Sinos - S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Sinos de S. Gonçalo
Estes são os famosos sinos de S. Gonçalo que assinalavam cada hora do tempo da minha infância badalando em troca do esforço físico de alguém. Na actualidade é um pouco diferente substituídos que foram os homens por mecanismos colocados no exterior dos sinos que se encarregam de todo o trabalho, sem falhas, noite e dia sem parar, numa cadência imutável no tempo, assinalando cada quarto de hora e cada hora que passa, assinalando a morte de homens e mulheres cá do burgo, lá do alto da Torre Sineira, assinalando as trindades, a cada sexta-feira, pelas três da tarde, em que desatam a pseudo-badalar loucamente. E parece até que também já serviram para assinalar um importante troféu, ganho pelo FCP, num qualquer campeonato, porque clubite e igreja, a cada passo, unem esforços a rondar quase os divinos.
Estes são pois os famosos sinos de S. Gonçalo, que dançavam e badalavam mesmo, no tempo da minha infância, puxados por um ou dois homens que ali punham à prova o seu cabedal e que nós, miúdos, observávamos de longe, do Largo, apreciando o esforço, apreciando a sinfonia imutável. Agora permanecem imóveis, mas não silenciosos, lá no alto. Problemático? Não. Se tocam a sério ou a brincar, para nós, amarantinos, tanto faz. Importa mesmo é que se ouçam os sinos a badalar e a repicar, o som saído lá do alto da Torre, como sempre, desde sempre. Quanto à forma como tocam é apenas sinal de que também os sinos se adaptaram à inevitável passagem do tempo.
E registo que, quando nos ausentámos da terra, sentimos a sua falta, e sentimos saudades desta marcação do tempo cadenciada que nos remete para o Largo, que nos remete para o nosso umbigo.
2 comentários:
POis...
Podia-me adicionar no blog da turma ?
o mail e' margarida_lb@hotmail.com
Beijos
Margarida.
Já lá estás, Margarida. Boas postagens. E não faças como os rapazes!
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