sexta-feira, 15 de junho de 2007




Páginas de Álbum de Fotografias
Memórias
Sempre me fez confusão o facto do Artur só ter memórias tardias da sua infância. Eu, em contrapartida, tenho memórias pelo menos a partir dos dois anos. E a minha primeira memória está associada à minha avó Luzia, mãe do meu pai, somente a minha avó preferida. Lembro-me de estar na camita, de pé, agarrada às grades, no quarto dos meus pais, que tinha as paredes todas revestidas a papel, e chamar a minha querida avó "Bim, anda cantá o piu piu!" Esclarecimento um. Eu chamava à minha avó Bim e ao meu avô Pim. Nem eu entendo porquê. A minha mãe sempre me disse que eu comecei a falar e não mais parei e que eu era uma grande trapalhona, que inventava palavras que não tinham nada a ver com as originais. Vem já daí a minha criatividade?!
Esclarecimento dois. O Piu Piu é uma cantiga de embalar que eu própria fiz questão de cantar à minha filha, perpetuando gestos e procedimentos que passam de geração em geração.
Pois com o Artur não é assim. Ele sempre me disse que as suas memórias de infância são tardias, talvez aí pelos sete ou oito anos. O que sempre me causou estranheza. Assim como me causou estranheza o facto do Artur não ter um álbum de fotografias seu. Em minha casa existia o meu álbum e o do meu irmão. Com o tempo apercebi-me e compreendi que com sete filhos, provavelmente, pura e simplesmente não há tempo para isso, principalmente se pai e mãe trabalham, o que sempre foi o caso.
Mas como eu gosto de corrigir trajectórias, em 1995 resolvi o problema com a cumplicidade da minha filha. Organizei um álbum com todas as fotografias da família do Artur, e dele próprio, que consegui arranjar. Ainda lhe juntei cartões dispersos que ele tinha trazido para nossa casa quando nos casámos. E não menos importante, postei-lhe as fotografias das suas ex-namoradas no seu álbum... sim porque elas também fazem parte das suas memórias.
E fiz-lhe uma dedicatória, bonita, que voltei a ler porque precisei duma fotografia do João para este blogue.
Transcrevo parte:
" Como a vida também é feita de recordações (fala a professora de História), e tu tens poucas de pequenino, aqui vai um álbum cheiinho delas com tudo o que eu consegui juntar!
Bem sei que o melhor está para além deste álbum...
Bem sei que o melhor está depois deste álbum..."
Já não me lembrava de ter escrito isto e foi bom reler e recordar ah! e descobrir que em 1995 eu já era Moça!
Este álbum foi a sua prenda do dia do pai, minha e da nossa filha.
Nota final - A capa do álbum foi uma brincadeira propositada. Quis-lhe deixar as memórias embrulhadas numa coisa felina!

2 comentários:

mara disse...

Isso de memórias tardias deve ser mal de familia...Felizmente há pessoas como tu (e a Bábá!) que fazem "recolhas". As fotografias também ajudam a reavivar memórias!

Anabela Magalhães disse...

O quê? Também herdaste isto do teu padrinho?!

 
Creative Commons License This Creative Commons Works 2.5 Portugal License.