sábado, 26 de julho de 2008

Cruzeiro Seixas








Cruzeiro Seixas - Museu Amadeo de Souza-Cardoso
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Cruzeiro Seixas

A exposição, tal como eu previa, está soberba. O surrealismo continua vivo e bem vivo neste personagem pintor de excelência. Há duas salas com pintura de Cruzeiro. A da entrada, mais pequena, sem areia no chão. A segunda, coberta de areia húmida, o que nos deixa perplexos pela estranheza e pelo efeito cénico surpreendente.
Só vendo.
As paredes das duas salas lá estão, pretas ou negras como tições aonde se agarram algumas pinturas, e mesmo uma tapeçaria, de grande tamanho. Dos tectos pendem pequenos quadros que se movem constantemente obrigando-nos a fazer percursos sempre novos e inesperados.
Excelente exposição que revisitarei brevemente, em silêncio, com a calma necessária para a poder absorver.
Partilho um cheirinho dela com os meus leitores. Delicioso. Aconselhando vivamente uma deslocação ao meu burgo.
Quanto ao Cruzeiro, um amor, uma simpatia de senhor que tive o prazer de conhecer pessoalmente hoje. Em Amarante está entre amigos e sente-se entre amigos. Teve até a delicadeza de, em terra de falos, apropriar-se de três deles para a sua exposição. E falou sobre este culto tão típico e tão enraizado da minha terra tal como eu já falei dele neste blogue. Em Roma sê romano. E, já agora, surrealista.
Mas por hoje chega.

29 comentários:

Elsa C. disse...

O surrealismo é o movimento artístico que mais gosto. Adoro Cruzeiro Seixas. (Re)vejo-o frequentemente na Fundação Cupertino de Miranda!
Hoje cheguei, do Porto, tardiamente a Amarante.
De qualquer forma, o frenesim de uma inauguração não se compadece com o acto solitário da contemplação e fruição. Irei à exposição com a maior brevidade possível.

Anabela Magalhães disse...

Desloquei-me há uns anos à Fundação Cupertino de Miranda para ver uma retrospectiva de Cruzeiro Seixas que não mais me saíu da memória. Adoro Cruzeiro Seixas pelas cores, pelas formas, pelas mensagens, pelo inesperado e improvável, pelo erotismo sempre presente neste surrealista ímpar no panomarama nacional.
Combinamos e vamos as duas.
Beijinhos

Anabela Magalhães disse...

Ah! E outra aproximação entre nós. Também é o meu movimento preferido.

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

Também eu queria "meter o artigo" pois a essa hora, andava a dar banhinho em sal-moura a dois cabritinhos de infantario: um pesava 2,5 e outro quase 3!!! hummmmmmmm
Mas depois de des-lambuzado o butar calçao e boias labadinhas,lá irei, sim!

Anabela Magalhães disse...

Vai, Clap. Eu já de lá venho hoje outra vez. Hoje fui com a Elsa e o teu amigo Carvalho. Sim, aquele que quase nos abandonou...
Voltarei lá com a Susana. Voltarei lá com o Artur.
Excelente domingo.
Beijinhos, especiais para o patriarca.

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

Vocês estão sp a dar-me ideias para eu plagiar...
Eu tb reconheço no surreal (ou sobre-real) algumas afinidades e destino do q é a Arte. Assim sendo irei dedicar aos meus próximos posts essa dimensão. Espero possam apreciar e que eles vos produzam algo de novo.
Um abraço domingueiro.

Elsa C. disse...

A exposição é sublime. Adorei o chão de areia. Permite a cada contemplador deixar, literalmente, a sua marca. As paredes pintadas de preto conferem um ar muito teatral às duas salas. São como que palcos...
E as obras?
Lindas.
Gostei particularmente das esculturas "As meninas" e "Noite".
Outras(re)conhecia-as da Fundação Cupertino de Miranda.
O que me agrada no Cruzeiro Seixas é a facilidade com que "des-natura" os objectos. E o que são os objectos?
Etimologicamente refere-se àquilo que está fora de nós (objectum). E o que está no nosso exterior, é captado em função da nossa subjectividade (criado pela nossa mente) ou existe na realidade, resistindo-nos?
É a velha querela entre o idealismo e o realismo do ponto de vista gnosiológico.
O surrealismo esventra estas perspectivas, no sentido de tornar real o onírico e transformar o domínio do real em pura imaginação, pulsões.
Todos os pormenores foram meticulosamente cuidados pelo artista.

Como disseste, Anabela: "imperdível"!


Lá nos encontraremos - E.S.A. - na terça.

Manuel disse...

Surrealismo? OK. Em Portugal?Tenho dúvidas! Vou ler o Alexandre O´Neil e depois falamos.
O surrealista português que mais gosto é o Mario Cesariny...na poesia.

Como ele dizia:"Eu acho que se se é surrealista, não é porque se pinta uma ave, ou um porco de pernas para o ar. É-se surrealista porque se é surrealista!"


Diz a Anabela: Hoje fui com a Elsa e o teu amigo Carvalho. Sim, aquele que quase nos abandonou...
Ui!o que quer isto dizer?

