quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

A Equipa Rios Livres do GEOTA, os Jornalistas Internacionais e Alguns Activistas Locais

Reunião de trabalho - Casa da Juventude de Amarante
Fotografia de Daniel Demétrio

A Equipa Rios Livres do GEOTA, os Jornalistas Internacionais e Alguns Activistas Locais

Eu diria que há sempre quem não desiste de lutar. Eu diria que há sempre quem esteja disposto a sair da sua zona de conforto para lutar por valores maiores. O valor maior, neste caso, chama-se Tâmega, nome de rio precioso que divide mas também une Amarante e os Amarantinos.

O que seria de nós sem ele?

A palavra ao GEOTA:

"A equipa Rios Livres GEOTA esteve ontem reunida com jornalistas internacionais, e ativistas locais de Amarante, interessados sobre o polémico projeto de construção da barragem de Fridão, suspenso até Abril de 2019. 😉  Mais novidades para breve!"

#FridãoNão #FriNÃO

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Identidade Amarantina

Identidade Amarantina - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Identidade Amarantina

Assumida, vincada, apaixonada, dura, crua, funda, romântica, forte, subtil, esmagadora, suave, delicada, íntima... assim é esta identidade. Esta identidade pela qual batalharemos todos os dias, que não se oferece... e que escapa a olhares mais desatentos.

Anja


Anja

Pediram-me para ser anja. E eu... fui.

domingo, 27 de janeiro de 2019

Das Ilegalidades Cometidas em Muitas Escolas Portuguesas - Descontos por Motivo de Greve a Reuniões

Das Ilegalidades Cometidas em Muitas Escolas Portuguesas - Descontos por Motivo de Greve a Reuniões

Pois é verdade, faltas/greve a reuniões ou outro qualquer trabalho inventado e que não conste nos horários dos professores não pode mesmo dar direito a faltas a serviço e aos respectivos descontos no final do mês. Mas com o poderia?!

O que não quer dizer que esta anormalidade não s continue a verificar aqui, ali e acolá.

sábado, 26 de janeiro de 2019

Apresento-vos a Virtual Eira Teixeira de Pascoaes


Apresento-vos a Virtual Eira Teixeira de Pascoaes

Tudo limpinho, asséptico, árido e com um apontamento modernaço em vidro, eis a nova eira projectada para o centro histórico de Amarante. Pena que já não se produza muito milho por aqui... ou isto podia dar um jeitaço!

By by Alameda! By by meias laranjas que já estáveis a incomodar não sei quem! By by árvores tão belas... que por aqui já não morrereis de pé!

Imagens retiradas daqui.

Nota - Já não nos bastavam as áridas eiras de S. Gonçalo e S. Pedro com as pedras todas emporcalhadas...

O Grau Abaixo de Zero da Política Nacional

Imagem recolhida na Net

O Grau Abaixo de Zero da Política Nacional

"Deve ser pela cor da minha pele que pergunta se condeno violência"


sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

O Desafio dos... Vá Lá... 55 Anos para Ser Mais Original


O Desafio dos... Vá Lá... 55 Anos para Ser Mais Original

Parece que se chama o "desafio dos 5 anos"... ou o "desafio dos 10 anos"... consoante o hiato de tempo que separa duas fotografias partilhadas da/pela mesma pessoa e que nos dão conta das alterações sofridas nesse período, resultantes da passagem do tempo.
Parece até que este desafio desafiante, passo o pleonasmo, é a última moda ou o último grito nas redes sociais... ou será que já há outra(o)... que as redes sociais parece que são muito voláteis...?

Enfim, esperando não estar completamente obsoleta e demodé, respondo sim a este desafio tão aliciante e partilho duas fotografias minhas separadas por... vá lá... 55 anos.
A primeira corresponde à minha fase mais gorda. A segunda, à minha fase mais ágil. Estão separadas por muitos anos, mais do que aqueles que eu queria, mas, apesar da minha aparência cândida e alva, na fotografia da esquerda, a verdade é que eu era/fui/sou levada da breca desde que nasci.
E, confesso, continuo a treinar forte e feio para ser uma mulher ágil, treinando todos os meus músculos mas também todos os neurónios que me saíram na rifa.

