sexta-feira, 19 de junho de 2009

Programa de Viagem a Marrocos. Aos Soluços


Fez, a Magnífica - Fez El Bali - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Programa de Viagem a Marrocos. Aos Soluços

4º Dia - Fez

Se acordarem num riad, no interior da medieval Fez, por certo acordarão bem cedo pelas mãos dos milhares de chilreios da passarada que habita, lado o lado com os humanos, esta cidade única e irrepetível.
Comecem o dia devagar. Tomem um bom pequeno almoço. Saboreiem as panquecas acabadinhas de fazer e barradas com compotas caseiras. Deliciem-se com o pão, com o incomparável pão de Marrocos. Acompanhem com um excelente e verdadeiro sumo de laranja e depois ataquem a cidade.
Fez, a Magnífica, a Labiríntica, bem precisa de um dia inteiro só para ela. A capital espiritual do reino de Marrocos é só a medina mais antiga e maior do mundo e deve ser visitada devagar, com todos os sentidos bem despertos, absorvendo cores, formas, cheiros, sons e o que mais calhar.
Deverão entrar pela Bab Boujloud, que é o mesmo que dizer a Porta Boujloud, e seguir a multidão. Ou não. Não interessa. Lembrem-se sempre que para baixo irão em direcção ao rio Fez, que atravessa a medina, e que para cima acabarão, mais cedo ou mais tarde, por sair do interior dela. Se se sentirem mais confortáveis poderão pedir um guia no hotel. Neste caso deverão ajustar a visita e deverão combinar antecipadamente o preço. Absolutamente de evitar a visita da medina a uma sexta-feira já que neste dia, o de descanso para os muçulmanos, se encontra praticamente tudo fechado e o casco medieval da cidade perde grande parte do seu encanto que lhe advém do bulício e da agitação. Outro conselho prende-se com a segurança. Manda o mais elementar bom senso que em sítios de muita aglomeração de pessoas, como é o caso, não se passeiem com objectos de valor em exposição corporal e mesmo as meninas deverão evitar deslocar-se com carteiras, mochilas e outros adereços que tais. Mas este conselho é válido para Fez ou para o mercado de Amarante. Tal qual. E garanto-vos que nunca aqui tive problemas. Mesmo no meio da confusão e aperto. E quando digo aqui estou mesmo a referir-me a Fez.
Em Fez é absolutamente imperdível a visita a uma medersa ou escola corânica, que poderá ser a Bou Inania, é absolutamente imperdível a visita às tinturarias, e se conseguissem visitar um ou outro palácio ainda habitado, a troco de alguns dirahms, seria excelente. De resto é calcorrear as vielas onde tudo se fabrica, onde tudo se regateia e se vende, procurando passar pelas pequenas praças que, aqui e ali, se abrem como respiros ao sol, como no caso da praça Nejjarine.
Nos arredores da cidade têm ainda a zona dos ceramistas, facilmente identificável pelas colunas de fumo negro dos fornos em quase permanente cozedura da cerâmica que leva o nome da cidade e têm a Borj Sul, que deverá ser visitada logo pela manhã ou ao pôr-do-sol, e que vos permite ter toda a cidade de Fez literalmente aos vossos pés. A vista oposta poderá ser observada no jardim junto ao Hotel Les Merinides, o hotel com as vistas mais incríveis da cidade. Resta-vos a entrada do palácio real com as suas fabulosas portas em bronze, perto do bairro judeu.
E se cumprirem este programa já farão muito.


5 comentários:

Passiflora Maré disse...

Parabéns pela foto de Fez, a magnífica. É fabulosa.
Com a virtude de me remeter para o Universo/Imaginário de Vieira da Silva, que é nem mais nem menos que "o meu pintor português preferido".

Anabela Magalhães disse...

Obrigada, Passi!
O mérito não é da fotógrafa mas da fotografada porque Fez é realmente uma cidade do outro mundo. É como se conseguissemos recuar no tempo como num passe de magia. Tirando as parabólicas, é claro.
Mas eu ainda retenho na minha memória esta mesma visão sem as ditas cujas. :)
Quantas saudades!
Beijinho grande e votos de excelente fim-de-semana.

Anabela Magalhães disse...

E Fez faz mesmo lembrar a pintura da excepcional Vieira da Silva. :)

Passiflora Maré disse...

COMO me pareceu manifesto eu não disse que a Maria Helena Vieira da Silva era "o meu pintor português preferido" por pensar que se tratava de um homem, mas tão só porque a sua pintura se destaca em qualquer comparação, quer ela envolva só pintoras quer ela envolva só pintores ou ambos os géneros. A pintura dela tem uma linguagem universal e não de género.

Anabela Magalhães disse...

E foi assim que eu entendi o seu comentário anterior, Passi. E concordo. :)
Bjs

 
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