sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Ainda a Greve Geral

Ainda a Greve Geral

Contente. Estou muito contente.
A ESA, uma espécie de reduto socialista cá do sítio, encerrou portas a alunos por falta de funcionários.
De resto, é o espectáculo deprimente de sempre, com a guerra dos números habitual.
Não ouvi o noticiário, mas ouviu a Joana, e à pergunta "Como estão os números da greve?" ela lançou-me entre gargalhadas "Entre 20 e 80!"
Os números da greve serão então qualquer coisa entre 20 e 80% com a convicção e o desejo de que andarão mais próximo dos 80 do que dos 20, número este apresentado pelo governo, e ridículo, pela amostragem daqui de Amarante. A Escola da Sede encerrou portas, a ESA fechou logo pela manhã, a E.B. 2/3 encerrou para o período da tarde.
Não me lembro de um dia de greve tão participado aqui no burgo desde que aqui estou a leccionar.
Aproveitemos pois este maravilhoso dia de sol em que muitos de nós apresentam um cartão vermelho à actuação do governo.
E eu, grevista, confesso... tenho testes para corrigir e por isso vou trabalhar ... digamos que na minha componente não lectiva!!!!!
Se o governo me tivesse que pagar por cada hora de trabalho que dou, para além do horário estipulado por lei, muitas horas extraordinárias eu receberia!!!

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Estás Contente?






Estás Contente?

Se estás, não participes na greve geral, que vai realizar-se amanhã, dia 30 de Novembro.
E, se não participares na greve, faz-nos um favor a todos...
Cala-te!

Sinos de S. Gonçalo


Sinos - S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Sinos de S. Gonçalo

Estes são os famosos sinos de S. Gonçalo que assinalavam cada hora do tempo da minha infância badalando em troca do esforço físico de alguém. Na actualidade é um pouco diferente substituídos que foram os homens por mecanismos colocados no exterior dos sinos que se encarregam de todo o trabalho, sem falhas, noite e dia sem parar, numa cadência imutável no tempo, assinalando cada quarto de hora e cada hora que passa, assinalando a morte de homens e mulheres cá do burgo, lá do alto da Torre Sineira, assinalando as trindades, a cada sexta-feira, pelas três da tarde, em que desatam a pseudo-badalar loucamente. E parece até que também já serviram para assinalar um importante troféu, ganho pelo FCP, num qualquer campeonato, porque clubite e igreja, a cada passo, unem esforços a rondar quase os divinos.
Estes são pois os famosos sinos de S. Gonçalo, que dançavam e badalavam mesmo, no tempo da minha infância, puxados por um ou dois homens que ali punham à prova o seu cabedal e que nós, miúdos, observávamos de longe, do Largo, apreciando o esforço, apreciando a sinfonia imutável. Agora permanecem imóveis, mas não silenciosos, lá no alto. Problemático? Não. Se tocam a sério ou a brincar, para nós, amarantinos, tanto faz. Importa mesmo é que se ouçam os sinos a badalar e a repicar, o som saído lá do alto da Torre, como sempre, desde sempre. Quanto à forma como tocam é apenas sinal de que também os sinos se adaptaram à inevitável passagem do tempo.
E registo que, quando nos ausentámos da terra, sentimos a sua falta, e sentimos saudades desta marcação do tempo cadenciada que nos remete para o Largo, que nos remete para o nosso umbigo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Life is not...

Life is not...

Obrigada, Mina.

