segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Calhaus do Tâmega / Calhaus da Ínsua


Calhaus do Tâmega / Calhaus da Ínsua - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Calhaus do Tâmega / Calhaus da Ínsua

É certo, os calhaus do Tâmega existem desde que o rio é rio. E também é certo que os calhaus da Ínsua existem na Ínsua desde que a Ínsua é Ínsua. A água mais ou menos impetuosa que sulca vales e rasga desfiladeiros a isso obriga fazendo rodopiar os calhaus em danças intermináveis arrastadas por quilómetros e quilómetros, envolvidos pela água doce/violenta do Tâmega.
Mas os calhaus, também há quem lhes chame rebos, apesar de estarem na Ínsua, encontravam-se bem tapadinhos à custa das areias que foram sendo depositadas ao longo dos anos de cheias mais ou menos intensas, mais ou menos suaves.
A que tivemos este ano não foi das mais graves e esteve até longe disso, afinal só beijou o "jardim", mas a cheia foi o suficiente para destapar os calhaus adormecidos da Ínsua e para os deixar à mostra, sem dó nem piedade, mais parecendo agora, certas partes da Ínsua, um mar de calhaus amarantinos. Por certo haverá por aqui quem não ligue patavina a estas coisas do rio e das suas margens, por certo haverá também quem ache este assunto irrelevante, por certo até haverá quem ache esteticamente a ìnsua bem mais linda agora do que antes. Não é o meu caso. Olho para ela e sinto até repugnância pelo que vejo e, confesso, nunca a vi assim com um aspecto tão desolador, esburacada aqui e ali pela força do rio, com um mar de calhaus do lado da Feitoria e devastação visível para quem a olha do lado do mercado. Mas talvez eu seja distraída... ou então talvez eu esteja de gosto estragado e afinal a Ínsua se apresente agora coisa muito bela quando olhada do cimo da Ponte Nova, ou do acesso aberto na margem direita do Tâmega mesmo por baixo do antigo Parque de Campismo de Amarante.
Sim, é certo, os calhaus do Tâmega existem desde que o rio é rio. E também é certo que os calhaus da Ínsua existem na Ínsua desde que a Ínsua é Ínsua. Mas... haveria necessidade de os deixar à mostra, quais alicerces de uma fundação que está agora ainda mais fragilizada?

Nota - Cliquem sobre as fotografias para as lerem na sua totalidade.

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