Ainda a Praxe...
Notas ao (bada)MECO praxismo nacional.
"Caros leitores,
O N&M não podia, naturalmente, ficar em
silêncio perante a tragédia do Meco, onde 6 jovens perderam a vida e um outro
ficará certamente traumatizado para a vida, quer pelo ocorrido quer, porventura,
por um enorme sentimento de culpa que, como Dux, naturalmente lhe cabe por
inteiro.
Não nos
adiantamos antes, porque os indícios eram pouco claros, mas, com as revelações
decorrentes da reportagem levada acabo
pela jornalista Ana Leal, que passou ontem no Jornal das 8 da TVI,
poucas dúvidas restam sobre o modus operandi e concepção distorcida da Praxe que
reina na Universidade Lusófona de Lisboa e que reflecte (por excesso) o que vai
acontecendo de norte a sul do país, sem nenhuma excepção, nas actividades de
recepção aos caloiros: falta de civismo, de bom-senso e muita ignorância e
invenção à mistura.
O que os documentos do COPA (Conselho Oficial da
Praxe Académica) comprovam são práticas de teor criminal e inaceitável que só
nos podem revoltar, sejamos defensores da Praxe ou não.
Adiantaremos que são a prova cabal daquilo que é interpretar a Praxe nos limites mais opostos à mesma, num fundamentalismo estúpido, promovido por gente estúpida, desinformada e mal-formada (mas muito “bem” formatada).
Adiantaremos que são a prova cabal daquilo que é interpretar a Praxe nos limites mais opostos à mesma, num fundamentalismo estúpido, promovido por gente estúpida, desinformada e mal-formada (mas muito “bem” formatada).
Claro que são muitas as vozes que se indignam, e
com razão, de ambos os lados da barricada.
Do
lado da opinião pública, é natural, e legítimo a condenação destas práticas, e
de todas demais que ostentem o nome de Praxe, por tabela.
O
que sucedeu no Meco, mas não só: o que vai sucedendo pelo país, com as praxes
(seja elas entre doutores ou com caloiros),
só tem confirmado o divórcio e repúdio que a sociedade nutre para com estes
ritos que deixaram de ser o tradicional gozo ao caloiro, para se transformarem
numa selva onde vale tudo, desde que isso seja tido como praxe (e que alguns
codigozecos e organismos de praxe legitimam ou consentem).
Do
lado dos praxistas, existe uma natural e corporativa indignação com aquilo a que
apelidam de sensacionalismo mediático, argumentando, como de costume, com
teorias da conspiração, interesses económicos em favor de shares,
etc.
De
todos os quadrantes praxísticos vemos a defesa da Praxe ser feita com base no
falacioso e eufemístico argumento: “Isso não é Praxe; na nossa academia não é
assim”.
E
começam aqui, neste encurvar da realidade, o auto-fuzilamento dos pés dos
praxistas.
Obviamente que o que sucedeu no Meco e o que a
reportagem comprova das práticas internas do COPA não serão regra, antes uma
excepção, em razão da gravidade extremismo, mas isso não esconde uma verdade
absoluta e factual: reina nas praxes, de norte a sul do país e ilhas, a apologia
do palavrão da falta de decoro e decência, o desrespeito e abuso, a coacção
física e psicológica e práticas que vão desde a ridícula brincadeira copiada dos
escuteiros ou jogos tradicionais, a
jogos de cariz sexual ou ajavardamento do caloiro (sujando-o com todo o tipo
de porcarias).
O
doutores na Praxe estão revoltados e receosos com generalizações, e por um lado
têm razão, tal como as Tunas e outros organismos que usam traje académico, pois
assistem a uma colheita de algo que foi semeado durante anos, e agora se arrisca
a ser de uma fartura que pode revelar-se mortal.
O
problema, meus caros, é que os receios são fundados, precisamente porque se pode
generalizar, precisamente porque no edifício o académico há sempre uma ou outra
telha de vidro ou uma clarabóia de tamanho XXL.
Bastaria aludir a um exemplo crasso que ocorre em
tantos lados: Afirmar e achar que quem não foi praxado não está na Praxe, não
pode trajar, não pode usar insígnias …….
E isso, meus caros, é usualmente colocado ao s caloiros de uma só forma: “ou és pela praxe ou és anti-praxe. Ou aceitas ser praxado ou ficas proibido de X, Y e H”.
