quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A Vergonha Ultrajante da Escravatura


A Vergonha Ultrajante da Escravatura

Na última aula de História abordei este terrível problema a propósito da escravatura em larga escala que se estabeleceu no decurso da expansão europeia e que, vejamos a coisa pelo prisma que entendermos, só nos pode deixar a todos envergonhados. De facto, muita da prosperidade conseguida pelos europeus fez-se à custa deste trabalho forçado e não remunerado, o melhor que há para patrões sem escrúpulos, que olham para o outro, igual a ele, e o vêem como um simples animal de carga a quem basta alimentar com o necessário para que ele aguente o trabalho no dia seguinte. Sim, é certo, a escravatura, no passado, decorreu de uma outra mentalidade vigente, de um olhar sobre o outro diferente do actual e blá blá blá... mas, não há volta a dar, não há desculpa a arranjar, a escravatura também é o resultado de uma mentalidade que ainda hoje existe e que visa o lucro a qualquer preço, de uma mentalidade que ainda está aí, passados todos estes anos da abolição, em gente capaz de vender a alma ao diabo à conta de mais vil metal.
Portugal, depois de decretar a liberdade dos escravos desde 1854, tornou-a completamente ilegal a partir de 1869. Em 1980, parece impossível não é?, a Mauritânia legislou ainda neste sentido depois de outras tentativas anteriores e tornou-se o último país a abolir a escravatura.
E, no entanto, a escravatura acabou? Pois não acabou, porque uma coisa é legislar, outra coisa é efectivar essa legislação, implementando-a no terreno, tornando-a coisa indigna dentro da cabeça de cada um. E é assim que chegamos aos dias de hoje onde este ultraje ao outro se continua a fazer, quantas vezes à conta de redes transfronteiriças, verdadeiramente internacionais, que traficam gente aproveitando-se da sua débil condição e que urge combater.
A escravatura subsiste e, por vezes chega às parangonas dos jornais denunciada ou desmantelada por quem se importa pelo outro que é igual a si. Reveste-se, claro, de novas formas, pinta-se, claro, de novos matizes, no entanto sempre sempre coisa profundamente indigna de qualquer ser humano que se preze de o ser.

Autarca denuncia "trabalho escravo" no Alqueva

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