terça-feira, 18 de setembro de 2007

Óculos de Sol


Armação de óculos de Sol Digitalizada

Óculos de Sol

Estes são os meus queridos óculos de sol que me acompanham há uns bons dez anos e que agora me abandonam. Parti-os. Parti-os este Domingo, na Barca, a sacudir umas moscas que me importunavam o trabalho de jardinagem mesmo à entrada de casa. Aqueles zumbidos à minha volta estavam mesmo a irritar-me e vai daí sacudi os óculos. Por engano, diga-se de passagem, porque a ideia era sacudir as moscas.
Agora resta-me uma armação partida e uma lente para cada lado. E uma dor de cabeça. É que mudar de óculos é para mim uma dor de cabeça.
Recordo a primeira vez que escutei o oftalmologista dizer-me que eu iria precisar de usar óculos. Tinha trinta e poucos anos e comecei a ficar desconfiada por não conseguir distinguir as caritas dos meus alunos no fundo da sala. Escutando-o, tomei consciência, pela primeira vez, do meu inevitável envelhecimento, da minha inevitável degradação. Foi uma tomada de consciência plena e, confesso, ainda sentada na cadeira apeteceu-me chorar. Mas por ser uma tomada de consciência plena foi também de aceitação. Foi só um momentito de fraqueza. Depois disso vieram as primeiras brancas, as primeiras manchas da idade na cara e nas mãos, as primeiras rugas à volta dos olhos... e eu sempre feliz e contente. E até brinco com o assunto.
Mas, voltando aos óculos, foi uma chatice escolher as armações dos óculos normais e dos de sol, igualmente graduados. Porque os normais foram uma novidade imposta e eu não gosto de imposições externas sobre mim, e porque os de sol não podem ser muito grandes, não podem ser muito curvos, não podem ser...
Ontem voltei ao espectáculo da escolha das armações. Põe, tira, torna a pôr e torna a tirar, acabei por trazer aí umas dez para escolher calmamente em casa. E devo dizer que durante a escolha tive presente o comentário do meu querido aluno Eduardo, agora no 9º H, que um dia, no fim da aula de História, e enquanto eu lhe abria a termos do leite de soja, porque ele não tinha força para a abrir, me disse:
"Ó professora, com esses óculos de sol parece mesmo uma ceguinha!"
E eu, disfarçando a surpresa "Tu achas, Eduardo?!"
"Acho professora. Devia comprar uns óculos grandes, à mosca!"

4 comentários:

Helder Barros disse...

Desconfio que vais largar o estilo John lenon e vais comprara uns óculos mais vistosos. O Dragão Azul, vai-se mostrar com novos óculos e envelhecer só é degradação física, porque mental é enriquecimento. Agora, uns óculos com dez anos já fazem parte do nosso corpo, concordo!

Anabela Magalhães disse...

Nada de confusões. Eu não sou dragão. Serei sempre escorpião. Escorpião Azul.

Dianinha disse...

Pois... Agradeço a mosca que tenha zumbido bem no ouvido... Nós alunos modernos ja tinhamos avisado que aqueles óculos são de ceguinho... Precisa de uns mosca...



p.s.- Quero ver essses óculos novos... =)

Anabela Magalhães disse...

A primeira "mosca" que zumbiu nos meus ouvidos tem nome e chama-se Eduardo. Quanto à mosca de Domingo não nos chegámos a apresentar.
E quanto aos novos óculos foram o mais à mosca que eu consegui!!! LOL

 
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