sábado, 26 de setembro de 2020

Professora Feliz - A Cada Passo Mimo


Auto-Retrato - França
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Professora Feliz - A Cada Passo Mimo

Construir uma carreira de Professor, neste caso de Professora, dentro de uma cidade muito pequena como Amarante, onde todos ou quase todos - Alunos e Professores - nos continuamos a encontrar fisicamente, mesmo se já passaram décadas sobre o trabalho desenvolvido com aquela específica turma e sobre aquele trabalho com aqueles específicos alunos, neste caso vindos de um tempo de práticas lectivas ainda sem novas tecnologias, tem muito que se lhe diga. 

Sem acrescentar nada ao que devem ser as nossas práticas pedagógicas baseadas na lealdade, na confiança, na empatia, na verdade, na educação, no carinho, na compreensão, no afecto, no entusiasmo, mas também na firmeza, na exigência, no respeito, na responsabilidade, no profissionalismo, na correcção, na aceitação e incorporação da crítica, na correlação que deve existir sempre entre o verbo e o acto... e tudo o mais que faz da nossa profissão coisa tão, mas tão complexa, a verdade é que a cidade muito pequena faz com que muito mais amiúde, a cada esquina, a quase todas as horas do dia e da noite, nos deparemos com este e com esta, com aquela ou aquele que, um dia, se sentaram nas cadeiras das nossas salas de aula, povoando-as, humanizando-as. O que pode ser um "risco", para o bem ou para o mal.

Foi o caso de hoje, dia em que me cruzei com ex-aluna, hoje mais do que adulta mas que eu ainda vejo, pequenita mas muito senhora do seu nariz e de uma franqueza que eu amo, dentro da minha sala de aula, fila do meio, ao fundo da sala, do lado esquerdo na carteira, e que, ao cruzar-se comigo, acompanhada pela mãe, em plena rua, não deixou de me dizer qualquer coisa como "Estava agora mesmo a dizer à minha mãe que sempre gostei muito da professora..."

E eu, moldada pelas minhas afectuosas Professoras... os meus professores que me desculpem mas não entram nesta minha equação até eu sair do burgo e entrar na faculdade, muitas das quais se continuam a cruzar comigo pelas ruas de Amarante, e com quem eu continuo a trocar mimos, só posso ficar feliz com este carinho amiúde recebido e do qual me alimento para continuar numa profissão desgastante, difícil, exigente, complexa, frustrante, humilhante quantas vezes... e tudo o mais que ela é.

Assim, a história repete-se... há quem diga que não mas eu não concordo. A história repete-se, com outros protagonistas, noutras circunstâncias, em outros lugares, em outros tempos... mas o sumo e o sabor continuam exactamente os mesmos e são maravilhosos.

Muito grata, Aluna Minha! Pelo teu carinho que, passados todos estes anos, continua intacto.

2 comentários:

Bárbara Gonçalves disse...

Sempre tive a felicidade de ter professores que ajudaram a construir a pessoa que fui,que sou...
Cada um contribui para um bocadinho do meu ser,e muitos ainda hoje contribuem...
Sou feliz,dona do meu nariz e das minhas ideias...
OBRIGADA
E Gosto mesmo muito de si

Anabela Magalhães disse...

Eu tive também essa felicidade enquanto aluna - Eulália Macedo, Isabel Sardoeira, Maria José, Francisca Sousa, Emília Barros, Filomena Morais, Hermelinda Montenegro são nomes incontornáveis que contribuíram, muito, para o que hoje sou.
Como vês, a história repete-se... eheheh
Também te agradeço por teres opiniões desde sempre e as saberes defender.
E também eu gosto muito de ti. Fica bem, minha linda! Beijinhos

 
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