quarta-feira, 11 de maio de 2016

Santo Sepulcro

Largo Hiper Mega Medonho - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Santo Sepulcro

Hoje dou a palavra a José Emanuel Queirós, sobre o antigo Largo de S. Pedro, agora Largo Hiper Mega Medonho.

SANTO SEPULCRO
Vai a santa obra sepulcral em aproximação ao seu termo, deixando na estreiteza do largo o lastro de uma estética confessional empedernida, sem que deixem de assaltar as consciências cronistas e "escrivões" que dão a nota e o timbre ao pensamento oficial.
A partidocracia tem essa tendência mediocratizante de haver sempre quem levante as guardas e defenda as serventias, tangendo em grupo as ferradas manadas assistentes em que se estribam e legitimam hostilidades com as cabeças relutantes.
De pedras e acintos anda o mundo cheio de gente farta e compromissada, exultante das gangas e das lavagens plasmadas nos bujardados granitos do ataúde que recobre a eira em devotos formatos.
Dos anjos tocheiros do templo desaparecidos em passos silenciosos, ficam na memória os ornatos alados perdidos para a conveniência de escutados silêncios e omissões.
A moral exaltante do senso de quem o faz para quem o não tem ergue-se silenciosa no compasso defunto em que a cidade tropeça na placidez da sombra ascencionada a lugares de culto.
Mais equívoca e anacrónica não poderia ficar a renovação da praceta, nem São Pedro precisava dessa enormidade flaviense, nem o cingido lugar no casco da velha urbe carecia de tamanha carestia decorativa.

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