Solidariedade


Solidariedade - Barca - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Solidariedade

Hoje posto sobre um valor que muito aprecio e que é inerente à nossa condição humana. Ou melhor, que deveria ser sempre inerente à nossa condição humana. Hoje posto sobre solidariedade, a propósito de um anúncio que expressa magnificamente este valor, porque um gesto vale mais do que mil palavras e este anúncio mostra-nos um gesto. Esse gesto. Solidário.
Não sou teórica de coisíssima nenhuma, nunca fui, jamais serei, pela simples razão de que não aprecio a teoria por si só. E tenho horror aos teóricos cheios de palavras rebuscadas e cheias de floreados, tenho horror a pessoas que batem com a mão no peito e são umas sacanas na sua acção, tenho horror a pessoas que dizem uma coisa e fazem o seu oposto. Pelo contrário, sou uma pessoa apreciadora de práticas e prática. E assim sendo, pratico. Pratico acções, e pratico valores. E prefiro reparar nas acções e nos gestos, pequenos ou grandes, simples ou complexos, a reparar no que as pessoas dizem e que, frequentemente, só serve para realçar a sua falta de coerência. Assim sendo, fico-me com a prática. Observo as práticas. E pratico. E gostaria de estar ao nível da simplicidade e complexidade deste gesto expresso neste corte de cabelo. E gostaria de ser capaz de estar à altura desta criança que, neste spot publicitário tão bem conseguido, nos alerta para a importância de se ser solidário com familiares, e acrescento, com amigos e até mesmo com desconhecidos. Foi uma das razões que me levou a ser dadora de sangue. Solidariedade. Até com desconhecidos.






terça-feira, 27 de novembro de 2007

Overdose



Dióspiros - S. Gonçalo - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Overdose

A Joana saiu-se com esta graçola/ameaça/certeza este fim-de-semana. Vendo-me a comer dióspiros pela milésima vez, decretou alto e bom som "Vais ter uma overdose de dióspiros".
E eu estou com um palpite que a profecia da Joana tem boas pernas para andar e para se concretizar. É que continuo a comer vários ao dia, bem regados e temperados com canela.
Deliciosos. Simplesmente deliciosos.
Agora para variar um pouco, alterno com dióspiros maçã que, muito embora não sejam de fazer perder a cabeça como os originais, são um fruto bastante interessante e saboroso. Alterno... alterno???!!!
Não, de facto não alterno. Permaneço. Permaneço fiel aos dióspiros, até que estes acabem nas árvores, arriscando mesmo a tal de overdose!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

De Babá a Treinar para Vovó



João - S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

De Babá a Treinar para Vovó

Este fim-de-semana último foi mais um em que me deliciei a tomar conta do meu sobrinho caçula e em que, fazendo de babá, estive a treinar para vovó.
O João continua uma delícia de menino, sem estranhar pessoas nem lugares. Os pais deixaram-no aqui, no sábado à tarde, e foram tirar a barriga de misérias na borga da noite transformada agora, a maior parte das vezes, em miragem longínqua, que ficou algures lá atrás, perdida no tempo.
Quanto ao João está incomparavelmente maior e faz já muitas habilidades. Rebola na cama com rapidez, levanta a cabeça com toda a facilidade, sorri a torto e a direito, ri às gargalhadas, emite sons estranhíssimos querendo já comunicar, come papas, sopa e maça cozida e passada, e está na fase das descobertas olhando e apalpando tudo o que lhe passa à frente dos olhos.
De resto continua um paz de alma que adormeceu por volta das vinte e duas horas, mamou um biberão de leite por volta da uma da madrugada, sem mesmo se dignar abrir os olhos, e acordou às sete da manhã a palrar e a rir, todo bem disposto, querendo companhia.
Um doce de menino. Agora, com cinco meses, continua o que sempre foi - um doce de menino, simpático, risonho, tranquilo, sossegado, em contraste completo e absoluto com a sua irmã, Ema, que é o terror lá de casa e dos arredores.

