segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Novas (Más) de Amarante - A Palavra a João Taveira Sobre a Aquisição do Terreno do Rossio

A fotografia foi retirada daqui

Novas (Más) de Amarante - A Palavra a João Taveira Sobre a Aquisição do Terreno do Rossio

A história conta-se em duas penadas. A Câmara Municipal de Amarante conseguiu aprovar, precisou da abstenção do ps, obrigada ps! a compra de um enorme terreno ribeirinho, terreno com uma localização do mais nobre que pode existir em Amarante, mesmo mesmo sobranceiro ao Tâmega, e, pasme-se!, pretende fazer dele um imenso parque de estacionamento para acomodar cerca de 300 veículos ligeiros e 10 autocarros. A ideia é peregrina, para não lhe chamar outra coisa e não lembra nem ao diabo. Num tempo em que as cidades lutam para retirar os carros dos centros, aqui em Amarante reservam-se terrenos de primeiríssima água para quê? Pois para fazer um parque de estacionamento, pois então! Num tempo em que outras cidades requalificam frentes ribeirinhas libertando-as da tralha dos automóveis, aqui em Amarante reservam-se férteis e magníficos terrenos de aluvião para quê? Pois, para as manchas de óleo que cairão dos veículos de quatro rodas e afins conspurcando as terras em leito de cheia.
De notar, e para quem não conhece Amarante, que a cidade é uma cidade a bem dizer  "forçada" pois é tão pequena tão pequena que devia ser, ainda hoje, uma vila e assim estaria a condizer a bota com a perdigota, ou seja, a dimensão com o estatuto. Mas voltemos ao assunto de hoje.
A cidade percorre-se toda a pé de uma ponta à outra em... vá lá... a lançar olhares para as montras... em 20 minutos. Bem sei que é necessário arranjar estacionamento para quem nos visita, que no momento é recebido debaixo da ponte, sim, leu bem, Amarante está a receber muitos dos turistas que nos visitam literalmente debaixo da ponte, mas não seria mais adequado construir pequenos parques estrategicamente espalhados nas entradas da cidade ou mesmo no seu miolo do que fazer um parque de estacionamento gigantesco para a escala da cidade?
Pessoalmente gostaria de ver esta zona da cidade devolvida plenamente à Natureza, gostaria que estes terrenos fossem restituídos a Amarante e aos seus cidadãos para fruição destes em total harmonia com o arvoredo, o rio que passa, a passarada que esvoaça louca.
Fico a aguardar o projecto do parque de estacionamento com uma certeza - se o entregarem ao obreiro de São Pedro... o melhor é fugir!
E agora dou a palavra ao meu queridíssimo João Taveira, aluno já referenciado um dia neste blogue. E tenho de fazer um sublinhado - estou contente por o ver intervir, esgrimir os seus argumentos. Afinal, esta é a nossa terra, certo Taveira? E quem sempre cala, tudo consente.

João Taveira Parece-me descabida a compra de um terreno desta dimensão para a construção "devidamente enquadrada" de um parque de estacionamento, principalmente neste local. Este local possui de facto "excelentes condições", pela sua excelente exposição solar, pela proximidade ao centro, ao rio, pela sua vista, pela proximidade à zona da Ribeira de Santa Luzia e à zona da Torre, áreas em que é imperativa uma intervenção urbana e social e que, já agora, mereciam estatuto de local histórico. Todo este núcleo é um dos berços industriais da cidade, ligado por excelência ao nosso rio e onde ficaram vestígios (mal) esquecidos, visíveis desde as Azenhas dos Morleiros (imediatamente adjacentes), passando pela arquitectura habitacional-moageira, até à ponte férrea da antiga linha de comboios. Amarante não precisa de mais um parque de estacionamento para ser utilizado exclusivamente em dias raros de festividades. Nos restantes 300 e muitos dias, mesmo ao lado, há imenso património que ali permanece, merece ser preservado e que carece das devidas intervenções com vista à melhoria da qualidade de vida dos que (ainda) lá vivem, à preservação e à divulgação, melhor dando a conhecer a herança histórica da cidade.

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