quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Amadeo De Souza-Cardoso - Parabéns!

 

Fotografia de Autoria Desconhecida
 
Amadeo de Souza-Cardoso - Parabéns!

Esta postagem, que agora partilho em dia de aniversário de Amadeo, foi escrita por mim e já anteriormente divulgada neste blogue. Hoje volto a ela. Com a certeza de que ele estava certo e quase todos os outros, os medíocres, errados.
Parabéns, Amadeo! E agradecida pelo legado sem preço.

Quanto mais dele conheço mais o amo. Amo o seu olhar profundo e penetrante, as costas direitas com coluna vertical a condizer, o seu peito lançado para a frente, sem medos; amo a sua rebeldia, o seu pioneirismo, o seu arrojo, a sua determinação, a sua elevação da mediocridade geral, a sua procura de caminhos outros, de percursos novos, o seu querer fazer diferente, a sua necessidade imperiosa de afirmação. Amo este ser original, único, irrepetível, genial.
Por acaso, ou talvez não, escorpião dos sete costados. Por acaso, ou talvez não, nascido numa terra especial que já deu tanto ao país e que se chama Amarante.
Hoje, cito-o:

" Agora a minha idade é outra - resolver problemas e marchar, subir em cultura física, e espiritual e artística ao mais alto degrau, aproveitar desta vida o mais possível, pois que tudo é passageiro, e o céu outrora prometido já não seduz os homens modernos. Em arte estamos em absoluto desacordo. De resto estou-o também com os amigos compatriotas que marcham numa rotina atrasada. Arte é bem outra coisa que quase toda a gente pensa, é bem mais que muita gente julga. Tudo quanto por aqui se faz é medíocre aparte várias coisas. Porque se eu não gosto de Rodin ou Ticiano, todos me dizem que sigo um mau caminho. E porquê? Se cada um se fiasse no caminho que nos aconselham nada de mais se fazia, pois que eles, os outros, só sabem indicar-nos as suas próprias pisadas. Há gente que chama ao meu estado uma pretensão para sair do vulgar - que pensem o que queiram, indiferente me é - eu tenho as minhas razões e bastam. Eu sei o que agrada em geral - eu na generalidade desagrado. Até certo ponto não é menos lisonjeiro."

Amadeo de Souza-Cardoso

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