quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Por Uma Cultura de Não Violência nas Escolas


Por Uma Cultura de Não Violência nas Escolas

Na actualidade, vivemos em sociedades mais ou menos agressivas, mais ou menos violentas. Podemos afirmar que, no fundo, sempre assim foi, desde os tempos mais remotos em que percorríamos o lento caminho da hominização, muito embora esta agressividade e esta violência, que parecem ser inerentes à condição humana, se tenham vestido de diversos cambiantes e matizes, mais ou menos disfarçados, mais ou menos óbvios. E é assim que constatamos que só muito pontualmente o Homem conseguiu libertar-se de toda e qualquer agressividade, de toda e qualquer violência e, o mais das vezes, assistimos ao irromper delas de forma ora lenta, ora tempestuosa e abrupta, quer seja na sua forma colectiva, com sociedades inteirinhas a mergulharem no caos, quer seja na sua forma individual.
As escolas, nas populações que as frequentam, não escapam a esta violência e agressividade muito embora também aqui se façam sentir inúmeras diferenças entre diferentes escolas, por vezes até próximas, geograficamente falando.
A violência e a agressividade não são fatalidades insanáveis para as quais não existem soluções. Mesmo em meios sócio-culturais desfavorecidos e complicados é possível estancar a agressividade e a violência através de uma cultura praticada do seu contrário, da não agressividade e da não-violência.
Nas escolas, a erradicação destas disfuncionalidades sociais tem de ser tentada até à exaustão. Porque as escolas são habitadas pelo futuro de uma casa comum chamada Terra, incorporado nas camadas mais jovens que todos os anos nos entram salas adentro e se movimentam nos recintos escolares, geração após geração. E porque este auto-controlo treina-se e adquire-se durante o crescimento tal e qual como quem aprende a usar uma faca e um garfo, e vou excluir daqui as pessoas que sofrem de doenças específicas que podem alterar irremediavelmente os comportamentos de qualquer criatura, só há uma coisa a fazer, por princípio - os adultos que povoam as escolas, com especial relevo para professores e assistentes operacionais têm de conseguir transmitir uma mensagem muito simples mas que na prática por vezes se torna bem complexa - Se há uma agressão verbal sobre alguém, esse alguém deve/tem de procurar de imediato um adulto e dizer-lhe o que se está a passar; se há uma agressão física sobre alguém, esse alguém deve/tem de proceder de igual modo. E de igual modo deve proceder quem é mero observador. Desta forma, contando com a rápida intervenção de um adulto dentro da escola, a agressividade e violência têm fortes probabilidades de serem estancadas, coisa que não ocorre em situações em que os alunos passam à acção por eles próprios, situações a que todos nós já assistimos dentro dos recintos escolares e também fora deles e que se traduzem num progressivo agravamento da agressividade e da violência dos comportamentos. Porque palavra torta puxa palavra torta e às tantas um chama o outro de burro que, por sua vez, recebe um mimo de estúpido, e vai daí um deles é um verdadeiro filho da p*** e o outro não admite que lhe insultem a mãe e prega-lhe um par de tabefes a que o outro responde com dois socos e uns valentes pontapés e depois, porque passa um amigo de um deles que resolve ir em seu auxílio, já são três os envolvidos na luta  pois chegam mais três... e por aqui adiante acabando, quantas vezes, em miúdos feridos com mais ou menos gravidade que só param porque obrigam os adultos a meterem-se literalmente no meio dos galifões, com riscos para a própria segurança porque às tantas já não são miúdos que ali se enfrentam mas sim feras, autênticas feras possuídas pela agressividade e pela violência, a revelarem comportamentos que já não são normais porque completamente fora de si, completamente fora de qualquer capacidade de auto-controlo.
É claro que muito mais poderia ser dito mas o post já vai longo e não me quero afastar deste princípio básico que é a necessidade da cultura de não agressividade e de não violência ter mesmo de ser trabalhada nas escolas desde a mais tenra idade e, ainda mais importante, de ser praticada.
E, é claro, antes disto tudo existem os pais, os encarregados de educação, as famílias que têm um papel determinante em tudo isto que eu estive para aqui a dizer.

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