sábado, 18 de outubro de 2008

Light Blue



Light Blue

Eu e a maioria dos meus ex-alunos continuamos a encontrar-nos amiúde na escola. São tempos de sorrisos e risos cúmplices, que isto de convivermos semanalmente durante três anos tem que se lhe diga. "Professora, professora! Diga lá... tem saudades do 9.º F? Professora, professora"... e a pergunta repete-se com os meus ex-alunos do 9.º G e do 9.º H. Eu lá lhes respondo, entre risos e sorrisos, que sim, que tenho saudades, o que corresponde inteiramente à verdade. E eles sabem isso, muito embora esteja já noutra, à procura de estabelecer uma relação, igualmente confortável, com as minhas pulguinhas pequeninas de 7.º ano, com os meus, nalguns casos pulgões, alunos dos CEF.
A V, minha ex-aluna do 9.º F tem-me deixado a sorrir com um sorriso do tamanho da minha Barca. Pela segunda vez, ao aproximar-se de mim, diz-me com um sorriso aberto e feliz, espelhado na sua cara linda "Professora, que cheirinho a aulas de História!"
A última vez foi ontem mesmo e, propositadamente, conto este episódio da minha vida profissional depois do de ontem. Primeiro o muito mau e só depois o muito bom... para saborear, saborear e tornar a saborear, durante o meu fim-de-semana reduzido a Domingo.
Pelos vistos as minhas aulas de História cheiram a perfume. Pelos vistos as minhas aulas de História cheiram a Light Blue, o perfume fresco e colorido, enérgico e floral, claro e quase cristalino a que continuo fiel...
Já o disse inúmeras vezes neste blogue: o melhor da Escola são os alunos. Mas também é certo que estaria a cometer uma grande injustiça se me esquecesse da gente bem formada que me acompanha a vida na ESA. O A, o H, a S, a L, a E, o P, a C, a G... com quem fui estabelecendo uma relação de verdadeira amizade que, nalguns casos, extravasou a escola.
Segunda lá estaremos para as gargalhadas e protestos do costume, no bar.

9 comentários:

maria eduarda disse...

E é por isso que não podemos "esmorecer". Bôa nôte!

Anabela Magalhães disse...

É por estas e por outras, não é linda?
Bôa nôte!

Elsa C. disse...

Sim, de facto o que interessam são os alunos e a herança informativa e afectiva que lhes legamos. A teia de cumplicidades que com eles se gera é fundamental. Para eles porque os ajudamos a crescer; para nós, que gostamos que o nosso trabalho seja reconhecido. Há alunos do 12º ano, que já não têm filosofia, que me procuram. Amanhã até combinei estar com alguns no departamento, por causa do seu projecto. São os sorrisos, os cumprimentos (eu que não sou dada a beijoquices dentro daquela escola, sou bombardeada com beijinhos tanto por elas, como por eles.) Aliás, esta semana um desses alunos entrou-me na sala, por engano, e perante a estupefacção da turma do 10º ano, deu-me um beijinho e voltou a sair. Isto é humanização. É que o acto de Educar não se esgota nos conteúdos curriculares. Educa-se a sensibilidade. Educam-se as atitudes.
E para eles, sejam ou não meus alunos, terei sempre disponibilidade.
E tens razão, Anabela: há alguns(poucos, muito poucos) colegas que fazem parte desta teia de cumplicidades.

Elsa C. disse...

Ah, esqueci-me de escrever algo importante: se muitos colegas tivessem sido educados nos planos dos valores e dos afectos não fariam as tristes figuras a que assisti, e tu também, durante esta semana!
Para esses, a minha tolerância é/será zero, a minha disponibilidade inexistente e as minhas reacções estarão sempre à altura das situações!

Anabela Magalhães disse...

Educa-se a sensibilidade. Educam-se as atitudes. Educam-se os comportamentos. Educam-se os sentimentos. Não para formatar tudo pela mesma bitola, mas para que cada um saiba assumir as suas responsabilidades aqui nesta vida que não nos dá a hipótese de rebobinar tudo e voltar a viver. Os cartuchos vão-se queimando, uns atrás dos outros e as aprendizagens têm de se ir fazendo sob pena de não serem feitas. E o estado em que nos chegam alguns miúdos!! Só nós sabemso, não é assim?
Vai daí este é um dos aspectos que me coloca em rota de colisão ciom este modelo de avaliação. Porque me retira disponibilidade para os afectos. As aulas continuam a ser dadas, agora com mais esforço, porque bastante cansada, mas sempre de sorriso nos lábios, sempre dizendo uma piada, sempre soltando uma gargalhada de uma piada tentando estabelecer a tal teia de afectos que é obrigatória para que haja aprendizagens confortáveis. Mas depois, o que nos rodeia cada vez mais é uma vida profissional estéril, lutando contra grelhados que nada, nada acrescentam à qualidade da aula.
A ver vamos no que isto dá.

Anabela Magalhães disse...

De facto esta semana foi pródiga em ataques rasteiros, tão rasteiros que nem ao nível da sarjeta chegaram.
Eu não escapei a estes ataques rasteiros. Sei que tu também não. Conheço-me o suficiente para saber que a minha rota jamais se encontrará sequer com semelhante rota, com uma rota de ataques dissimulados, violentos, atentadores da dignidade pessoal, baixos, mesquinhos, invejosos, destruidores. Conheço-te o suficiente para saber que contigo se passa exactamente o mesmo e por isso, entre outras coisas, te reservo o lugar de Amiga. Entendemo-nos.

Elsa C. disse...

Completamente, A.A.: Amiga Anabela.

maria eduarda disse...

Completamente de acordo!
Quantas vezes os conteúdos curriculares são ultrapassados por momentos de afecto, de atenção, de amizade, perante alunos que, em dada altura precisam de nós como a professora/amiga/confidente/mãe/irmã. Isso não nos podem tirar, de modo nenhum.
É com afecto que os nossos alunos se tornam pessoas cada vez mais bonitas, e nós com eles.
Uma bôa nôte à Elsa e para ti.
Bjs

Anabela Magalhães disse...

Isso não nos tirarão.
Fica bem Maria Eduarda.

 
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