
Praça
Djmaa el Fna Vista da Esplanada do Café
Argana -
MarrakechFotografia de Anabela Matias de Magalhães
Atentado em MarrakechQuantas vezes terei eu entrado no café
Argana, em
Marrakech, e subido as escadarias em mármore gasto como o raio que o parta pelos pés dos milhões de turistas que por ali treparam, e continuam a trepar, até um primeiro andar de esplanada sobranceira a uma praça única que é Património Mundial da Humanidade? Mais de cem? É provável. O café
Argana é um ícone da Praça dos Mortos, ou da Praça
Djmaa el Fna, para a qual se abre generoso, dia e noite, numa afluência que raramente abranda, faça sol ou faça chuva, faça calor de
esborrachar ou frio de rachar, que
Marrakech, a Vermelha, é mesmo assim, também ela generosa com os locais e os estrangeiros, sejam eles residentes, muitos, turistas de
griffe ou simples viajantes à procura de um país que teima em não se deixar desvendar.
Marrakech, cidade interior de Marrocos, a meio caminho do
Sahara que eu amo, é uma cidade
extraordinariamente buliçosa e cosmopolita, feita de
linguajares de todo o mundo, de
vestimentas diversas, de odores exóticos, de cores mais do que espampanantes, feita de encantos mil.
Ao que parece, o
atentado de hoje, que provocou 15/18 mortos, a informação é confusa, foi perpetrado por um bombista
suicida que, ao escolher a instituição
Argana, atingiu o coração de
Marrakech com enorme
estardalhaço.
À hora a que se registou, o
Argana costuma estar cheio de turistas que chegam cedo para reservarem uma mesa para o almoço, na esplanada com vistas panorâmicas para a praça imensa, que àquela hora costuma estar "apenas" com a turistada aos molhos, com os vendedores de frutos secos e de sumos de laranja,
divinais, como só divinal consegue ser um sumo de laranja feito à nossa frente,
fresquinho, bebido ali mesmo... sorvido por uma palhinha... enquanto se olha em redor para a Surreal Vermelha.
Espero que não haja portugueses entre os muitos mortos e feridos,
probabilidade muito provável, passo a redundância da expressão, dada a afluência que eu sempre por lá registei, probabilidade que só não se concretizará por mero acaso.
Espero que Marrocos, um reino tranquilo e pacífico, feito de gente
hospitaleira e calorosa, não sofra os efeitos nefastos em termos de redução drástica de turistas.
Espero que tudo se recomponha,
Youssef, e que o teu país volte a ser o que me disseste há pouco, pelo telefone -
tranquile,
tranquile como só Marrocos sabe ser, mesmo no coração da imensa confusão de
Marrakech, la
Rouge.
Nota - Quem quiser saber mais um pouco desta especial praça pode clicar
aqui. E para apreciar, com mais conforto, o bulício registado na fotografia basta clicar sobre ela e ampliar.
Entretanto o número de mortos parece que se eleva a 20, as informações continuam contraditórias. De qualquer forma, deplorável.