sábado, 14 de janeiro de 2017

Sexta às 9 / Sexta às 11

Imagens retiradas daqui

Sexta às 9 / Sexta às 11

Soube da reportagem sobre manuais escolares e negócios associados, passada ontem na RTP2 e na RTP3, no blogue do Paulo Guinote. Também foi no "Meu Quintal" que soube que o Paulo iria participar num debate sobre este tema que ocorreria no Sexta às 11 e, confesso, até foi mais pela sua presença que o vi do início ao fim.
A reportagem foi curta. O debate foi igualmente curto. A dada altura, já nem sei como, estava lançada a ideia que os professores portugueses, esses malandros corruptos que talvez estejam a ser corrompidos pelas editoras, quiçá com esferográficas e agendas foleiras, quiçá com manuais para os filhos! -aviso desde já que nunca nenhuma editora me ofereceu qualquer manual para a minha filha enquanto ela foi estudante! - e que virou moda denegrir transformando-os em sacos de porrada ou em bombos de festa rija, poderão ser os responsáveis pela volatilidade com que se encostam manuais neste país e se aprovam novos manuais, como se os professores portugueses tivessem o poder de definir prazos durante os quais os manuais devem vigorar, como se os professores portugueses andassem a brincar às metas e às metinhas, aos programas e programinhas, numa brincadeira de mete e tira, que visa, sei lá eu!... talvez tornar obsoletos esses mesmos manuais? Sei lá eu... que visa contornar a lei, que o próprio ministério, na pessoa de alguém ou de alguns, previamente definiu e aprovou, e que se traduz num prazo de seis anos para alterar o manual aprovado? E tudo isto para inglês ver?! E tudo isto para enganar distraídos?!  
Não, não associem os desgraçados dos professores a este negócio de milhões que, quando muito, engordará peixe já muito graúdo. Os Professores Portugueses estão de saco cheio! De saco cheio com a volatilidade do mete e tira, de saco cheio porque brincam com o seu trabalho, de saco cheio com as insinuações de que são alvo sistematicamente a propósito de tudo e de nada.
Aqui fica um aviso. Eu, professora de História, não dependo de qualquer editora para leccionar. Aliás, já por diversas vezes referi neste blogue que sempre tive dificuldade em me ajustar ao trabalho pensado por outros, às actividades pensadas por outros, incluindo as editoras. Sou dona de um manual que está on-line, aberto para quem o quiser utilizar, de alunos a encarregados de educação... passando também por professores que não sintam a minha dificuldade de ajustamento ao trabalho produzido por outros. Estão aqui as aulas de 7.º ano, estão aqui as aulas de 8.º e estão aqui as aulas de 9.º ano... à espera da última moda lançada pela tutela. Estas aulas estão associadas a links que remetem para as minhas páginas de recursos em PowerPoint que podem ser vistas se clicarem aqui e aqui e aqui. E sim, é verdade, eu posso dispensar em três tempos todas as editoras fazendo poupar aos pais e encarregados de educação dos meus alunos milhares e milhares e milhares de euros. Mas posso mesmo? Mesmo? Pois não posso. Não existe enquadramento legal para tal coisa.
E por último só quero dizer e deixar aqui escrito que chocante mesmo foi ver dois ex-ministros da Educação a falarem como se a responsabilidade neste estado a que chegamos não fosse também deles. Que lata!
Olhem, responsabilidade minha é que não foi! Garanto-vos que não carregarei esse peso. Porque não é da minha responsabilidade a obrigatoriedade da compra pelos pais/encarregados de educação de qualquer manual, seja ele de História, de Matemática ou de Chinês.

Nota - Obrigada Paulo Guinote por ontem defenderes toda uma classe profissional de mais um enxovalho.

Sem comentários:

 
Creative Commons License This Creative Commons Works 2.5 Portugal License.