quarta-feira, 17 de junho de 2009

Programa de Viagem a Marrocos. Aos Soluços


Intromissões Azuis - Chefchaouen - Rif - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Programa de Viagem a Marrocos. Aos Soluços

A cada passo recebo pedidos de dicas sobre como circular em Marrocos, o que ver, onde ficar.
Desta vez trata-se de um grupo grande, disse-me a minha filhota, liderado pela minha sobrinha Babá, uma das manas Silveirinha.
Para ela vai ser uma volta de reconhecimento, uma vez que por lá já andou guiada pelas minhas mãos, há uns bons anos atrás... para aí dez ou mais, não Babá?
Desconhecendo por completo o orçamento dos viajantes deixarei aqui algumas dicas para uma viagem deste tipo que sei ser de quinze dias.
O Zé, aquele que sem ter sido meu aluno e sendo meu colega na ESA me trata sempre por professora, e a quem eu sempre corrijo para Anabela, também me pediu mais ou menos o mesmo, mas para oito dias. Vai daí, Zé, podes perfeitamente seguir estas indicações que hoje aqui vou deixar. Ou não.
De qualquer modo partam e sintam-se "At Home"... se forem capazes.

1º dia - Porto - Chefchaouen

Etapa constituída por estrada e mais estrada e quase unicamente estrada, que tereis pela frente um pouquito mais de 1000 Km até chegar a Chaouen, mais travessia de ferry, mais formalidades na fronteira que podem ser "Aquela Palhaçada!"
Aconselho a saírem antes das oito da manhã e a não perderem tempo nas áreas de serviço. Sigam em direcção ao Algarve, apanhem a Via do Infante, sigam para Sevilha e depois em direcção a Algeciras. Nada que um GPS não vos indique na perfeição.
Chegados a Algeciras é necessário comprar bilhetes para pessoas e veículos, já no interior do porto, nos escritórios das várias companhias onde terão disponíveis bilhetes para barcos rápidos e para barcos um pouquito mais lentos que a escolha é à vontade do freguês e da respectiva bolsa. De qualquer modo a travessia para Ceuta nunca é muito demorada.
Se viajarem em Agosto evitem atravessar o estreito aos fins-de-semana, sob pena de se meterem numa alhada monumental com os marroquinos em férias e a atravessarem aos milhares.
Aconselho a comprarem bilhetes só de ida, embora um pouquito mais caros, porque vos deixará inteiramente livres para, no regresso, embarcarem no primeiro barco que sair do porto.
E gozem a travessia. Talvez avistem golfinhos, tão comuns há muitos anos atrás, e que eu não tenho visto ultimamente.
Em Ceuta sigam a direcção Marrocos e apreciem a chegada ao bulício da fronteira. Encham os depósitos nas últimas ou penúltimas bombas, de longe as que têm preços mais amigáveis. Se a fronteira estiver "num daqueles dias", não se assustem, que o país não se resume à pantominice que por norma caracteriza "aquela" fronteira.
As formalidades podem ser chatas, dependendo dos apetites dos tipos, mas basicamente consistem no preenchimento de impressos, um por cada pessoa e um para cada veículo e carimbadelas daqui e dali. Não se esqueçam dos passaportes. Sem eles não entrarão no reino de sua majestade.
Atenção que se viajarem com carros que não estão no vosso nome têm de tratar das autorizações aqui mesmo em Portugal. E não se deverão esquecer dos seguros de viagem.
E ataquem lá Marrocos.
Passarão por uma zona muito bem cuidada de praias mediterrânicas, com aldeamentos turísticos a fazer lembrar o Algarve, pela cidade de Tetuan, e avançarão sobre as montanhas doces do Rif, numa estrada serpenteante e agradável, rodeados de campos e mais campos de cereais, em Agosto amarelos e colhidos, e depois tomarão uma estrada estreita, à esquerda, que vos levará a Chefchaouen, já no coração do Rif. Respeitem os sinais de trânsito e os limites de velocidade que vos forem aparecendo e atenção aos cruzamentos onde frequentemente estarão brigadas policiais a controlar tudo o que se move sobre rodas. No Norte as estradas são muito controladas, especialmente no Verão com o aumento do trânsito automóvel em circulação. O Sul, mais inóspito e despovoado, é mais cool relativamente a este controlo apertado que, frequentemente, dá direito a multas aos mais espertinhos.
Aconselho-vos o hotel Chaouen, que verão indicado sendo que é só seguir as tabuletas. O hotel é um 4 estrelas, nada de especial, mas tem piscina onde se poderão refrescar depois de um calorzinho que pode ser de torrar. A mais valia deste hotel é a sua localização, a meia encosta, com as duas montanhas apelidadas de Chifres mesmo por trás, a permitir umas vistas fantásticas sobre a cidade. Eu continuo a não prescindir de acordar aqui, seja Verão seja Inverno. Se não gostarem dos preços aqui vos deixo um sítio com algumas dicas para alojamento no centro da cidade:
http://marrocos.wordpress.com/2006/12/26/hotel-chefchaouen-marrocos-hoteis-dormir-alojamento-chaouen/
Aconselho-vos a marralharem o preço seja onde for. Hotéis incluídos. Digam que são clientes habituais e que querem um preço de grupo pois é comum haver n tarifas, conforme o apetite dos tipos, se se lembram mesmo de ti, até se simpatizaram contigo.
Não se esqueçam do que eles dizem - Quem não discute os preços ou é burro ou é americano!
Ora vocês não são nem uma coisa nem outra.
Em alternativa, para um orçamento mesmo baixo, têm um parque de campismo mesmo em frente ao hotel Chaouen. Penso que ainda funcionará.