domingo, 25 de novembro de 2007

Novas Competências

Novas Competências

Conforme prometido aqui está um álbum de fotografias já inteiramente organizado e publicado por mim.
O Helder tinha-me dado as directrizes para a publicação de um álbum, através do msn, mas a meio dos procedimentos já eu estava completamente perdida sem saber o que estava a fazer. Desisti. Momentaneamente. Depois explicas-me lá na escola, disse-lhe eu.
Mas a verdade é que o rapaz, muito ocupado com as informáticas, não teve tempo de me explicar coisíssima nenhuma. Vai daí, informei-o que iria tentar sozinha.
Hoje resolvi experimentar e tentar a sério. Pensei... bolas, não deve ser assim tão complicado!!! Ataquei a sério o programa slideshare e lá consegui publicar o álbum, previamente organizado e minimizado, sem dificuldades de maior.
Assim sendo, adquiri uma nova competência nesta área fascinante das novas tecnologias, o que me deixa deveras contente e satisfeita comigo própria. É que se me tivessem dito, há coisa de um ano, que eu iria, em tão pouco tempo, desenrascar-me a fazer um blogue, uma página web e agora a fazer mais esta habilidade, eu teria dado uma boas gargalhadas porque não acreditaria que tal fosse possível.
Moral da história... Ser lançado às feras, ou ser trapezista sem rede, aguça o engenho, e não faz mal a ninguém.
Obrigada, Helder. Continuo a agradecer-te por me obrigares a progredir.

Casario Anónimo

Reflexos Humanos


Reflexos - Amarante - Portugal
Fotografia de João Pedro Fonseca

Reflexos Humanos

Continuo a postar reflexos, agora numa fotografia engraçada que o JP nos tirou às duas, aos três, aliás nem sei bem a quantos, com a minha máquina toda xpto, como ele chama à minha Canon digital. É que na fotografia, para além de aparecer a minha pessoa, aparece a Rosinha, o João Pedro e mais não sei quantas pessoas entre anónimos e pessoas conhecidas reflectidas no vidro o café.
Foi uma boa manhã de sábado, passada entre conversas, queques, gargalhadas e fotografias.
E amizade. Muita amizade.

sábado, 24 de novembro de 2007

Perpectivas Aéreas






Perspectivas Aéreas - S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Perspectivas Aéreas

Tinha planeado fotografar o nevoeiro, no rio, logo pela manhã, mas a verdade é que o nevoeiro encarregou-se de me alterar os planos. Denso, denso, cobria Amarante inteira, com um manto branco e opaco de nuvens mais do que rasando o rio. Vai daí, terei de esperar por um dia de nevoeiro farripado e lindo, para seguir a sugestão da minha amiga Rosinha, e descer a calçada, ainda antes das oito da manhã, e fotografar a beleza etérea do Tâmega, num amanhecer encantado e misterioso.
Por hoje, o excesso dele fez-me mudar de planos. E acabei a manhã a fotografar de novo o meu umbigo, agora numa perspectiva desconhecida de muitos amarantinos que, habitando o burgo desde que nasceram, nunca se dignaram subir à Varanda dos Reis ou, melhor ainda, à Torre Sineira.
Eu já subi as escadas estreitas inúmeras vezes e até já servi de cicerone aos meus amigos de cá e de fora, que comigo fizeram uma visita guiada ao museu, à biblioteca, e que comigo subiram pela primeira vez os degraus que nos levaram, e levam, aos famosos sinos de S. Gonçalo. E servi de cicerone ao Sahel aquando da sua estadia entre nós.
A subida é imperdível. O que de lá se avista também.
E S. Gonçalo é sempre lindo seja de que perspectiva for. O zimbório, o largo, a ponte, o rio, sempre presente, incontornável, rasgando a cidade em duas metades bem distintas e diferentes.
E Amarante é sempre um espectáculo, fotografada de baixo, de cima e palpita-me que até mesmo fotografada do avesso a cidade manterá a sua beleza inalterada.
Amarante será sempre um espectáculo, com cambiantes únicos, que nos embriagam os sentidos.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Avarias, Oficinas e Mecânicos




