segunda-feira, 2 de novembro de 2020

COVID 19 e Escolas - A Palavra ao Dr. Jorge Sales Marques


COVID 19 e Escolas - A Palavra ao Dr. Jorge Sales Marques

Finalmente rompemos a muralha de aço. Finalmente alguém, fora do nosso círculo profissional, chama à atenção para a balda que se está a passar dentro das escolas portuguesas e que colocam em risco alunos, professores, funcionários e respectivas famílias. Sim, porque toda a gente que trabalha dentro das escolas tem família!!!!

Aconselho a leitura atenta de todo o artigo saído no Observador.

(...) "Em relação à transmissão, o contacto directo significa disseminação de gotículas respiratórias produzidas, por exemplo, quando uma pessoa infetada tosse, espirra ou fala. E estas podem ser inaladas ou ficarem retidas na boca, nariz ou olhos de pessoas que estão próximas (a menos de dois metros). Por outro lado, o contacto indireto surge através do contacto das mãos com uma superfície ou objeto contaminado com o vírus e que, em seguida, contactam com a boca, nariz ou olhos.  

A DGS refere a importância em rastrear os contactos e conclui, dizendo: “É o fator mais importante para se detectarem precocemente os casos suspeitos e limitar a propagação da Covid-19.”  

Também define o conceito de contacto: uma pessoa que esteve exposta a um caso de Covid-19, ou a material biológico infetado com o vírus, dentro do período de transmissibilidade. O risco de contrair a infeção depende do nível de exposição, ou seja, os contactos com um caso de Covid-19 são classificados de acordo com o seu nível de exposição: de alto risco ou de baixo risco.  

O que é um contacto próximo?  

Um contacto próximo pode ser considerado nas seguintes situações:  

  • pessoa com exposição associada a cuidados de saúde, nomeadamente a prestação de cuidados diretos a doente com Covid-19; 
  • contacto em ambiente laboratorial com amostras de Covid-19; 
  • contacto em proximidade ou em ambiente fechado com um doente com Covid-19. 
Estas recomendações são do conhecimento geral de todas as escolas públicas e privadas.  
O que vemos na prática ?  
Que há uma quase total desorientação nas escolas deste país.  
Há escolas que seguem uns critérios. 
Outras decidem seguir um rumo diferente quando um aluno está infetado.  
Como pediatra, não há dia em que pais não me telefonem a perguntar o que fazer, porque um colega de turma do seu filho está infetado.  
Vamos aos factos. Há casos em que a turma tem um aluno infetado com Covid-19 e apenas este aluno fica em isolamento na sua própria casa, enquanto os colegas continuam a frequentar a escola como se nada se passasse.  
As orientações são precisas: contacto próximo em local fechado significa risco elevado.  
Não é por se deixar uma janela ou porta aberta que deixa de haver contágio. Isso é pura demagogia! Estes alunos devem fazer o teste rápido e, na dúvida, PCR.  
Há outras escolas que enviam todos os alunos para casa, ou parte deles, quando um dos colegas está infetado. Esta medida é correta, mas nem sempre é efetuado o teste de rastreio. Quando o fazem, é por iniciativa dos pais ou por recomendação do médico de família. O que aconselha a DGS? É importante rastrear os contactos para evitar a propagação!  
Nenhuma das duas orientações, no entanto, está correta. Os alunos não são enviados para casa, em quarentena profilática, nem são rastreados todos os contactos.  
Como vamos conseguir quebrar estas cadeias de transmissão? Não espanta o aumento do número de casos entre a comunidade. Não há rastreio nem isolamento profilático, verdadeiramente! Todas as escolas devem seguir as mesmas diretrizes e estas devem ser uniformes.  
Será que as orientações são dadas às escolas após contacto com a DGS ? Se assim for, não se entende porque não seguem as recomendações: rastrear os contactos e quebrar a cadeia de transmissão.  
É fundamental que se façam mais rastreios, de preferência a todos os alunos da turma que estiveram em contacto com o estudante infetado, alargando-o igualmente aos professores e auxiliares.  
Em equipa, lutando e trabalhando para o mesmo objetivo, é a melhor forma de conseguirmos vencer este  inimigo invisível, de dimensão ínfima (60 a 140 nanômetros), mas terrivelmente virulento e mortífero!"

9 comentários:

Anónimo disse...

Não são as escolas que enviam alunos ou turmas para casa, como também não mandam fazer testes, estas são decisões, que segundo protocolo, cabem às respetivas delegações regionais de saúde. O que está a acontecer é que os critérios são diferentes a nível nacional e até dentro da próprias delegações regionais de saúde.

Anabela Magalhães disse...

Digamos que também isso depende. Há escolas que têm no seu plano de contingência o envio de turmas para quarentena perante um caso positivo e estão a fazê-lo.
Mas sim, penso que será, frequentemente, decisão do delegado de saúde. E que essas decisões também dependem e são diferentes conforme os delegados de saúde. O que não devia acontecer. Deviam estar definidos protocolos que uniformizassem as actuações perante iguais circunstâncias. Digo eu...

Anónimo disse...

Se este Dr Jorge Sales tivesse ligado a um ou dois diretores, saberia com toda a certeza que, independentemente do que está inscrito no plano de contingência de cada escola, toda a decisão compete à delegada de saúde. Até porque, para alunos com menos de 12 anos, é necessário passar o respetivo "atestado" de isolamento profilático para o EE ficar em casa com o aluno.
Por isso há tanta discrepância....cada caso é um caso.
Concordo com o que foi dito, mas..... perguntem às escolas antes de se porem a adivinhar!

Anónimo disse...

É verdade o delegado de saúde sabe que existe casos em turmas mas mesmo assim os alunos continuam a ir à escola e não existe nenhum rastreio tanto para alunos como para professores. Aos professores se for preciso ainda liga a obrigar a ir trabalhar mesmo tendo tido contacto direto com o caso positivo.
As diretrizes têm de ser iguais para todas as delegações de saúde... Isto está a ficar um caótico ninguém sabe como agir, os encarregados de educação estão a ficar em pânico.

Anabela Magalhães disse...

Não me parece que do teor do artigo isso - se compete ao delegado ou às escolas - seja o mais relevante. Mas sim, a competência é dos delegados de saúde. Agora, independentemente de quem é, no papel ou de facto, a verdade é que as actuações são muito díspares o que provoca um aumento dos níveis de ansiedade nas comunidades educativas.
Até o que está a funcionar bem é a Linha de Saúde 24!!!

Anabela Magalhães disse...

Pois, acredito. Mas vamos manter a calma exigindo clareza e transparência nas decisões.

Lotice disse...

Meu coração fica pequenino, meu filho é asmático,e divide mesa com outro aluno, já pedi a professora que o separe mas ela diz não ser possível, enquanto isso aguardo consulta de uma aleorgista do hospital de amadora onde ele foi encaminhado para ser acompanhado. Não sei mais o que fazer é muito difícil

Anabela Magalhães disse...

Pois divide. Dividem quase todos. A maioria das escolas deste país só tem carteiras duplas. Ora, o ministério não nos deixou diminuir o número de alunos por turma e, assim sendo, tudo continuou igual. :(
Boa sorte para o seu pequenino e que tudo lhe corra pelo melhor.

ESCOLA EB1 FLORESTA disse...

Isso também tem acontecido relativamente às universidades.

 
Creative Commons License This Creative Commons Works 2.5 Portugal License.