Quando iniciei a carreira docente existia um maior equilíbrio entre professores mais velhos e professores mais novos dentro dos estabelecimentos de ensino onde leccionei e a passagem de testemunho fazia-se de forma muito natural e gradual, os mais velhos iam-se aposentando e os mais novos iam entrando nos quadros sem grandes convulsões, sem grandes sobressaltos, existindo desde sempre grupos mais complicados, caso do meu, e grupos em que a desejada segurança de um vínculo à função pública se fazia de forma muito mais simples e rápida. De qualquer modo, as escolas estavam sempre povoadas de muita gente nova que chegava renovando o sangue nas suas artérias e veias.
Depois chegou aquela que eu deixei de nomear neste blogue e a sangria desatada iniciou-se pelos mais velhos que se pisgaram na primeira oportunidade fartos de serem achincalhados, fartos da experimentação e amadorismo na gestão de um ministério que parece andar sempre a reboque das ideias pessoais de um ministro... ou ministra.
E chegou Crato ao poder. E a sangria foi desatada entre os mais velhos e também os mais novos. Os mais velhos a pisgarem-se à primeira oportunidade, alguns com penalizações imensas na sua reforma, mas também a serem empurrados borda fora com supressão de disciplinas, aumento dos horários de trabalho, aumento de alunos por turma... tudo isto, somado ao decréscimo da taxa de natalidade, deu no que deu.
Quem permanece no ensino está cada vez mais velho e a trabalhar cada vez mais. Mesmo os "mais novos" que chegam todos os anos às escolas em número cada vez mais reduzido são gente acima dos trinta e mesmo dos quarenta anos, desequilibrando perigosamente uma passagem de testemunho que se queria fazer de forma suave e natural.
E assim estamos. Até um dia.
Crato corta 70% dos contratados
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