulas foi para nós uma arena. Atentos ao mínimo sinal de perigo, parabólicas ligadas e apontadas em todas as direcções, atentos a todos os gestos, a todos os movimentos, a todas as palavras. A sala de aula é um local onde tem que imperar a boa educação.
Os professores estão cansados e acima de tudo preocupados com o seu futuro. E por isso ainda mais cansados. E por isso ainda mais preocupados.
Eu confesso que estou preocupada. Acabaram os Quadros de Escola. Acabaram os Quadros de Zona. Se um lugar de professor se extingue, e desaparece de um ano para o outro, nenhum professor está a salvo. Pode sair o mais velho, o mais novo, o coxo, o incómodo, o loiro... o Ministério da Educação encarregou-se de frisar muito bem que os critérios de selecção são LIVRES!
Ora se nós estivéssemos num país decente lógico seria que todos os directivos, de todas as escolas, se pautassem por critérios de qualidade. Mas estamos? Estamos num país decente? Não haverá a tentação de ficar com os amigos, com os que dizem sempre amém e nunca levantam problemas, com os do mesmo partido, os da mesma cor política? Estamos num país decente?
Confesso que estou preocupada. Mas não excessivamente. Afinal de contas passei os primeiros quinze anos da minha vida profissional a saltar de escola em escola. Todos os anos numa escola diferente. Tenho uma grande ginástica profissional e consigo adaptar-me a qualquer escola. E ainda salto, ainda sou capaz de saltar. Por vontade própria ou obrigada. É evidente que se o salto for tão grande que faça perigar a minha estabilidade familiar e emocional só há uma atitude possível. Cortar de vez com a profissão que eu escolhi e adoro.

Espero estar enganada relativamente ao meu país. Espero que a qualidade se imponha e que sejam banidos os que não fazem falta nenhuma ao sistema. É uma oportunidade rara!

Espero.

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