E isso, meus caros, é usualmente colocado ao s caloiros de uma só forma: “ou és pela praxe ou és anti-praxe. Ou aceitas ser praxado ou ficas proibido de X, Y e H”.
Se
isto não é coacção, não sei que será. Praxe
não é, garanto...nem praxes.
Atrás disso vem o
resto.
E
não enjeitemos outra questão, também ela grave: o argumento que tantos disparam,
de gatilho leve, de que “quem não vive a
Praxe não compreende”.
Aqui puxaremos dos poucos galões que possamos ter
para dizer que quem afirma isso não tem sequer noção da parvoíce que disse (e
está bem de ver que, não ter noção das coisas, não é só no
Meco).
O
N&M considera-se suficientemente conhecedor e experiente para também afirmar
em coro, a par com a opinião pública, que grande parte daquilo que vê nas praxes
não compreende. Não compreende porque sabe o que é Praxe, e sabe que a larga
maioria das actividades apelidadas de praxe, afinal, são coisa
nenhuma.
E
enquanto os estudantes tiverem a presunção que sabem o que é Praxe a coisa não
muda.
A DEFESA DA PRAXE
Têm razão os muitos estudantesque afirmam que o que
se passou na Lusófona não é Praxe. Têm toda a razão. Mas também o não são grande
parte das suas práticas, independentemente de não causarem feridos ou mortes
(antes ferindo e manchando a imagem que dão à opinião pública). Como acima dito,
ninguém tenha a presunção de afirmar que "na sua casa é que é", só porque não há
casos similares aos da Lusófona. Não há, porventura, com tal gravidade, mas
heresias praxísticas.....são aos pontapés, contribuindo de igual forma para o
actual estado de coisas.
O
"inimigo" a "abater", caros praxistas, não é a opinião pública e muito menos os
jornalistas. O inimigo está nos organismos de praxe, nas praxes, no vosso
círculo, nas vossas instituições. O inimigo chama-se ignorância, invenção e
falta de bom senso e civismo.
Se
a opinião pública não sabe o que é Praxe e julga apenas por aquilo que vê nas
notícias, nas fotos, nos vídeos do youtube, no que vê na rua…………………… ajuíza,
contudo, com base em factos reais e não em ficção, na lenha que lhe fornecemos
(e com que agora, muitos, exigem auto de fé
Se
a opinião pública e os jornalistas caem logo em cima de qualquer problema ligado
a praxes, generalizando e extremando posições, fá-lo com base na imagem e no
produto Praxe que lhes foi “vendido” e publicitado pelos próprios
praxistas, pelos próprios estudantes, ao longo de anos e anos.
Não se faz a defesa da Praxe argumentando que todos
os incidentes que ocorrem são excepções, porque não o são: são apenas o
corolário de práticas já de si envenenadas e condenáveis que deram para o torto
(muitas outras, e muitas outras academias, não tiveram desfechos graves, mas não
deixam de ser práticas altamente
reprováveis).
A
defesa da Praxe e a reabilitação da imagem do estudante e das Tradições
Académicas faz-se com os estudantes a indignarem-se e condenarem essas mesmas
práticas distorcidas e abjectas que inundam as recepções ao caloiro em toda a
geografia portuguesa, e indignando-se com as pessoas que protagonizam esses
actos.
É
isso que a opinião pública espera: ver que os estudantes estão dispostos a fazer
algo mais do que escamotearem, desculparem-se ou sacudirem a água do capote
dizendo que "isso são os outros" ou apenas uns quantos. As pessoas esperam ver
nos estudantes uma mudança e desejo posto em prática de rever posições,
concepções e atitudes, passando a pente fino tudo o que tem sido o cardápio de
pseudo praxes.
A defesa da
Praxe passa por um movimento de contestação interna e de um corporativismo que,
desta vez, faça saltar a lei da rolha (rolha do "isto só é para quem lá
está"), porque quem não deve não teme, não esconde nem faz as coisas às
escondidas. Praxes correctas não temem o escrutíneo seja de quem
for.
A haver caça às bruxas, não é preciso “entrupar” as
academias para fazer a defesa da honra com chavões enganosos de que na sua casa
não é assim ou que isto ou aquilo não é Praxe. As bruxas não estão numa floresta
televisa dos contos dos irmãos Grimm, nem na suposta falta de conhecimento da
parte da opinião pública sobre Praxe. As bruxas vivem e reinam nas academias,
alimentadas pela passividade e consentimento de todos, de todos os que por falta
de informação e espírito crítico não questionam as práticas, os códigos e os
seus organismos de praxe, não procuram saber e fundamentar o que fazem,
repetindo sem critério e depois fazendo o papel de madonas ofendidas, quando se
lhes diz que estão errados.
