Na actualidade, vivemos em sociedades mais ou menos agressivas, mais ou menos violentas. Podemos afirmar que, no fundo, sempre assim foi, desde os tempos mais remotos em que percorríamos o lento caminho da hominização, muito embora esta agressividade e esta violência, que parecem ser inerentes à condição humana, se tenham vestido de diversos cambiantes e matizes, mais ou menos disfarçados, mais ou menos óbvios. E é assim que constatamos que só muito pontualmente o Homem conseguiu libertar-se de toda e qualquer agressividade, de toda e qualquer violência e, o mais das vezes, assistimos ao irromper delas de forma ora lenta, ora tempestuosa e abrupta, quer seja na sua forma colectiva, com sociedades inteirinhas a mergulharem no caos, quer seja na sua forma individual.
As escolas, nas populações que as frequentam, não escapam a esta violência e agressividade muito embora também aqui se façam sentir inúmeras diferenças entre diferentes escolas, por vezes até próximas, geograficamente falando.
A violência e a agressividade não são fatalidades insanáveis para as quais não existem soluções. Mesmo em meios sócio-culturais desfavorecidos e complicados é possível estancar a agressividade e a violência através de uma cultura praticada do seu contrário, da não agressividade e da não-violência.
Nas escolas, a erradicação destas disfuncionalidades sociais tem de ser tentada até à exaustão. Porque as escolas são habitadas pelo futuro de uma casa comum chamada Terra, incorporado nas camadas mais jovens que todos os anos nos entram salas adentro e se movimentam nos recintos escolares, geração após geração. E porque este auto-controlo treina-se e adquire-se durante o crescimento tal e qual como quem aprende a usar uma faca e um garfo, e vou excluir daqui as pessoas que sofrem de doenças específicas que podem alterar irremediavelmente os comportamentos de qualquer criatura, só há uma coisa a fazer, por princípio - os adultos que povoam as escolas, com especial relevo para professores e assistentes operacionais têm de conseguir transmitir uma mensagem muito simples mas que na prática por vezes se torna bem complexa - Se há uma agressão verbal sobre alguém, esse alguém deve/tem de procurar de imediato um adulto e dizer-lhe o que se está a passar; se há uma agressão física sobre alguém, esse alguém deve/tem de proceder de igual modo. E de igual modo deve proceder quem é mero observador. Desta forma, contando com a rápida intervenção de um adulto dentro da escola, a agressividade e violência têm fortes probabilidades de serem estancadas, coisa que não ocorre em situações em que os alunos passam à acção por eles próprios, situações a que todos nós já assistimos dentro dos recintos escolares e também fora deles e que se traduzem num progressivo agravamento da agressividade e da violência dos comportamentos. Porque palavra torta puxa palavra torta e às tantas um chama o outro de burro que, por sua vez, recebe um mimo de estúpido, e vai daí um deles é um verdadeiro filho da p*** e o outro não admite que lhe insultem a mãe e prega-lhe um par de tabefes a que o outro responde com dois socos e uns valentes pontapés e depois, porque passa um amigo de um deles que resolve ir em seu auxílio, já são três os envolvidos na luta pois chegam mais três... e por aqui adiante acabando, quantas vezes, em miúdos feridos com mais ou menos gravidade que só param porque obrigam os adultos a meterem-se literalmente no meio dos galifões, com riscos para a própria segurança porque às tantas já não são miúdos que ali se enfrentam mas sim feras, autênticas feras possuídas pela agressividade e pela violência, a revelarem comportamentos que já não são normais porque completamente fora de si, completamente fora de qualquer capacidade de auto-controlo.
É claro que muito mais poderia ser dito mas o post já vai longo e não me quero afastar deste princípio básico que é a necessidade da cultura de não agressividade e de não violência ter mesmo de ser trabalhada nas escolas desde a mais tenra idade e, ainda mais importante, de ser praticada.
E, é claro, antes disto tudo existem os pais, os encarregados de educação, as famílias que têm um papel determinante em tudo isto que eu estive para aqui a dizer.
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