Mecânicos - Nouakchott - Mauritânia
Fotografias de Artur Matias de Magalhães

Avarias, Oficinas e Mecânicos

No final de Julho de 2006 iniciámos uma viagem de jeep que nos levaria de S. Gonçalo até à capital da Mauritânia, Nouakchott, e que iria revelar-se, mecanicamente falando, uma viagem/aventura extraordinária e, a dado momento, até algo desesperante.
A viagem foi feita por etapas, longas, debaixo de um sol por vezes impiedoso. Ar condicionado desligado, para não forçar muito o nosso caquéctico Land Rover, e tudo sobre rodas até ao Sahara Ocidental.
A caminho de Dakla o jeep começa a assobiar e a perder potência. Ora, um jeep que assobia é sinónimo de chatice, e a perder potência é sinónimo de chatice acrescida. Vai daí, chegados a Dakla, ex-Vila Cisneros do tempo da colonização espanhola, o tipo foi logo recambiado para o mecânico que lhe diagnosticou um "big probléme" - morte do turbo.
Bolas! E eu que nem sabia que um turbo podia morrer.
E agora como íamos descer a Mauritânia, pela praia, até à capital? Big probléme mesmo!
Feito o diagnóstico, o mecânico passou à acção, e desligou o dito. E nós passamos a deslocar-nos à velocidade máxima de 80/90 Km/hora, embaladinhos nas descidas suaves das estradas
saharianas. Bonito!
Mas lá conseguimos atravessar a fronteira sem problemas mecânicos de maior, excepto uma nuvem de fumo negro e espesso que nos acompanhava sem nos largar um segundo. Chegados a Nouadibou, uma das principais "cidades" mauritanas, segunda ida ao mecânico, que lá desapertou e apertou peças e tubos, e nos garantiu, depois de algumas horas de trabalho, que o jeep estava ok.
E assim nos aventurámos rumo ao sul, por uma estrada deveras escaldante, sempre sempre rodeados de deserto, de areia e de dunas mais ou menos altas. O jeep acusou o esforço. E chegou à capital a largar um rasto de fumo e, descobrimos nós no dia seguinte, a largar também um rastito de óleo. Bonito! Agora dera-lhe para perder óleo! E foi pela terceira vez ao mecânico. Foi onde o A. fez as fotos acima postadas. A "oficina" era um espaço assustador, deprimente e sujo, e mais parecia uma lixeira. Os "mecânicos" até eram esforçados e simpáticos mas, coitados, nem percebiam do assunto, nem tinham as ferramentas mais elementares para apertar e desapertar as peças que entretanto iam saindo do motor. Azar! O jeep passou ali o dia e saiu pior do que entrou. Agora perdia óleo a rodos e no dia seguinte só nos restava procurar outro mecânico onde o jeep foi pela quarta vez estagiar. E até parecia que estava melhorzito, mas eis que começa a deitar um fumo branco altamente preocupante. E agora?
Acabámos salvos in extremis por um italiano, dono de uma oficina na capital e que sim, funcionava quase como uma oficina normal. Acabámos por negociar um turbo usado que nos traria quase até Tan-Tan e que pifou completamente no meio do deserto, no meio do nada, fazendo-nos accionar o seguro de viagem.
Seríamos resgatados depois de uma noite dormida ali mesmo no jeep, em pleno deserto.
Evacuados para Agadir, onde apanhámos um avião que nos traria até ao Porto, acabaríamos por chegar a casa... de táxi! E nada mau. O jeep chegou quase três meses depois.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Reflexos



Reflexos - Rio Tâmega - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Reflexos

Adoro reflexos. Precisos e imprecisos. E eu, como uma tola no meio da ponte, nem sei dizer de quais gosto mais, nem sou capaz de me decidir e escolher um deles. Se por um lado os reflexos precisos dão-nos uma duplicação nítida da imagem, baralhando-nos a visão e os sentidos, por outro lado os reflexos imprecisos dão-nos o enigmático, o difuso, o estranho, o improvável. Ora, em Amarante, há-os dos dois tipos. E há um terceiro. Em Amarante também há reflexos espampanantes!
E eu, incapaz de me decidir por um, fico com todos eles.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Pamukkale