E é por isso que, se necessário for, trepo paredes todos os dias da minha vida... capice?

A Palavra a Paula Ribeiro, Sandra Saraiva, Carla Simões e Dina Santos. Professoras de História e Ed. Especial


A Palavra a Paula Ribeiro, Sandra Saraiva, Carla Simões e Dina Santos. Professoras de História e Ed. Especial

"Vimos desta forma manifestar o nosso descontentamento perante o tratamento diferenciado e discriminatório de que são alvo inúmeros professores por parte do MEC. Referimo-nos aos docentes que nunca foram integrados ou foram retirados da Caixa Geral de Aposentações e colocados na Segurança Social pelo facto de sendo vinculados estarem sujeitos à celebração de novos contratos, ainda que muitos destes contassem já com muitos anos de descontos para a CGA. Eis algumas das muitas situações em que a dualidade critérios e de tratamento face aos colegas que permanecem na CGA é gritante:
- Em caso de doença temos obrigatoriamente que nos deslocar ao Centro de Saúde, “mendigar” um atestado, esperar horas para sermos atendidos ou então dirigirmo-nos de madrugada ao centro de Saúde, antes do início das consultas, nas chamadas urgências, atendendo a que apenas são válidos os atestados do médico de família ou atestados hospitalares, ao contrário dos colegas afetos à CGA em que qualquer atestado, desde que passado por um médico com contrato com a ADSE é reconhecido e aceite. Não obstante, todo o processo de verificação de baixas médicas e comparência nos respetivos serviços é também ele substancialmente diferente. O chamado SVIT (sistema de verificação de incapacidades temporárias) da Segurança Social é mais burocrático, restritivo e penalizador do aquele que abrange os subscritores da CGA. 
- No que concerne ao chamado subsídio por doença em caso de baixa médica, este é consideravelmente inferior, em igual circunstância, ao que auferem colegas que se encontram na CGA, senão vejamos: Os docentes inscritos neste sub sistema de saúde (CGA) quando de baixa médica (Atestado), perdem os 3 primeiros dias de vencimento e 10% do 4.º até ao 30.º dia. A partir daqui recebem o seu vencimento na íntegra, ou seja a 100%. Já os docentes que transitaram para a Segurança Social, para além de perderem igualmente os três primeiros dias de vencimento, ficam também penalizados em 45% do vencimento do 4.º até ao 30.º dia (o que corresponde a 55% do vencimento); em 40% do 31.º até ao 90.º dia (recebem 60% do vencimento); em 30% de 91 a 365 dias, (auferindo 70% do vencimento) e a uma penalização 25% do vencimento em baixas superiores a 365 dias.
- Para poder continuar a beneficiar dos serviços da ADSE os docentes abrangidos pela S.S. têm que descontar suplementarmente para este sub sistema de saúde. Em caso de baixa médica tem o professor que pagar ele próprio os 3,5% do seu salário, ao contrário dos seus colegas afetos à CGA que para além de não terem este encargo, todo e qualquer procedimento está a cargo do estabelecimento de ensino; Face aos exemplos supramencionadas fica patente que estamos perante dois regimes com caraterísticas e benefícios substancialmente diferentes, o que configura uma clara violação do princípio da igualdade consagrado na Constituição da República Portuguesa.
Ora, num estado de direito democrático este tratamento desigual não só fere a lei constitucional como é moralmente inaceitável, pelo que todos os professores em idêntica situação e desempenhando as mesmas funções, deveriam auferir dos mesmos direitos e estar abrangidos pelo mesmo regime. Urge, assim, que esta situação seja denunciada e a justiça reposta com a reintegração destes docentes, tanto mais que alguns destes têm largos anos da sua carreira contributiva com descontos para a CGA. Apelamos, pois, a que o sindicato que nos representa lute por esta causa, pugnando para que se ponha termo à manutenção de um situação injusta, revoltante e altamente lesiva dos legítimos direitos dos docentes em questão."

