Muros - Barca - Aboboreira - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Muros
Detesto coisas inacabadas.
Os muros da Barca estavam todos por acabar o que lhes dava uma aparência muito descuidada, abandonada até. Para além disso, estavam sujos com silvados que mais pareciam de estimação. Os muros até se apagam e ficam imperceptíveis por detrás de tanto lixo.
Meti mãos à obra no ano passado. Depois de uma primeira limpeza é preciso tirar toda a terra até à última pedra, que tanto pode estar a vinte centímetros do campo de cima, como a metro e meio. A seguir é preciso fazer a cama para as pedras, catá-las pela propriedade, transportá-las de carreta em punho e colocá-las no seu leito. Bem colocadas, senão não passam o primeiro Inverno.
O muro que hoje fotografei já passou o primeiro Inverno e está sólido. Um muro pode ser uma coisa extraordinária. Pelas formas, pelas texturas, pela vida que brota de dentro dele.
Depois de limpos e terminados os muros revelam-se tal qual são. Os muros, depois de terminados, ficam fotogénicos.
Não sei quem começou os meus muros. Mas sei quem os vai acabar. Todos. Um por um.
Porque adoro muros. Adoro muros porque se podem contornar. Ou saltar.
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