Beijos e abraços que vou até Lisboa (eu a armar-me em cosmopolita!).Deixo-vos um poema do MC que em tempos prometi ao Clap uma versão musicada por Rodrigo Leão e Gabriel Gomes sobre a voz do próprio Cesariny

Pastelaria
Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita genteque come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

Anabela Magalhães disse...

E já agora, Manuel, Carvalho, ou lá o que tu és!, não te esqueças de outro igualmente importante de seu nome Raul Perez, felizmente ainda vivo.
E seja bem aparecido por aqui, por este espaço de tertúlia onde entram amarantinos, como nós, mas não só, que a cada passo entra por aqui até estrangeirada.
Estou de acordo com Cesariny: "É-se surrealista porque se é surrealista." Quem se lembraria de cobrir o chão daquela sala de areia, de formas mutantes que, como disse a Elsa e bem, se altera à nossa passagem? Nós integramos a exposição, espaço cénico montado por Cruzeiro Seixas, que nos remete para as vanguardas de qualquer cidade cosmopolita do mundo. E o cheiro? Cheiraste a exposição? Cheira a Home. Irreverência, enorme criatividade foi o que eu vi naquela sala. Cruzeiro Seixas tem 88 anos. É apenas um pormenor. Menor.
Beijinhos e faz boa viagem até à capital.

Anabela Magalhães disse...

E obrigada por deixares aqui a poesia de Cesariny.

armando s. sousa disse...

Está tudo dito de uma forma exacta!

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

deram-me mais uma ideia de rachar tudo...ainda hoje a-posto!
bjs e boa viagem

Anabela Magalhães disse...

Obrigada, Armando. A exposição obriga-nos a pensar, coloca-nos interrogações. É bom. Gosto disto.

Anabela Magalhães disse...

Ó Clap, tu agora é beijos e boa viagem para o Manuel?!
E vais rachar tudo? Vou já ao teu blogue!

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

Beijos e abraços e farneis carago!
Pára-se na Bairrada para tomarmos uma salada???kamone!!!!

Elsa C. disse...

O M.C. deixou-nos um poema de M.C.

Bom gosto!

Quanto aos beijos: deixemo-los cumprimentarem-se e despedirem-se como quiserem. Cruzeiro Seixas aprovaria os beijinhos, não achas Anabela?

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

Não me digam que o MC é o "nosso" M.C.???!!!

Anabela Magalhães disse...

Salada? Também. Mas o certo é que na Baisrrada não prescindo do meu leitão. Ah! Como eu gosto de sentir aquela pele tostada a desfazer-se entre os dentes...

Anabela Magalhães disse...

Bairrada, é Bairrada.
Cruzeiro aprovaria todas as emoções e afectos entre nós.

Anabela Magalhães disse...

Que "nosso" M.C.? De que falas tu?

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

Anabela:
Bais à Bairrada N
ao tarda nada!!!
mas com esse ruído de rilhar o pobre bicho com a tua rica denta-dura,terei de propor a tua mudança de escalão de GrinnnGrinn para......... ( Full fill the foloowing space, plize)
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O MC é o nosso MC, carago! sp na desportiva, passo curto, sorriso nervoso..amigo da imagética...entao carago??? na bais lá?...huummm quantos MC , para além do que tinha o alambique clandestino,conheces tu, carago?

Elsa C. disse...

O caos instalou-se no blogue!
Os pronomes possessivos estão possessos.

"O nosso" do Clap = Clap + Anabela.
Mas se for um "teu" unilateral é só do Clap...ou eventualmente teu, Anabela.

Meu, asseguro-vos que não é!
Admirável a vossa partilha...

Anabela Magalhães disse...

Ah! Esse! O sempre na desportiva, passo curto, sorriso nirvioso... amigo da Imagética... por falar em Imagética... quem é? Assim de repente não estou a ver...

Anabela Magalhães disse...

De nada, Elsa! Tu já sabes que nós não somos invijiosos, não é assim, Clap?
E toca de fazer toda a gente feliz!

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

Bem...vou ali ao arquinho tomar um Tónico e devo estar de volta,antes das duas!!!é que se me ataca o pícarrete!!!

CLAP!CLAP!CLAP! disse...

Oh Elsa Oh Elsa!!! Num baralhes...
Anabelazinhaaaa???
Imagética>Imagem>som>ai>dor>genética>ética>quintas-feira!Acçao!Filmar!Meu? Musa>meu>museu!MEU??? Nosso?Não! dos Amigos...e tb seu!
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capiscou ou só-la-vai-cum-desenho-tri?

Elsa C. disse...

A Anabela já deslindou o M.C.!!!
O pronome é que a confundiu...ou talvez não.

Lourenço disse...

Olá!
Posso partilhar este video, sobre vida e obra de Cruzeiro Seixas?
Espero que goste, é mais um percuroso de vida, alternativo pois, surrealista, é claro.

www.vimeo.com/9207037

Bjs
Lourenço

Anabela Magalhães disse...

Muito obrigada pela partilha, Lourenço. Já o tinha recebido pelo outro lado e confesso que antes de mo enviar o desconhecia por completo!
Excelente!
beijinho

 
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