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Amanhã É Dia de Luta


Amanhã É Dia de Luta

Sim, a interrupção da luta nas escolas, aguerrida como nunca a vi, decretada pelo grande líder com o argumento que era tempo de nos deixarmos de frescuras e de fazermos as reuniões de avaliação, fecharmos o ano lectivo e irmos para férias... já lá vai.
Agora sim, agora é que a luta vai ser aguerrida!
E o que é que exigimos?
Pois claro... ah ah ah... mais e mais e mais e ainda mais negociações!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Comunicado - Comissão ILC


Comunicado - Comissão ILC


ILC no Parlamento: vão os Deputados assumir as suas responsabilidades?


No dia 16 de Janeiro, cinco membros da Comissão Representativa da Iniciativa Legislativa de Cidadãos para contagem integral do tempo de serviço docente foram ouvidos na Comissão de Educação e Ciência (CEC) a propósito do - Projeto de Lei n.º 944/XIII, que resultou da ILC e está em discussão no Parlamento.
O diploma está em apreciação pública aqui até 14 de fevereiro (com participação aberta a todos os cidadãos que desejarem) e visa recuperar o tempo de serviço docente prestado durante as suspensões de contagem anteriores a 2018, para efeitos de progressão e valorização remuneratória.
A Audição pode ser seguida nesta ligação.
O Projeto de Lei pretende, não só a recuperação integral dos 9 anos, 4 meses e 2 dias, em que se trabalhou e descontaram impostos, de vencimentos reduzidos em muitos casos por sobretaxas, como também o efeito de progressão na carreira, sem quotas ou vagas.
Essa é a única maneira de que esse tempo conte na íntegra, quando já avaliado (ou não, desde que por motivos não atribuíveis ao docente) de forma a que a retribuição que nos é devida seja efetiva e não um simulacro, De outra forma os docentes ficarão “pendurados” em escalões onde se aguardam vagas, não tendo na prática qualquer valorização salarial.
Da parte dos Deputados, houve respostas, mesmo que vagas, de concordância com princípios, lamento da falta de informação de cálculos e custos, mas nenhuma assunção de compromissos futuros.
Após a Audição houve ainda encontros com alguns Grupos Parlamentares, tendo alguns destes mostrado abertura para ajudar no processo legislativo iniciado pela ILC e promover a sua continuidade em debate na especialidade.
Os Proponentes da ILC continuarão, a par da sua atividade profissional, a estar disponíveis para a defesa dos princípios e representação da Iniciativa quando e onde for necessário!! Face ao patente fracasso negocial a intervenção do parlamento pode ser uma via útil e viável (como aliás, até os sindicatos já reconhecem). Por isso ajudem a ILC participando na apreciação pública!


21 de janeiro de 2019
A Comissão Representativa da ILC


Para contacto Alexandre Henriques 934459190

Sobre Uma Ideia de Eduardo Souto Moura para Amarante - A Palavra a Fernando Matos Rodrigues

Uma Ideia para Amarante - S. Gonçalo - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Sobre Uma Ideia de Eduardo Souto Moura para Amarante - A Palavra a Fernando Matos Rodrigues


QUALIFICAR O ESPAÇO PÚBLICO DE UMA CIDADE NÃO SIGNIFICA DESTRUIR O SEU PATRIMÓNIO… a propósito da proposta de Eduardo Souto de Moura para Amarante.
Minha cara amiga e colega Anabela Magalhães,

