Fotografia de Joaquim Teixeira Pinto
É verdade que a Escola falha todos os dias. Falha relativamente a alunos que vão ficando para trás, que se perdem no percurso, que não valorizam a escola nem nunca valorizarão, que não desenvolvem por completo todas as suas capacidades onde se inclui a capacidade de análise, o espírito crítico, a capacidade argumentativa, a capacidade de relacionar assuntos, o pensamento autónomo que se afirma a descoberto do rebanho, a criatividade... a capacidade e a coragem de dizer não, um não que se quer pensado, amadurecido, fundamentado.
Um dia escrevi neste blogue sobre a importância das vozes não concordantes para o nosso crescimento interior enquanto seres humanos com obrigação de fazerem hoje melhor do que o que fizeram ontem, para o crescimento saudável das próprias instituições.
(...) A crítica construtiva é fundamental à evolução, porque nos abre novas perspectivas, nos leva a novas reflexões e descobertas, só possíveis se rodeados por gente que nos diz sim ou não dependendo daquilo que pensa.
Se a aspiração das chefias for o estarem rodeadas por gente que só abana a cabeça e diz amém, como pode haver evolução motivada pela interacção entre gente que usa os seus neurónios produtivamente?
Não gosto de listas únicas. Nunca gostei. Não gosto de pensamento único. Nunca gostei.
Gosto de opções, de escolhas que se fazem conscientemente. (...)
É por isso que hoje não posso deixar de sentir um orgulho descomunal sempre que vejo alunos que foram meus um dia, que foram nossos um dia, que frequentaram esta Escola Pública que eu amo, com capacidade e coragem para dizerem e escreverem um Não informado, sustentado, construído, sólido.
E não posso deixar de pensar que, se é verdade que a Escola vai falhando aqui e ali, a verdade é que também acerta muitas vezes ao conseguir trabalhar um currículo que está oculto e que é tão ou mais importante que o currículo previsto para cada disciplina.
Assim, obrigada João Taveira! Obrigada, Maria Moita! Pelos exemplos. E tudo isto a propósito da transformação de um imenso terreno ribeirinho, o melhor do centro histórico, num gigantesco parque de estacionamento.
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