Pamukkale - Turquia
Fotografias de Artur Matias de Magalhães

Pamukkale

Declarado Património Mundial da Humanidade pela Unesco, em 1988, Pamukkale é, sem dúvida, um local único no mundo.
Visitei este local aquando da minha viagem à Turquia, integrada num grupo da Agência Abreu. Muito embora não tenha por hábito fazer viagens integrada em rebanho de turistas que não conheço de lado nenhum, tenho de reconhecer que, para quem não tem muito tempo disponível, o recurso a uma viagem organizada por uma agência é talvez a melhor maneira de, em pouco tempo, ter uma visão razoável de um país. Pode ser pois uma opção estratégica. Foi o caso. Em oito dias percorremos muitos quilómetros de autocarro, fizemos viagens de barco, gastamos muitas solas a subir a acrópoles, a visitar mesquitas e mais mesquitas, cada uma mais bela que a anterior, a ver museus, a visitar o famoso Grande Bazar de Istambul, a Capadócia... e Pamukkale.
Confesso que a expectativa era enorme, face a um local que eu conhecia bem de fotografias e de ouvir falar amigos e familiares que anteriormente tinham visitado o local.
A palavra turca Pamukkale traduz-se literalmente por Castelo de Algodão e esta formação começa a ver-se à distância tal a sua dimensão. Trata-se de toda uma encosta feita de bacias e mais bacias calcárias formadas pelas nascentes de água quente termal que abundam na região e que foram aproveitadas desde a Antiguidade, por gregos e romanos, e que ainda hoje continuam a ser utilizadas para banhos e tratamentos termais.
A aproximação é lenta, até porque temos de subir toda a encosta, mas quando por fim podemos entrar dentro destas pequenas piscinas de água quente, que se sucedem umas atrás das outras perante um horizonte inacreditavelmente belo, tenho vontade de me beliscar para me certificar que o que estou a ver é real. E é real. E eu fui uma das privilegiadas que captou e registou para sempre este pôr-do-sol único, esta luz de poente que banhava os degraus branquinhos branquinhos dando-lhes tonalidades cálidas e inesperadas.

A última vez que soube novas de Pamukkale foi no passado mês de Outubro por uns amigos que visitaram o local. Disseram-me que Pamukkale está hoje muito degradado, que muitas das bacias estão já secas por acção de um turismo desenfreado e incontrolado. É pena. Melhor seria proibir totalmente a entrada nestas piscinas naturais dando-lhes o tempo necessário para a sua recuperação. Se é que isso ainda é possível.
A vida é feita de equilíbrios quantas vezes instáveis e precários.
A Natureza também.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Beth Gibbons & Rustin`Man - Mysteries

Beth Gibbons & Rustin' Man - Mysteries

God knows how I adore life
When the wind turns on the shore lies another day
I cannot ask for more
And when the timebell blows my heart
and I have scored a better day
Well nobody made this war of mine
And the moments that I enjoy
A place of love and mystery
I'll be there anytime
Oh mysteries of love where war is no more
I'll be there anytime
And when the timebell blows my heart
and I have scored a better day
Well nobody made this war of mine
And the moments that I enjoy
A place of love and mystery
I'll be there anytime
Mysteries of love where war is no more
I'll be there anytime