O projecto de Eduardo Souto Moura para o centro da cidade de Amarante coloca-nos algumas dúvidas e levanta muitas contradições. A primeira dúvida relaciona-se com a natureza e a função deste tipo de projectos. Esta proposta insere-se na figura de modelo de reabilitação de zonas degradadas e sem infra-estruturação pública. Zonas que se encontram degradadas arquitectonicamente e desvalorizadas social e economicamente. O sitio da intervenção de Eduardo Souto Moura não obedece a essa classificação, nem se encontra desinfraestruturado. Aliás, é um dos lugares da cidade com mais consolidação urbana e arquitectónica. Uma das zonas mais consolidadas e com mais estabilidade histórica e morfológica.
Deste modo qualquer reciclagem urbana nunca pode fazer deste belo e monumental sitio da cidade uma tábua rasa, como se o arquitecto fosse uma espécie de mão de deus a intervir num sitio aex novo. Estamos num dos locais mais espectaculares da cidade de Amarante, porque aqui se conjugam a paisagem, o rio, a arquitectura, o tempo e a vontade dos amarantinos que durante séculos fabricaram um palimpsesto de grande complexidade paisagística.
Nesta proposta de intervenção o arquitecto Souto Moura não valoriza o sítio como património, nem dá sentido de monumento ao território da identidade e da diferença que aí foi construído durante tanto tempo. A intervenção vem simplificar, vem destruir património, vem limpar memórias, higienizar o espaço urbano para devolver ao mosteiro a sua dimensão de objecto-arquitectónico bem ao gosto dos antigos monumentos nacionais. O que não deixa de ser paradoxal e anacrónico.
Este projecto cria um novo espaço, uma nova identidade, uma nova morfologia. Consequentemente, com esta nova proposta, e não está em causa a qualidade do seu desenho, o arquitecto uniformiza, banaliza e torna o lugar num não-lugar. Um não-lugar arquitectónico, porque repete a imagem e a cenografia de outros novos lugares de matriz e concepção moderna tout court.
A destruição do lugar em benefício de outras cotas, de outros patamares, de outras ideologias de plano urbano, não contribuem para acrescentar mais-valias arquitectónicas à zona antiga de Amarante, a não ser a marca internacional de Souto Moura super star. Mas, o centro histórico de Amarante é muito mais que a simples marca de um arquitecto, por muito qualificado que ele o seja. Nesta proposta de Eduardo Souto Moura falta sentido de limite, falta sentido de escala e de proporção na medida que na sua proposta tudo de destrói e tudo se cria de novo.
Em suma, estamos perante uma proposta que destrói património, arrasa as marcas antropológicas e paisagísticas do lugar, desfigura a cenografia monumental da cidade baixa, introduz uma espécie de neurose contemporânea, que só conduz a uma prática política de perda, de simplificação e repetição de não-lugares. Portanto, construir novo não significa nem pode implicar a eliminação das cidades antigas. Se assim for, estaremos a construir cidades vazias, sem referencia e sem identidade.

domingo, 20 de janeiro de 2019

A Aberração de Um Poder Local Deslumbrado e as Penúrias em que Vivem Alguns Equipamentos/Serviços Locais

Biblioteca Municipal Albano Sardoeira - Amarante
Fotografias de José Gonçalves
Biblioteca Municipal Albano Sardoeira - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

A Aberração de Um Poder Local Deslumbrado e as Penúrias em que Vivem Alguns Equipamentos/Serviços Locais

Os anúncios de projectos/obras, aqui por Amarante, são tantos que a gente até fica atordoada! Muita obra projectada, muitos nomes sonantes a projectar/intervir (e a espatifar?) esta terra que é nossa, dinheiro gasto a rodos como se não houvesse amanhã e, entretanto, temos situações, em equipamentos/serviços municipais, em tanta penúria que até brada aos céus!

