domingo, 7 de março de 2010

Avalição/Classificação



Avaliação/Classificação

O problema que hoje vou apresentar prende-se com as avaliações, e posteriores classificações, a que os nossos alunos estão sujeitos, no final de cada período, e no final do ano lectivo e que, neste caso, decidirão a sua passagem ou retenção.
Comecemos por alguns esclarecimentos prévios.
Ponto um - A avaliação, e posterior classificação de final de período, ou de final de ano, dependem em absoluto dos critérios em vigor para cada disciplina, numa dada escola.
Ponto dois - Não há o mínimo de uniformização de critérios a nível nacional, nem mesmo a nível de uma mesma escola, entre os diversos grupos disciplinares, que podem decidir assim ou assado, o que se reflecte em avaliações/classificações absolutamente díspares.
Ponto três - Valha-nos que pelo menos na minha escola há critérios de avaliação comuns entre o corpo docente que lecciona História do 3º Ciclo - falo do que sei, e sei que o sermos só duas ajudou ao consenso.
O facto de andar a saltaricar de escola em escola ginasticou-me os neurónios suficientemente bem para saber que os meus alunos, conforme frequentem a ESA ou a EB 2,3 de Amarante, para dar dois exemplos que conheço bem, terão notas, nos finais de período e no final de ano, absolutamente diversas, sendo que as notas dos testes são exactamente as mesmas.
Os critérios de avaliação são públicos, presumo que em todas as escolas deste país, e assim devem permanecer, para o bem e para o mal. Partilho desta visão sobre uma avaliação que quero cada vez mais cheia de sol, em que os alunos conhecem a mecânica do processo e em que o processo não está fechado a sete chaves e no segredo dos deuses. Assim comecei a fazer. Assim continuarei. E assim nos entendemos. Eu e eles. Eles e eu. Eles um pouco espantados por terem acesso às vísceras.
E eis que me deu para fazer um exercício mui simples com as notas do 1º período.
Imaginemos que estamos no final do ano, e que as avaliações e posteriores classificações são decisivas para o apuramento das passagens e das retenções dos meus alunos.
Tenho 99 alunos distribuídos por 6 turmas - excluí a minha turma de CEF deste exercício.
Se os meus alunos fossem avaliados como eu fui, média dos testes, ou seja, somente pelos conhecimentos demonstrados numa prova escrita, e que no gráfico está representado na coluna Exame, eu teria 34 chumbos/retenções e 65 passagens de ano.
Pelos meus critérios, eu chumbaria 10 alunos e passaria 89.
Pelos critérios da EB, chumbariam 4 alunos e passariam 95.
Pelos critérios da ESA, chumbaria 1 e passariam 98 alunos.
Sendo que este exercício de simulação foi realizado, volto a frisar, com os meus alunos, que são os mesmos em qualquer caso, as notas são exactamente as mesmas e eu sou a mesminha também.
O que mudou então, entretanto? Pois, apenas os critérios de avaliação.
Fiz-me entender?

Nota - Isto é difícil de entender?

20 comentários:

Anónimo disse...

Anabela Magalhães.

Biólogo/professor, percorro várias páginas que julgo interessantes.
Meu propósito é divulgar o espaço Verde Vida, dedicado à causa ambiental.

Seu blog é inteligente e generoso. Parabéns!

Felicidades em sua jornada!

Anabela Magalhães disse...

Obrigada pela generosidade das suas palavras, Cláudio.
Lá vou xeretar...

Helder Barros disse...

Anabela:

Se formos a pensar no Projecto educativo de Escola e nos Projectos Curriculares de Turma, necessariamente diferentes, como o são os alunos e os seus meios sócio-familiar e culturais, não faz sentido comparar...
Mas como depois temos exames de aferição compara-se tudo, mal, só estatística!
Mas concordo com a tua perplexidade, penso que só poderemos comparar com critérios iguais e eles não o são, mesmo em escolas separadas por metros...
Mas os iluminados da educação nunca me esclareceram desta dúvida: que sentido fazem provas de aferição de projectos educativos diferentes ao nível dos critérios de avaliação... é que essas provas só avaliam a componente cognitiva!
Não sei se me fiz entender, tenho discutido muito isto com colegas, em acções de formação e só fico mais baralhado... inclusive quando fiz a profissionalização em serviço, dá ideia que é cada cabeça, cada sentença!

Anabela Magalhães disse...

Do meu ponto de vista faz todo e sentido comparar, Helder.
Estamos mergulhados na bagunça e a bagunça começa nos conselhos de turma, estende-se aos grupos, entra pelos departamentos adentro, ganha novo gás de escola para escola e assim vai este país...
Mas olha que eu não fiz este post perplexa, pelo contrário, sabia exactamente que o sentido desta simulação seria este - as negativas a tenderem para o desaparecimento, as positivas para o seu contrário.
Na minha disciplina, História 3º Ciclo, não entro com notas de exames que, como sabemos, avaliam exclusivamente, conhecimentos. Ponto final. Mas mesmo ponto final. E todos nós sabemos que estamos impossibilitados, e bem do meu pointo de vista, de avaliar somente conhecimentos.
Qual a lógica disto?
Também gostaria de perceber...

maria eduarda disse...