E
quando leio, em alguns sites, a sugestão de um debate com a participação de
representantes dos conselhos de praxe, ou do tal organismo nacional de
praxe…………acreditem que tremo que nem varas verdes, sabendo que entregar a defesa
da Praxe a esses organismos é cometer suicídio, pois virão com o mesmo argumentário saloio de que
não conseguem supervisionar tudo e todos, que são casos excepcionais, que
assinaram uma carta de princípios, que punem os infractores ou que “aquilo” não
é Praxe. Na prática…….. continua tudo na mesma, grosso modo.
Alguém os viu a promover a formação e informação? É o debate das questões a base da sua acção integradora? São esses organismso fonte de conhecimento, excelência e rigor no tocante aoconhecimento sobre Tradição Académica e sobre lisura de procedimentos?
Pois.........................
Alguém os viu a promover a formação e informação? É o debate das questões a base da sua acção integradora? São esses organismso fonte de conhecimento, excelência e rigor no tocante aoconhecimento sobre Tradição Académica e sobre lisura de procedimentos?
Pois.........................
Para enterrar a praxe não é precisa a opinião
pública ou supostos jornalistas mal intencionados………. Para enterrar a praxe
temos tido, ao longo destes anos de anos, coveiros com fartura, formados nas
praxes, e muitas vezes ostentando cargos praxísticos, coveiros de “capa e
batina” que fazem das suas colheres orgulhosas
pás.
Há
que reconhecer que a tragédia do Meco apenas se tornou a gota de água para um
acumular de situações diversas que, em menor ou maior grau, se inscrevem na
lista de causas para o actual estado a que se
chegou.
É
preciso dizer basta e começar a fazer uma limpeza, uma renovação, desde logo de
mentalidades.
De
nada vale apregoar que a Praxe tem aspectos fantásticos ou que determinados
filmes são parciais e só mostram o lado “negro” das coisas. Enquanto existir um
lado negro, de nada vale tentar tapá-lo ou menoriza-lo com campanhas de
contra-informação e limpeza da imagem.
Enquanto os problemas não forem resolvidos
internamente, enquanto o edifício académico continuar a sofrer de degradação e
falta de manutenção, nenhum taipal ou grafiti artístico irá disfarçar os
buracos, as estruturas danificadas que ameaçam fazer ruir a
construção.Se os praxistas e organismos de Praxe querem fazer algo, de facto, em favor da Tradição Académica, comecem por aceitar e reconhecer as suas falhas e procurem eliminar as más práticas, desde logo fazendo uma revisão dos códigos e apostando na sua própria formação, com base em informação credível, ao invés de inventarem tra(d)ições, interpretarem sem saberem ou acharem que o assunto não diz respeito a ninguém.
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O
que se passou no Meco não deve ser esquecido, antes servir de pretexto para
mudanças profundas. Que nada fique como dantes, sob pena de se estar a
auto-desferir o golpe definitivo na Praxe.
Todos aqui saem a perder, desde logo as famílias
cujo sofrimento não pode ser maior (mais ainda depois de começarem a realizar
oque de facto se passava na Lusófona).
O
N&M endereça condolências aos familiares, solidarizando-se com a sua dor,
pois a perda é irreparável, independentemente da inexplicável insconsciência
daqueles miúdos.
Todos saem a perder, porque também a imagem da
Praxe (e porventura de outras organizações) foi fortemente abalada. Mas já
precisava desse abanão, porque se chegou a um ponto de ruptura necessário há
muito.
Podermos ter algo a ganhar, quando as pessoas
perceberem que há que redescobrir o que é Praxe (e o que mais temos é ignorância
nesse capítulo), e procurarem adequar as suas “tradições” à Tradição, de facto
(e, para isso, é preciso investigar e pesquisar)."
Nota - O texto que leram foi inteiramente surripiado aqui. Devo dizer que só tomei conhecimento deste texto através do Ricardo Cerqueira, que, tal como a Maria Moita, foi meu aluno um dia. Orgulho-me muito por esse facto. E por eles sairem a terreiro nesta hora difícil.
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