Este é o caso do Museu Amadeo de Souza-Cardoso que visitei na sexta-feira passada. Está na mais profunda penúria térmica. Eu, agasalhada com várias camisolas e com o casaco comprido mais quente que tenho e a que chamo cobertor... não o tirei dentro do museu durante todo o tempo que durou a visita guiada. Pelo museu, as funcionárias apertavam kispos e casacos compridos e ajustavam os cachecóis ao pescoço como se estivessem... sei lá, na Sibéria! E os miúdos conseguiram rapar mais frio do que dentro de qualquer sala de aula da nossa escolinha.
E fiquei eu a pensar... caramba, isto até faz mal à saúde da gente que aqui trabalha e, olhando à volta, estas oscilações térmicas somadas às oscilações da humidade do ar não prejudicarão, a médio prazo, o estado de conservação das obras de arte expostas, que são do município mas que também são de particulares que ali as têm em depósito?

Este é o caso da Biblioteca Municipal de Amarante, na mais completa carência térmica a que acrescenta água a entrar a rodos por todos os lados, bacias espalhadas pelo chão... e tectos já a cair provocados pelo estado de degradação de um prédio que custou balúrdios ao erário público para agora estar para ali votado ao mais completo abandono porque, já me disseram, não há dinheiro para o recuperar.

E para a feira de vaidades, há dinheiro?

Entretanto, o desrespeito pelo nosso património continua. Até quando?

Nota - O assunto da biblioteca municipal já foi anteriormente tratado em post intitulado "Degredo - Biblioteca Municipal Albano Sardoeira" 

sábado, 19 de janeiro de 2019

Ideias para Amarante

Projecto de Eduardo Souto Moura para Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Ideias para Amarante

