quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Sala de História - Orgulho - Mas Nunca se Agrada a Gregos e a Troianos

Sala de História do 3.º Ciclo da E. B. 2/3 de Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Sala de História - Orgulho - Mas Nunca se Agrada a Gregos e a Troianos

Hoje recupero um post datado do dia 11 de Outubro de 2018. E recupero-o à conta de um acontecimento passado hoje de manhã, dentro da sala de aula, dentro da Sala de História, que, de novo, me encheu de orgulho.
Abri a porta, os alunos do 7.º ano foram entrando enquanto eu me dirigia para o computador e eis que os ouço, nas minhas costas, em exclamações entre eles de "Adoro esta sala!" , "Eu também!", "Eu também!", "As salas de aula da escola deviam ser todas assim!".
Caramba, até me virei para eles tentando adivinhar quem assim falava!!!
Muito grata, Alunos Meus! Vocês valem todo o meu sofrimento nesta profissão... digamos que difícil!
Ora aqui vai o post que amanhã fará um ano.
Não faltará gente, por certo, que, ao ler o título deste post, pense de imediato que o orgulho é um dos sete pecados mortais... isto para quem acredita neles. Garanto-vos que, o orgulho por mim sentido ao entrar na Sala de História do 3.º Ciclo, da E. B. 2/3 de Amarante, é um orgulho bom, um orgulho de quem tem a consciência tranquila perante um trabalho que saiu do pelo dos meus alunos e que saiu também do meu próprio pelo.
Durante o ano transacto, muitas foram as vezes em que falei, interna e externamente, em departamento também, da necessidade imperiosa de refrescar salas de aula, de "iluminar" salas de aula, de alterar salas de aula, que são, na minha opinião, e já agora também na opinião dos meus alunos, sítios escuríssimos e não adaptados ao fim a que se destinam, fim este que é, nem mais nem menos, a nobre actividade em que se pratica o ensino/aprendizagem, tarefa que reclama um ambiente acolhedor, repousante, tranquilizador, feito de um ambiente claro, coisa que se consegue, está já provado, sem que seja necessário despejar rios de dinheiro nestes edifícios construídos há décadas mas ainda de estrutura excelente. Ok, ainda falta mudar o chão... já para não falar da urgência da substituição das coberturas, com amianto, das caixilharias e da canalização dos pavilhões que já cumpriram 40 anos de idade e que, obviamente, acusam o passar dos anos consecutivos sem obras de vulto para além de umas remendices aqui e ali. Mas, essas intervenções, já não serão para nós.
Nem mesmo intervenções "pequenas" como estas que hoje partilho serão para mim, num futuro mais ou menos próximo. Aliás, devo confessar que, se fosse hoje, não mexeria uma palhinha por esta Sala de História, não a remodelaria de todo, remodelação esta iniciada no ano lectivo de 2009/2010, com o apoio, sempre, nem poderia ser de outro modo!, da direcção da Escola. E por uma razão muito simples e que se chama, isso!, Ministério da Educação.
Remetida a uma equivalência forçada a funcionária administrativa, que fique bem claro que nada tenho contra eles, bem pelo contrário! mas que eu não sou!, confesso-vos que temo que jamais conseguirei digerir o que considero ser a afronta mais deplorável que tive de acomodar em toda a minha vida profissional. Mas, como a Sala de História já estava bem adiantada, pesados os prós e os contras, até o meu cara metade me disse categoricamente "É claro que tens de acabar a Sala de História!", decidi voltar atrás com a minha decisão de acabar com esta sala diferenciada, diferenciada de História e, ao invés de acabar com ela, tratei de a terminar pelo menos de modo a estar apresentável aquando do regresso dos alunos. O que foi feito. O que está a ser feito. Ainda faltam pequenos pormenores, sim alunos, ainda temos trabalho a executar, mas a sala está já airosa e os/as miúdos/as gostam genuinamente de ter aulas por aqui.
Depois, quando dermos por terminado este trabalho, enriquecedor e pleno de cidadania activa para todos os/as alunos/as que nele estiveram envolvidos, esta professora dará por concluída esta tarefa e não mais se envolverá em nada semelhante, não enquanto o ME não respeitar verdadeiramente a minha profissão, com actos e não com palavras... até de defesa furiosa por parte da tutela, palavras que não passam de verbos de encher, de tão ocas que são!
Ora este relambório todo destina-se a enquadrar o orgulho que senti quando uma colega, colocada pela primeira vez nesta escola, mas que aqui foi aluna, exclamou, em plena reunião de departamento, "Nem parece que estou numa sala de aula! Parece que estou em casa!"; ou o orgulho que senti quando um colega, de novo colocado na E. B. 2/3 de Amarante, entrou na Sala de História e partilhou comigo o efeito, bom, que esta sala teve sobre a sua pessoa e como ele a achou airosa e luminosa e adequada ao fim a que se destina; ou ainda o orgulho que senti quando vários funcionários me deram os parabéns pelas alterações introduzidas numa sala que eles encontraram "espectacular", para usar as suas palavras, e que agora sai da caixa das restantes salas da E. B. 2/3 de Amarante... mas talvez não por muito tempo, assim o espero... porque gostaria, genuinamente, que as salas de aula da E. B. 2/3 de Amarante fossem melhoradas por uma simples razão - a miudagem merece e nós, seus professores, que igualmente as habitamos, também merecemos. E podia continuar...
Evidentemente, nunca se agrada a gregos e a troianos e a Sala de História não é coisa de que toda a gente goste... mas, claro está, este é um risco assumido por quem pretende intervir, e intervém!, no meio que o rodeia, tentando melhorá-lo... um bocadinho que seja.

Atenção, e volto a repetir - Se fosse hoje, depois do que a tutela nos fez durante o Verão passado, imperdoável a meu ver, a minha actuação jamais seria esta e a Sala de História só existiria, talvez!, em alguma obra de ficção científica.
(...)

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