Recursos Pedagógicos de História - Sala de História
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Quem acompanha este blogue desde os seus primórdios, este blogue foi criado algures num dia de Fevereiro de 2006, cedo tomou contacto com o meu trabalho em sala de aula, muito inovador à época, tendo por base um trabalho previamente feito a partir do ano lectivo de 2004/2005, integralmente pensado, concebido e realizado por mim num maravilhoso programa chamado PowerPoint.... daí eu ter sido mesmo "baptizada" com o cognome, de que me orgulho, de Miss PowerPoint.
É claro que estou a falar de um tempo em que trabalhei sem rede, sem modelos previamente observados, ajustando os meus PPT às estratégias que, aula a aula, vou concebendo e utilizando e que vão variando ao longo dos anos porque as vou aperfeiçoando, porque eu sou irrequieta e insatisfeita e trabalhadora como o raio que me parta.
Passados todos estes anos, a base das minhas aulas continua a ser constituída pelas minhas apresentações em PPT, agora descodificadas e partilhadas na minha página de recursos, que já é a segunda e está agora com um template mais apelativo... mas nunca fugindo do preto, do branco, do vermelho, do verde e do azul, as cores que são a imagem de marca de grande parte do meu trabalho que partilho de forma graciosa, descomprometida, desinteressada, entusiasmada mesmo que já não tenho idade para falsos pruridos que, de resto, nunca fizeram o meu género, esperando, em última análise poder ser útil a alguém que neste trabalho veja utilidade.
O texto que a seguir transcrevo tem mais de uma década mas continuo a subscrever cada palavra por mim escrita, lá atrás no tempo:
As apresentações em PowerPoint não são panaceia para coisíssima nenhuma pois não são, nem nunca serão, os recursos/ferramentas, utilizados dentro da sala de aula, que determinam a qualidade dessa mesma aula, mas sim a abordagem desses mesmos recursos/ferramentas. Sei, por experiência própria, que esta ferramenta/recurso, utilizada em contexto de sala de aula, possibilita uma interactividade incrível entre professores e alunos, muito embora esteja espalhada a ideia, errada, de que é uma ferramenta muito estática, o que se deve, por certo, à utilização completamente errada e lamentável, porque apenas lida, que vulgarmente se faz da apresentação em PowerPoint. Sei também, fruto da experiência acumulada, que em Educação não há receitas e que a boa aula é a aula que resulta. E ponto final. E que a sua qualidade/êxito depende da sua preparação, das características do professor e dos seus alunos, da felicidade do professor e dos seus alunos, até do tempo, da chuva que nos entristece ou do sol que nos enche de energia, das condições de saúde, física e mental, do professor e dos seus alunos...
E eis que chego aqui, ao dia de hoje, a iniciar a Pré-História com duas novas turmas do sétimo ano de escolaridade já que esta disciplina se tornou semestral no agrupamento onde trabalho. E andamos às voltas com um problema velho como o planeta e que é o problema das alterações climáticas e ainda com as adaptações daí decorrentes para toda a fauna e flora e andamos também às voltas com o conceito de economia de recolecção e de caça e do consequente nomadismo.
Aqui chegados jamais lhes dou a lista dos materiais que a Natureza colocava ao dispor desses nossos antepassados, já que não quero neurónios preguiçosos dentro da minha sala de aula, pelo contrário, exijo neurónios plásticos e irrequietos e cada aluno lá foi ao quadro escrever um material existente com utilidade para o Homem.
Rochas... madeiras... fibras... ossos... peles... chifres... dentes... tutano... resina... cera de abelha... penas... marfim... pelos... tripas... conchas... raízes... e eu lá ia tirando exemplares do armário da Sala de História que guarda um espólio muito considerável de recursos que, amiúde, uso nas minhas aulas.
Os alunos estavam espantados.
- É tudo verdadeiro, professora?
- Mas é claro que sim! Por exemplo, os ossos que estão a ver são os ossos de um maravilhoso frango assado que eu comi um dia destes e que guardei e tratei até ficarem limpinhos e poderem integrar o espólio do Centro de Recursos da Sala de História. E o dente... é mesmo um dente de tubarão fossilizado e que tem milhões de anos...e... e...
Ou seja, e resumindo, uma aula de História do século XXI pode ser um mix entre um PPT e a materialização das matérias abordadas nesse PPT... sem esquecer que os meus alunos devem ler, previamente e em voz alta, em casa, no manual, a matéria que vai ser abordada na aula seguinte, sem esquecer também que, posteriormente, os alunos terão de construir, aula a aula, os seus portefólios digitais.
É um facto que uma aula de História pode ser isto. Mas também é um facto que uma aula de História pode não ser nada disto e continuar a ser interessante, certo?
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