Por certo, cada cabeça terá uma... pelo menos! e até haverá cabeças que têm muitas mais. A unidade de ideias nunca será possível, a não ser em ditadura e, mesmo aí, será mais uma pseudo-unidade forçada pelo jugo de quem manda. Portanto, começo por assumir que outras opiniões diferentes da minha, desde que fundamentadas, sobre as intervenções projectadas para o Mercado Municipal de Amarante e os seus arredores, terão igual valor.
Posto isto, ontem escutei com todo o interesse as explicações partilhadas pelo arquitecto Eduardo Souto Moura, com uma plateia que esbordava pelo CCA, sobre um projecto que responde a uma específica encomenda feita pelo presidente da Câmara Municipal de Amarante e que prevê a intervenção num edifício classificado e numa envolvente igualmente classificada, já que estamos em pleno coração de Amarante, em pleno centro histórico de Amarante e a intervir em zona envolvente ao seu verdadeiro umbigo, constituído por um património, classificado desde 1910, nosso verdadeiro ex-libris, constituído pela Ponte Velha, a Igreja e o claustro anexo à igreja de S. Gonçalo.
A intervenção pensada para a ampliação do mercado é, quanto a mim, a mais pacífica, prevendo o acrescento de um módulo que, alterando o edifício, não o desvirtua.
Quanto à intervenção na envolvente do mercado, Alameda de Teixeira de Pascoaes incluída, assumo desde já que espero que nunca saia do papel... apesar das verbas já gastas e a gastar com este projecto ainda antes de ele poder ser submetido a apreciação pelo DGPC.
E passo a explicar as razões que me assistem para assim pensar... depois de muito pensar.
Sim, eu sei que a Alameda nem sempre foi a Alameda e que, antes da intervenção que lhe deu aqueles contrafortes, era logradouro do mosteiro, rampeado para o rio. Sim, existiam umas escadas de que o meu avô falava amiúde, que ligavam o patamar do Largo de S. Gonçalo e fim da Ponte Velha ao nível do rio, bem lá no fundo. Só que, entretanto a vida mudou e foi necessário abrir o terreno da agora alameda, que nem sempre também foi aquilo que é hoje, possibilitando o tráfego que vem da margem esquerda do rio para a margem direita do rio, coisa que ainda hoje acontece. O sentido oposto a este também já foi uma realidade, era realidade na minha infância e acho que até adolescência.
Sim, o tanque/fontanário já esteve lá no fundo, bem mais junto ao rio, na margem direita deste mas entretanto, fruto do aterro necessário para a nivelação da alameda para apanhar a cota da ponte e do Largo de S. Gonçalo, foi transferido, e bem, para a parede do mosteiro onde ainda hoje se encontra adossado.
Certo, mas nada disto tem a ver com um projecto que ontem foi apresentado para esta zona e cuja intervenção eu classifico de buldozer, porque arrasa e desmantela parte do contraforte que sustenta a alameda, desaterra uma boa parte da própria alameda e volta a erguer um contraforte mais dentro do actual, que andará ali pela zona do canteiro central, criando assim duas praças, a actual Alameda que será em grande parte amputada, e uma outra praça à cota do actual mercado, servindo esta plataforma para aguentar com a expansão dos feirantes, à quarta-feira e ao sábado.
Amarante é uma terra especial, não porque é a minha, mas porque lhe reconheço um núcleo muito belo, aninhado mas altaneiro relativamente a um rio que lhe corre aos pés. Amarante nunca foi uma terra exposta ao olhares do mundo no sentido em que, para os visitantes, a terra só se vislumbra na parte que interessa quando o visitante já está em cima dela e a percorre descobrido os seus cantos e recantos. Ok, com a abertura da ponte nova, quem por lá passe e olhe para a sua esquerda, mesmo que não seja de Amarante e dela nunca tenha ouvido falar, por certo soltará uma qualquer exclamação de espanto perante tamanho equilíbrio, beleza, harmonia entre um espaço construído pela mão do Homem e um espaço que, alterado pelo Homem, permanece mais ao sabor da nossa Mãe Natureza e das suas estações.
Amarante é assim encantamento, mistério, romantismo, memória, recato, propícia à descoberta de quem a queira descobrir com olhos atentos, se possível olhos de ver. Amarante não se coaduna com escancaramento, com feira de vaidades, com exposição excessiva para quem chega, com uma arquitectura que eu considero arrogante e espalhafatosa, tal a alteração que provoca numa leitura atenta da cidade, na vida de uma cidade, nos fluxos de uma cidade, na matriz identitária desta mesma cidade.
Estando situados na margem esquerda do rio, nós temos o filme todo da cena. E a cena é composta com dois brutais contrafortes graníticos que sustentam duas praças que ladeiam de igual para igual a Ponte Velha, um outro contraforte construído com igual material. Ao fundo, no Largo de S. Gonçalo, ergue-se o Peitoril, ergue-se a fachada da Igreja de S. Gonçalo e, já na entrada da alameda, a continuidade granítica está assegurada pela capela-mor da Igreja, implantada em sítio improvável. E situados no Largo de S. Gonçalo, na margem oposta à anteriormente tratada, o contraforte granítico continua assegurado e apenas está amenizado pelo casario que escorre desde a Ponte Velha até ao Arquinho, ele próprio contraforte só pontualmente interrompido.
Ou seja, Amarante, que nunca teve cintura de muralhas, situa-se altaneira no vale profundo, sobre e amparada neste granito que é dela e é preciso penetrar nela para a descobrir, o que faz, quanto a mim, muito do seu encanto.
Depois destas objecções, que já não são poucas, temos as árvores que, com este projecto teriam de ser derrubadas e abatidas, transformando as duas plataformas em mais duas eiras áridas onde as temperaturas escaldariam literalmente no Verão, sofrendo a bem sofrer que se aventurasse por estes espaços fora.
E, igualmente importante, por quanto ficaria a execução de um projecto desta natureza, com o desmantelamento de tão brutal muro, com o desaterro de uma quantidade tão brutal de terra... para remontar o muro, pedra pedra, mais atrás, para criar uma plataforma artificial para onde se expandirá, à martelada, um mercado que terá sempre de se fazer, aqui, a céu aberto?
Ainda mais haveria que dizer, mas, para já fico-me por aqui, esperando que o DGPC não autorize nunca semelhante martelada a Amarante. A zona é protegida... valha-nos ao menos isso... talvez...
A bem de um património que é nosso e que nos foi legado pelos nossos antepassados e sobre o qual só devemos intervir com pinças e nunca com buldózeres. A bem igualmente da sustentabilidade das finanças locais.

