quarta-feira, 7 de março de 2007

"Até à Eternidade"


Estátua Jazente de D. Inês de Castro - séc. XIV
Abadia de Santa Maria de Alcobaça
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

"Até à Eternidade"

No passado mês de Fevereiro, desloquei-me a Alcobaça e à Batalha com a minha querida amiga, colega, e organizadora da viagem, Rosa Maria Fonseca. Confesso que há muitos anos não sentia uma tão grande emoção ao entrar em monumentos nacionais. O ar que se respira dentro destes edifícios é tão diferente e tão especial... em Alcobaça imaginamos os passos dos monges cistercienses deslocando-se suave e silenciosamente, as figuras esguias, austeras e ao mesmo tempo delicadas, fundem-se com o edifício igualmente esguio, austero e delicado, diria mesmo minimalista. Aqui tudo se reduz ao essencial e toda a "tralha" do mundo exterior, do nosso mundo, ficou lá fora.

Caminho pela nave central e chego ao cruzeiro...para a direita? Para a esquerda? Para D. Pedro ou para D. Inês? Indiferente.

Ao acaso opto pelo braço sul do transepto e pelo túmulo do rei D. Pedro que protagonizou a nossa mais bela história de amor "real". Contorno o túmulo, olho em frente para o túmulo de Inês. Tive sorte! Tive muita sorte! A luz banha as estátuas jazentes dos dois amantes, igualmente, e sem distinção. Gostei do momento. Guardei-o.
Lembrei-me de uma peça de teatro que vi, há uns anos, no S. João, em que a protagonista, Maria de Medeiros, fazia o papel de Inês. Sublime. Sublimes as interpretações, sublimes os cenários, sublime o guarda-roupa, sublime a música...tal como são sublimes os túmulos diante dos meus olhos!

Caminho agora pelo transepto, em direcção ao braço norte e ao túmulo da irresistível, da surreal Inês, banhada e aquecida pela luz da tarde. Silêncio. Silêncio. Emoção.
Penso na frase "Até à Eternidade". Não duvido. Todos os amores deviam ser assim!
"Até à Eternidade"

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