É fácil de entender e saber que o aluno x, passaria na minha disciplina, com os critérios estabelecidos na minha escola, porventura reprovaria na tua, à mesma disciplina,com os critérios definidos na tua escola. Injustiça? Pois será!

Anabela Magalhães disse...

Pois será, Dudú! Até te digo mais... é mesmo injusto.
Penso nisto amiúde. Macaquinhos no sotão de professora que gosta de pensar a vida...

Elenáro disse...

Esta multiplicidade de critérios também me parece que mereceria mais atenção. Como tu bem demonstrastes, o mesmo aluno podia passar ou não dependendo dos critérios utilizados.

Chamaste a atenção para um sério problema. Mas como resolver? Propões critérios iguais a nível nacional? Achas que resolveria a situação? Não achas que iria por os professores perante o problema de saberem que um dado aluno até tem condições para passar mas devido aos critérios nacionais irá ter de ficar retido?

Há alunos que se dão bem com exames e há outros que são excelentes mas não aguentam o stress dos exames e vão-se abaixo nessas alturas. Se os critérios forem os de cada professor pode-se colmatar estas diferenças. Se forem nacionais não...

Complicado isto das avaliações...

Anabela Magalhães disse...

Pois não tenho resposta, Elenáro, tenho só muitas dúvidas. Por isso fiz este post. Para podermos pensar um pouco em conjunto.
E introduzo outro problema que surjirá com a escolaridade obrigatória até ao 12º ano.
É que até ao 9º ano isto é a feijões.
E depois?

maria eduarda disse...

Eu também penso nisto e na injustiça inerente. :( Seria possível "nacionalizar" os critérios,às mesmas disciplinas e ponto final?
Quando eu estudava era apenas a média dos testes, mas isso actualmente está fora de questão.
Em relação ao secundário, e porque a passagem depende de uma prova escrita, aparecem as discrepâncias. Daí atribuir-se uma percentagem muito elevada ao domínio cognitivo, para amenizar a diferença. É correcto?

Anabela Magalhães disse...

Peço desculpa pela calinada. Reli o comentário e é evidente que é surgirá!
Ai, ai que já pereço a EM@... TODA TARALHOUCA COM O TECLADO DOIDO! Kakakakaka

laura Marques disse...

Hello! E para complicar ainda te falta colocar a subjectividade inerente a cada docente. Todos temos consciência que mesmo existindo critérios adoptados por determinado grupo de uma escola, esse grupo é composto por professores muito diferentes que adoptam estratégias distintas e não só... Há parametros de dificil avaliação...como a oralidade, a participação, as atitudes...
Avaliar é uma tarefa árdua. Apesar de querermos que seja objectiva, ela nunca o é a 100%.
Pelo menos, devemos tentar que seja sempre clara e justa.

Anabela Magalhães disse...

Nem entrei por aí, Laurita, porque isso é uma novela sem fim, cheiinha de subjectividade. Mas fazes bem em entrar com ela para a discussão.
E eu também tento, mas tento mesmo, ser o mais possível justa.
E na dúvida, é certo, jamais prejudicarei um aluno.

Em@ disse...

Chamaste-me taralhouca????
Olha que eu hoje preciso de mimo tou :(.
Trata dem o Cláudio que é meu amigo. Desculpa, eu si que tratas toda a gente bem.:S
Quanto ao post, xiiiiii há tanto para dizer. Tanto para baralhar.Na minha escola é assim. Os crítérios gerais são iguais para todos os grupos (e tenta-se que haja uniformindade com as outras escolas da zona, discutidos os mesmos em reuniões inter-escolas) só são diferentes os critérios das disciplinas e claro dos CA, EFAS e coisa e tal.

Anabela Magalhães disse...

Xi-coração, então!
Ah! Não o conhecia... ao Cláudio... e trato bem sim senhora, que eu sou uma rapariga educada.
Pois cada caso é um caso, Em@, e salve-se quem puder!

Em@ disse...

o "e" de sei fugiu...:(
mas juro que a culpa não é minha.
o cláudio está na lista dos meus blogs de estimação onde está o teu também!
Continuo sem conseguir visitar e ser seguidora do Helder Barros! :(

Helder Barros disse...

Porquê EMA?

Em@ disse...

Helder:
isso queria eu saber...já te respondi no meu blog e depois, tan ...nan....consegui entrar no teu.
Fizesete alguma coisa?
o meu pc é o mesmo e isso só acontecia com o teu blogue.
será por ter mudado para a zonfibra?não sei responder a esta questão!!!

António França disse...

Exercício interessante...

Anabela Magalhães disse...

Esperemos que o informático passe por aqui...
O meu palpite de leiga é que sim...

Anabela Magalhães disse...

Ora viva, França!
Quanta honra tê-lo por aqui, pela caixa de comentários.
Pois deu-me para fazer este exercício, cujos resultados antevia. Não fiquei surpreendida. Antes de o fazer disse a uns quantos que o resultado seria tendencialmente este.
E foi.
Beijocas com saudades...
Ah! Mas há entre nós quem não perceba o exercício...

 
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