Nota - Como eu também penso muito sobre Amarante, partilharei com os meus leitores as minhas soluções para a "ampliação do mercado" com muito menos gastos, mais contidas e respeitadoras da nossa identidade local. Penso eu.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Ecos do Feito dos Zecos na CEC a Propósito da ILC


Ecos do Feito dos Zecos na CEC a Propósito da ILC 

Sim, somos muitos os indignados e não conformados dispostos a continuar a lutar como leões.

Obrigada, Sandra Carmo! Aguentaste forte e feio as altíssimas temperaturas que se faziam sentir por aquelas bandas. E, com voz doce, mas firme, cantaste como um rouxinol tudo o que aquelas senhoras e senhores já precisavam de ouvir.

Professora de Viseu foi à AR defender a contagem integral do tempo de serviço docente.


"Uma Ideia para Amarante" (?)

Mercado Municipal de Amarante - S. Gonçalo - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de  Magalhães

"Uma Ideia para Amarante" (?)

A apresentação desta ideia, ou ideias, estará a cargo de quem a(s) teve, no caso o arquitecto Eduardo Souto Moura, mediante uma encomenda do Município de Amarante para a intervenção/ampliação do Mercado Municipal de Amarante e rearranjo (?) da Alameda Teixeira de Pascoaes.

A conclusão deste edifício, dos mais marcantes de toda a cidade de Amarante, data de 1963 e é, sem dúvida, uma magnífica peça arquitectónica do falecido arquitecto Januário Godinho. O Mercado Municipal de Amarante está ali desde que me conheço e faz parte do meu ADN Amarantino, do sangue que me corre nas veias e é alimento meu, do ponto de vista estético/artístico, herança muito boa dos que me precederam e que, como tal, deve ser respeitado.
Implantado em local sublime, tal como todos os mercados deveriam ser, na margem direita do Tâmega, enfrenta o casario do velho casco urbano de caras, sem subterfúgios e com ele se relaciona, através dos reflexos líquidos de um e de outro lado, nas águas que já conheceram mais limpidez e que correm ora revoltas, ora tranquilas, ora se apresentam qual charco putrefacto, consequência da acção nefasta do Homem que o degrada até não poder mais.
Mas, se se relaciona sem pudor com o património anteriormente construído, a verdade é que este edifício, marcadamente horizontal, marcadamente de linguagem "industrial", encontra-se adoçado pelas árvores frondosas e magníficas que se debruçam sobre o Tâmega e dele bebem a vida.
Já houve por aqui sugestões, do meu ponto de vista completamente idiotas, de esvaziar este equipamento da sua função de mercado e transferir este mesmo mercado para um outro espaço, por certo nas imediações da cidade o que seria, em grande parte, desastroso para a sustentação do núcleo histórico da cidade de Amarante.
Percebo que o mercado, passados quase 60 anos sobre a sua construção, tenha de ser intervencionado. Agora, só espero que o seja com pinças.

Já a remodelação da Alameda Teixeira de Pascoaes... bom, esperarei de qualquer modo pela apresentação das ideias, no caso de um arquitecto por quem nutro muita admiração... mas, partilho desde já que também nutro muita admiração pelo arquitecto Siza Vieira e, olhando para a maqueta do projecto pensado para as ruínas do Solar dos Magalhães, só posso desejar que nunca em tempo algum haja verbas para construir semelhante "coisa" destruindo-nos uma memória que é nossa e que é a única deste tipo em todo o centro histórico de Amarante.
 
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