Loba Capitolina - Roma
Fotografia de Renato Pinto
Falo delas aos meus alunos sempre que abordo a hominização e sempre que lhes friso que se nós somos aquilo que somos, hoje, isso se deve, para além das capacidades em potencial que já carregamos dentro de nós à época do nosso nascimento, a toda uma socialização e aprendizagem que é feita quotidianamente e que faz de nós seres bem pensantes, bem andantes, bem escreventes, bem falantes... ou não, isto para o caso desses estímulos não se darem de todo e serem até dados outros, mesmo se de sentido oposto... caso da bipedia que, à partida, poderia ser dado como uma conquista adquirida e ponto final mas que, afinal, não é a adoptada em alguns casos de crianças selvagens que se movimentam usando os quatro membros, imitando, assim, a forma de locomoção usada pelos animais entre as quais cresceram. Claro que as capacidades, à partida, estão lá todas, mas, se não forem estimuladas, se as aprendizagens não se fizerem nos momentos certos, nas horas certas, não há génio que se aguente e a genialidade ficará impedida para sempre de se revelar.
Ora, algumas destas histórias de crianças selvagens foram recriadas em fotografias que têm tanto de belo como de perturbador e que podem ser vistas aqui assim como os textos que contextualizam cada caso recriado pela fotógrafa alemã Julia Fullerton-Batten.
Curioso é que estas histórias das crianças selvagens são mais antigas do que, à partida, se poderia pensar e este parece ser o caso subjacente à lenda da fundação de Roma que tem como pano de fundo uma história deste tipo - segundo a lenda, Roma foi fundada em 753 a. C. pelos gémeos Rómulo e Remo, antes atirados ao rio por um tio, salvos por uma loba que os amamentou..., - lenda expressa na estátua da Loba Capitolina, se bem que só a loba é uma escultura da época romana, sendo os gémeos um acrescento renascentista.
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