Carolina Beatriz Ângelo nasceu na Guarda a 16 de Abril de 1878 e morreu, precocemente, em Lisboa, a 3 de Outubro de 1911. Pelo caminho formou-se em medicina, foi cirurgiã, especializou-se em ginecologia, foi militante da Liga Republicana das Mulheres, fundadora e presidente da Associação de Propaganda Feminista, foi republicana, sufragista.
A 28 de Maio de 1911, nas eleições para a Assembleia Constituinte, converteu-se na primeira mulher a votar em Portugal baseada na legislação que concedia o voto aos "cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família" Ora, Carolina Beatriz Ângelo cumpria todos os requisitos pois tinha uma filha, era viúva... e fez por isso. Depois de ver recusada a sua pretensão pela comissão recenseadora, apresentou recurso em tribunal e ganhou-o com estas exactas palavras do juiz João Baptista de Castro "Excluir a mulher (...) só por ser mulher (...) é simplesmente absurdo e iníquo e em oposição com as próprias ideias da democracia e justiça proclamadas pelo partido republicano. (...) e mando que a reclamante seja incluída no recenseamento eleitoral."
Claro que os sacanas dos gajos republicanos, mandantes e por certo amedrontados pela possibilidade de perda do controlo da coisa política, e pelo que o mulherio poderia fazer com o direito de voto, alterou a lei logo em 1913 e vedou-o às mulheres pela Lei nº3 de Julho.
Mas o caminho fora aberto, irremediavelmente aberto.
E assim chegamos ao dia de hoje, dia em que o povo, composto por homens, mulheres e o mais que por aí anda, votou e disse de sua justiça.
Antes de mais nada, parabéns a todos quantos venceram hoje as eleições. Parece que somos quase todos vencedores, não é assim? À excepção do PS, a fazer m**** há quinhentos mil anos... ok, estou a exagerar um bocadinho... há satisfações para todos os gostos - a coligação perdeu a maioria absoluta, portanto foi penalizada nas urnas pela população, ok, ok! não tanto quanto poderia ser penalizada... mas a sério, o PS de António Costa nunca se conseguiu afirmar como uma alternativa de confiança ainda mais depois de não limpar a tralha socrática, ainda mais depois de fazer uma campanha desastrada até dizer chega!, os principais partidos à esquerda do PS subiram ou mantêm-se estáveis, a esquerda detém a maioria dos votos dos portugueses... e sim, isto está um cenário complicado... e vai daí hoje há gente feliz, aos pulos, indiferente, chateada, em lágrimas... sim, ao PS, nestas circunstâncias, bastaria ter-se feito de morto... furibunda, angustiada, desapontada... eu sei lá!
E assim chegamos ao dia de hoje, dia em que o povo, composto por homens, mulheres e o mais que por aí anda, votou e disse de sua justiça.
E agora, os portugueses têm aquilo que merecem? É caso para psiquiatria?
E só para terminar. agradecida, Carolina Beatriz Ângelo! Espero nunca te deixar ficar mal! Hoje, lá fui votar...
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