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Quelhas










Quelhas - S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Quelhas

Esta é uma Amarante que permanece desconhecida, quantas vezes, para quem nos visita e que permanece na sombra, mesmo para muitos amarantinos, que sabem que ela existe, mas que não a cheiram, não a percorrem, não a observam, nem a absorvem. Bem sei que as quelhas são espaços estreitos, sombrios, onde a luz do sol mal penetra... mas que diabo, isto também é Amarante. E Amarante é sempre bela seja nas suas artérias, nas veias ou nos capilares.
As duas quelhas acima postadas são a Quelha das Garridas e a Quelha da Silvina. A primeira é bastante conhecida até porque o seu pavimento foi recuperado e é um dos acessos ao rio Tâmega. A segunda está bastante mais degradada no seu pavimento e nos edifícios que a ladeiam. As duas eram habitadas, na minha infância, por famílias bastante pobres e não raras vezes muito numerosas, como era o caso da família das Garridas que acabou por fornecer o nome popular e oficial à "sua" quelha. Percorro as duas desde miúda mas, sem dúvida, àquela a que estou mais ligada, pelas minhas memórias, é à Quelha das Garridas. Aliás o quintal dos meus avós, postado numa das fotografias, dava acesso, por um velho e estreito portão, a esta quelha, que eu tantas vezes desci acompanhando a criada da minha avó que, carregada com uma grande bacia de zinco cheia de roupa suja, empoleirada numa rodilha transformada numa espécie de rosca torcida, descia a calçada em direcção ao rio, onde havia sempre uma grande azáfama e o colorido da roupa a corar nas pedras e nos arbustos. Com sorte, na Primavera e no Verão, lá me deixavam ensaiar e treinar a lavagem da roupa, com os meus pés pequenos dentro da água fresca do Tâmega. E era sempre uma alegria porque o trabalho, pesado, era sempre acompanhado de tagarelice e cantorias.
Sem dúvida que o tempo tinha outra dimensão e tudo se processava muito devagar. E eu, que durante a minha vida já assisti a tanta mudança, que tive de me adaptar, melhor ou pior, a tanta inovação, dou por mim a pensar que esta falta de tempo cada vez mais notória, este acelerar constante do ritmo de trabalho, este sentir o tempo escoar-nos das mãos sem nós termos tempo de o reter, interiorizar, viver, vai dar cabo de nós enquanto pessoas.
Eu continuo a remar contra a maré dando a mim própria algum tempo de paragem, de quietude, de contemplação... nem que seja rápida, porque eu moro no século XXI!!!
Mas aqui nas quelhas o tempo parece quase fossilizado assim como algumas das pessoas que as habitam e não deixa de ser estranha esta sensação.

domingo, 18 de novembro de 2007

Amarante

Amarante

Nada melhor que um álbum fotográfico de Amarante, organizado pelo Helder Barros, para me fazer sentir que ainda tenho tanto, mas tanto que aprender neste mundo imenso e cheio de potencialidades, o mundo das novas tecnologias, onde eu sou apenas, e ainda, uma aprendiz de 1º grau.

Obrigada, Helder.


Arvoredos







Arvoredos - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Arvoredos

Adoro árvores e arvoredos. Aliás não é por acaso que estou farta de as plantar na Barca. Já plantei muitas e de várias espécies - castanheiros, pinheiros mansos, medronheiros, tangerineiras, laranjeiras, limoeiros, aveleiras, nogueiras e até já dei a plantar uma figueira, a figueira 23. E continuo a querer plantar mais e mais.
Mas hoje não é dia de plantações. Hoje é dia de contemplações. Tal como ontem foi e em que, para além da contemplação, registei a beleza inconfundível do arvoredo do Centro Histórico de Amarante. São tílias, amoreiras, carvalhos de várias espécies, plátanos... e estas árvores cujo nome desconheço - lá terei de consultar o Paulo Fontoura - que após a poda resultam assim em troncos desafiadores, quais esqueletos de corpos que esbracejam ao ar. São as árvores mais estranhas que aqui existem no burgo, e são também aquelas de que mais gosto. Porque são massas vivas, que acusam a passagem do tempo nas formas contorcidas dos seus corpos despidos, que se mantêm nodosos, disformes, mas firmes, verticais, saudando o céu azul com os seus braços descarnados erguidos, esbracejando, como que a despedir-se efusivamente deste Outono que rapidamente nos abandona.
Aproveitemos, então, o que a Natureza tão generosamente nos dá. E contemplemos.
 
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