2º dia - Chefchaouen

Chefchaouen, Chaouen para os amigos, é para calcorrear com calma, apreciando as portas das habitações, a fazer lembrar contos de fadas, duendes, anões e outras coisas que tais, apreciando a multiplicidade incrível de azuis só conseguidos por pigmentos naturais e pintura a cal.
Se se sentirem mais confortáveis contratem um puto que vos guiará sorridente e vos mostrará tudo o que vale a pena ver, das vielas mais ou menos concorridas, à nascente, às entradas das mesquitas onde não é permitido entrar. Em alternativa percam-se sozinhos, e em absoluta segurança, e andem ao acaso, devagar, saboreando cada recanto, cada matiz de azul, cada pormenor da cidade. Cultivem o que eu chamo de "intromissões azuis", ou seja, metam as vossas cabeças, respeitosamente, com todos os vossos sentidos bem apurados, nos pátios interiores destas habitações e absorvam a luz, incrível e surreal, daqueles interiores. E escutem o barulho da cidade, das brincadeiras das crianças, que com sorte verão nalguma escola corânica.
Permaneçam na cidade um dia inteiro que vale bem a pena. Comam por lá e verão que não vos faltarão sítios para comerem uma maravilhosa chorba, ou uma fantástica e revigorante harira.
E usufruam das férias e do tempo que escorre devagar e sem grandes preocupações. Relaxem. Se ficarem no hotel Chaouen aproveitem o Hamam e verão que se sentirão absolutamente revigorados.
Qualquer dúvida que tenham sobre esta primeira etapa enviem para aqui.
Beijocas, divirtam-se e gozem os preparativos.

Ler ainda neste blogue:
http://anabelapmatias.blogspot.com/2009/04/home.html
http://anabelapmatias.blogspot.com/2007/05/blog-post.html
http://anabelapmatias.blogspot.com/2007/04/intromisses-azuis-chefchaouen-marrocos.html

2 comentários:

Ricardo Pinto disse...

ULTRAJE AOS DIREITOS DOS ALUNOS. PROFESSORES ACIMA DA LEI?

análise em: http://centroparoquialgondar.blogspot.com/

Anabela Magalhães disse...

Ó Ricardo, mas isto não tem nada a ver com este post!

 
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