terça-feira, 18 de junho de 2013

A Anormalidade Transformada em Normalidade?

Fotografias Sobre Artigos de Hoje do JN
Fotografias de Anabela Magalhães

A Anormalidade Transformada em Normalidade?

Devo dizer que a minha vida de estudante, até ao ano propedêutico, contou com muito poucos exames. Não que eles não existissem, porque existiam, mas eu dispensei deles quase todos. O 25 de Abril deu-se estava eu no Ciclo Preparatório Teixeira de Pascoaes, quase no fim do meu 2º ano, agora 6º, precisava de média de 12, em 20, para dispensar de qualquer exame, média que ultrapassei e vai daí, não os experimentei. A nova barreira de exames situava-se no antigo 5º ano dos liceus, agora 9º ano, mas tinha a particularidade de também compensar os melhores alunos que tinham de ter média igual ou superior a 14, em 20, 14 à parte de Letras e outro tanto às disciplinas das Ciências. No problem, obstáculos superados! Chegada ao 7º ano, agora 11º, anulei a matrícula a Francês, devido a um diferendo grave com a minha professora, e a Latim, disciplina deveras complexa a que me desleixei. Escusado será dizer que fui a exame às duas. Seguiu-se o Ano Propedêutico, hoje 12º ano, com dois exames nacionais por disciplina, com os alunos a serem despachados por ordem alfabética para os liceus do Porto, um até fui fazê-lo a um liceu de Gaia.
E a minha carreira enquanto aluna a cumprir exames, na agora escolaridade obrigatória, acabou aqui.
Cumpridos os anos de faculdade ingressei no ensino e de há muitos anos a esta parte integro o corpo de vigilantes e habituei-me a cumprir regras tão apertadas que incluíram sempre portas obrigatoriamente abertas, tempos regulamentados para tudo, distâncias entre carteiras, alunos a iniciarem os exames todos ao mesmo tempo e saírem todos ao mesmo tempo... até passaram por recomendações de sapatos de borracha ou sapatilhas para para não perturbar os raciocínios dos alunos enquanto realizavam as suas provas com barulhos de tacões... toc... toc... toc, ou mais finos... tic...tic...tic...
Quero aqui afirmar, alto e bom som, que nunca, mas é que jamé! e o meu jamé não é um jamé qualquer, assisti à balbúrdia que ontem foi sendo relatada pelas televisões e hoje continua a ser relatada pelos jornais, nem enquanto aluna, nem enquanto professora.
Pode ser que tenha acontecido muita anormalidade no PREC... pode... mas nesse ano não realizei qualquer exame e, portanto, não posso guardar memória daquilo a que não assisti.

O ministro da educação, ao assobiar para o lado falando de apenas "casos pontuais" e dando os parabéns aos professores dedicados que ontem fizeram as vigilâncias e colaboraram nestas vergonhas que serão, assim o espero, apuradas com imparcialidade, descredibiliza por completo toda a Escola Pública em Portugal e devia corar de vergonha cada vez que enche a boca com a palavra rigor e rigoroso, presente mil vezes nos seus discursos, mas que não corresponde a praxis que se veja, a praxis que se cheire.
Esta actuação política está, para mim, classificada - infelizmente, e como eu desejaria não estar a escrever isto, está abaixo do nível da sarjeta.

Nota - Para ler com mais conforto, é favor clicar sobre as fotografias.

2 comentários:

Anónimo disse...

http://educacaoquerida.blogspot.pt/2013/06/conselho-de-ministros-novo-despacho.html?spref=fb


vejam isto digam-me da vossa justiça!!!

Lúcia

Anabela Magalhães disse...

Excelente post do Delfim que eu já tinha lido. :(
Quem quiser continuar de cabeça metida na areia que continue...

 
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